Internacional
Polícia usa gás lacrimogêneo em protestos na Venezuela
Em um cenário de crescente tensão e indignação, as forças de segurança venezuelanas recorreram ao uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes que protestavam contra o anúncio da vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial de domingo. Na segunda-feira, milhares de cidadãos ocuparam as ruas de Caracas, clamando por “Liberdade, liberdade!” e afirmando que “este governo vai cair!”. A oposição, assim como diversos países ao redor do mundo, questionou a legitimidade dos resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Apesar da onda de protestos, o CNE confirmou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, com vigência até 2031. A resposta popular foi imediata e intensa: pelo menos duas estátuas de Hugo Chávez, o ícone socialista que liderou a Venezuela por mais de uma década e escolheu Maduro como seu sucessor, foi derrubado por manifestantes em diversas regiões do país. A Guarda Nacional, por sua vez, tentou dispersar os manifestantes utilizando gás lacrimogêneo e balas de borracha, numa tentativa de conter a revolta crescente.
Maduro, em pronunciamentos, rejeitou as críticas internacionais e as dúvidas sobre o resultado eleitoral, afirmando que a Venezuela está sendo alvo de uma tentativa de “golpe de estado” com características “fascistas e contrarrevolucionárias”. No entanto, a líder da oposição, Maria Corina Machado, afirmou que uma revisão dos registros de votação disponíveis até agora indica claramente que o verdadeiro vencedor deveria ser Edmundo Gonzalez Urrutia, que substituiu Machado na cédula eleitoral após ser barrada pelos tribunais alinhados a Maduro.
A eleição ocorreu em um ambiente de temor generalizado de fraude por parte do governo e uma campanha marcada por acusações de intimidação política. Pesquisadores e analistas previam uma vitória contundente para a oposição. No entanto, nas primeiras horas de segunda-feira, o CNE declarou que Maduro havia conquistado 51,2% dos votos, em comparação com 44,2% para Gonzalez Urrutia. Este resultado suscitou preocupações e pedidos por um processo eleitoral “transparente” por parte das Nações Unidas, Estados Unidos, União Européia e vários países da América Latina.
Os líderes da oposição venezuelana exigem transparência no processo eleitoral e condenam veementemente o resultado anunciado pelo CNE. A situação no país permanece tensa, com manifestações contínuas e um clamor popular por mudanças. A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos na Venezuela, preocupada com a estabilidade e o futuro democrático da nação.
Em meio a esse turbilhão de eventos, a Venezuela se encontra em um ponto crítico, onde a demanda por justiça e democracia colide com a força bruta e a repressão. O desfecho dessa crise ainda é incerto, mas a determinação do povo venezuelano em lutar por seus direitos e pela transparência eleitoral demonstra a resiliência de uma nação em busca de liberdade.