AGRICULTURA & PECUÁRIA
Conab sob fogo cruzado: compra de milho por locadora de veículos levantam suspeitas
Por Roberto Tomé
Uma nova controvérsia emerge envolvendo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Desta vez, a aquisição de milho da empresa ASR Locação de Veículos e Máquinas está no centro das atenções. Conforme publicado no Twitter pelo jornalista Cláudio Dantas, em dezembro, o presidente da Conab, Edegar Pretto, lançou um edital para a compra de 12,7 mil toneladas de milho, totalizando um contrato de R$ 19,8 milhões.
A ASR Locação de Veículos e Máquinas, que ganhou o contrato, não possui histórico de atuação no comércio de cereais. A empresa é uma das quatro suspeitas envolvidas no polêmico leilão de arroz, que foi recentemente anulado. Representada pela Bolsa de Mercadorias do Mato Grosso e pela corretora Focus, ambas pertencentes a Robson Luiz Almeida de França, a ASR foi à única concorrente no processo. França é ex-assessor de Neri Geller e sócio de seu filho Marcelo.
O edital foi assinado por Edegar Pretto e Thiago José dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab. Santos, um teólogo e ex-assessor de Geller desempenharam um papel crucial na assinatura. A compra das 12,7 mil toneladas de arroz foi solicitada pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regionais do governo da Bahia, e Santos destacou que essa era a primeira ação de um acordo de cooperação técnica para enfrentar a estiagem na Bahia. Este lote é parte de uma compra planejada de 500 mil toneladas.
A ASR Locação de Veículos e Máquinas, com sede em Brasília, é propriedade de Crispiniano Espíndola Wanderley, que possui ligação com Marcus Holanda, dono do PROS, e Laylson Augusto de Almeida Campos, ex-assessor do deputado distrital Chico Vigilante (PT). Esta associação com figuras políticas e a ausência de experiência no comércio de cereais levantam sérias dúvidas sobre a transparência e a idoneidade do processo.
Em junho, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) anunciaram a retomada da política de estoques públicos da Conab. No entanto, a recente anulação do leilão de arroz e a demissão de Neri Geller foram justificadas pelos ministros como medidas para revisar protocolos e evitar a participação de empresas “frágeis” ou “sem capacidade financeira”.
Quando questionado sobre quais seriam essas empresas, o ministro Paulo Teixeira respondeu de forma ríspida: “Não interessa!”. A resposta evasiva não agradou a muitos e pode suscitar maior interesse da Polícia Federal e do Ministério Público.
A situação levanta sérias questões sobre a integridade dos processos de compra da Conab e a possível influência de interesses políticos e empresariais. Já necessidade de uma investigação transparente e rigorosa é imperativa para garantir a confiança pública na gestão de recursos agrícolas essenciais para o país. Aguardamos os próximos desdobramentos deste, caso e as respostas das autoridades competentes.