Internacional
Produção angolana pode se estabilizar em média 3,2% no médio prazo
País fechou 2023 com crescimento positivo de 0,9%; FMI cita depreciação da moeda e restrições de oferta como fatores que ditaram alta na inflação; período registrou queda na produção petrolífera e aumento nos pagamentos da dívida externa
A mais recente avaliação do Fundo Monetário Internacional, FMI, para Angola ressalta que o país continuou resiliente perante os desafios significativos em 2023, incluindo a queda na produção e nos preços de petróleo.
A instituição menciona esforços das autoridades para dar sequência às reformas econômicas iniciadas durante o Programa de Financiamento Ampliado implementado 2018 e 2021 que “ajudaram a aumentar a resiliência da economia angolana”.
Gestão fiscal e mobilização de receitas
As áreas que mais tiveram atenção das autoridades angolanas incluem gestão fiscal, mobilização de receitas, gestão da dívida, política monetária e estabilidade financeira.
De acordo com o relatório, publicado em Washington, o país tem capacidade suficiente para fazer reembolsos ao fundo, embora esteja sujeita a riscos.
O Fundo Monetário Internacional destaca ainda um crescimento positivo de 0,9% na produção angolana em 2023, graças à recuperação da extração de petróleo no quarto trimestre.
A expectativa é que o desempenho angolano se estabilize em uma média de 3,2% no médio prazo, apoiado pela contínua agenda de reforma estrutural e diversificação das autoridades.
Depreciação da moeda e restrições de oferta
A instituição internacional revelou que a inflação aumentou para seu nível mais alto nos últimos anos em Angola, devido à depreciação da moeda local, o Kuanza, e as restrições de oferta.
No entanto, espera-se uma queda no segundo semestre deste ano com o avanço da comunicação da política monetária e o enfraquecimento dos choques de oferta.
O FMI informou ainda que os ajustes de gastos ajudaram a economia angolana a conter o impacto as reduções dos preços do petróleo e da produção em 2023, embora os ganhos da consolidação fiscal tenham sido menores do que o previsto.
O déficit fiscal primário não petrolífero, estimado em 4,4% do PIB em 2024, deve diminuir de forma constante no médio prazo. Entre as razões para o desempenho estão a modesta melhora das receitas não petrolíferas, a baixa de despesas correntes e de capital e poupanças com a reforma dos subsídios aos combustíveis.
Para o FMI, a forte dependência da economia angolana em relação ao petróleo e a dimensão da dívida externa continuam representando riscos fiscais, mas as metas sob a Lei de Sustentabilidade Fiscal ainda devem ser alcançadas.
Queda significativa nos preços internacionais do petróleo
Os possíveis riscos para o crescimento incluem um declínio na produção doméstica de petróleo ou uma queda significativa nos preços internacionais do que é o principal produto de exportação angolana.
O FMI aponta ainda questões associadas à reforma dos subsídios aos combustíveis e as repercussões negativas dessas medidas nos mercados de capital internacionais.
A avaliação ressalta que a economia do país vem recuperando do choque de 2023, sendo que a perspectiva básica é favorável, “mas os riscos permanecem inclinados para o lado negativo”.
Angola foi simultaneamente atingida por um declínio na produção de petróleo e um aumento nos pagamentos da dívida externa em 2023.