Internacional
Síria enfrenta níveis recordes de necessidade humanitária em 13 anos de crise
Em sessão do Conselho de Segurança, representante da ONU alerta que insegurança alimentar atinge mais da metade dos sírios; economia em declínio e conflito contínuo agravam a situação; financiamento é insuficiente para suprir as necessidades essenciais de ajuda humanitária
A Síria está enfrentando os mais altos níveis de necessidade humanitária desde o início da crise de 13 anos. A situação continua a se deteriorar a cada mês que passa.
O alerta é do Diretor da Divisão de Coordenação do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ramesh Rajasingham. Ele falou ao Conselho de Segurança em nome do subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
Duas pessoas caminham pelos restos bombardeados da vila de Bara, no oeste da Síria.
Crise econômica e conflito
Em seu discurso, ele destacou os impactos de uma prolongada crise econômica e do conflito contínuo sobre a população síria. Relatórios do Banco Mundial indicam que a economia da Síria contraiu 1,2% no ano passado e deve encolher mais 1,5% este ano, exacerbando as condições de vida desesperadoras.
Segundo os dados apresentados por Rajasingham, quase 13 milhões de pessoas, ou mais da metade da população, já enfrentam altos níveis de insegurança alimentar aguda.
Entre essas, mais de 650 mil crianças menores de cinco anos mostram sinais de nanismo devido à desnutrição severa. Um terço de todas as crianças na Síria consome apenas dois ou menos grupos alimentares diariamente.
Financiamento humanitário
Apesar da necessidade crítica, o apelo humanitário da ONU para este ano permanece subfinanciado, com cerca de 13% dos US$ 48 bilhões necessários recebidos. Rajasingham enfatizou que este é o menor nível de financiamento entre os 10 maiores apelos humanitários globais.
Ele pediu que as promessas feitas na Conferência de Bruxelas sejam desembolsadas rapidamente para evitar um impacto catastrófico na população síria. O representante da ONU aponta que a provisão de água potável e serviços de saneamento foi interrompida, aumentando os riscos de saúde, e dezenas de instalações de saúde correm o risco de fechar, sem o recebimento de financiamento.
Ele adicionou que o Programa Mundial de Alimentos, PMA, que retomou as entregas de emergência após meses de suspensão por falta de recursos, pode ajudar apenas um terço dos 3,1 milhões de indivíduos com insegurança alimentar grave nos níveis de financiamento atuais.
Fronteiras
Rajasingham destacou o papel crítico das operações transfronteiriças da Turquia, que continuam sendo um sustento para milhões no noroeste da Síria.
A disponibilidade de cruzamentos como Bab al-Hawa, Bab al-Salam e Al-Ra’ee facilitou mais de 190 visitas de funcionários da ONU para monitoramento e avaliação de projetos humanitários, garantindo que a ajuda chegue a quem precisa.
Ele pediu o consentimento do governo sírio para estender o uso desses cruzamentos além de 13 de julho, enfatizando sua necessidade para a entrega de suprimentos essenciais. Rajasingham pediu respeito absoluto pelo direito humanitário internacional e recursos suficientes para que agências continuem fornecendo assistência crítica.
Ele concluiu reiterando que uma solução duradoura para a crise humanitária da Síria depende de uma resolução política, ecoando o apelo do enviado especial Geir Pedersen para que todas as partes se comprometam plenamente com o processo estabelecido na resolução 2254.