ECONOMIA
Copom frustra Lula e mantém taxa de juros em 10,5% ao ano
Decisão interrompe série de cortes promovidos pelo comitê
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, na última quarta-feira (19), manter a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 10,5 ponto percentual. Com a medida, o comitê interrompe uma série de cortes promovidos na Selic.
A decisão foi por unanimidade e contrariou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a criticar mais uma vez o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Ao decidir pela manutenção, o Copom apontou que o “ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.
O comitê explicou ainda que em “relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado. A inflação cheia ao consumidor tem apresentado trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”.
Além disso, o Copom comentou os fatores de risco para a inflação. Entre os que poderiam gerar alta estão “uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado”.
Já nos fatos que poderiam gerar baixa inflação estão a “desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado”.
– Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 10,50% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego – destacou.
A taxa Selic é utilizada como referência para as taxas de juros de outras instituições financeiras no Brasil e para remuneração de investimentos.