Saúde
Robôs não oferecem ganhos na reabilitação de AVC
Os robôs elevam os custos da fisioterapia, mas não surtem efeitos que os justifiquem
Fisioterapia com robôs
Diversos hospitais e clínicas estão anunciando serviços de fisioterapia e recuperação de movimentos para pacientes vítimas de acidente vascular cerebral usando robôs.
São serviços comercializados como sendo de “alta tecnologia”, geralmente com custos elevados para os pacientes.
No entanto, os estudos científicos feitos até agora sobre o tema – e foram mais de 90 deles – mostram que esses robôs não oferecem efeitos clinicamente significativos para os pacientes.
“Em países específicos como a China, o Japão e a Coreia do Sul, mas também na América do Norte e na Europa, os robôs de membros superiores são vistos cada vez mais como a solução para a falta de treino intensivo dos membros superiores. Mas a nossa investigação mostra que eles realmente precisam de ser repensados se quiserem contribuir significativamente para o pacote de cuidados que podemos oferecer,” disse o professor Gert Kwakkel, da Universidade de Amsterdã (Países Baixos).
Os pesquisadores analisaram 90 estudos científicos, com dados de mais de 4.000 pacientes que se reabilitaram após um acidente vascular cerebral com ou sem a ajuda de braços robóticos. Os resultados combinados mostram que, apesar de uma pequena melhoria de cerca de 3% na função muscular e do braço, isto não resulta em uma melhoria na destreza braço-mão.
Além disso, os custos de saúde sobem acentuadamente com a compra dos robôs, em comparação com o tratamento regular com um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional.
“Vimos que os robôs de braço evoluíram tremendamente ao longo do tempo, mas que, apesar das melhorias na tecnologia, eles não proporcionaram qualquer melhoria aos pacientes nas últimas duas décadas. Apesar do fato de os robôs estarem sendo cada vez mais utilizados, ainda não há evidências [de que eles surtam efeito]. Robôs que possam assumir completamente o controle das funções dos braços e das mãos, usando uma interface direta ou indiretamente controlada pelo cérebro, parecem ser mais promissores quando se trata de recuperar funções importantes, como agarrar e alcançar. No entanto, esses desenvolvimentos ainda estão na sua infância. Por enquanto, as pesquisas futuras no campo da robótica de reabilitação terão de se concentrar mais na melhor compreensão de como os pacientes com AVC aprendem a recuperar as suas capacidades,” concluiu Kwakkel.