Segurança Pública
Presa em operação na cracolândia é suplente de vereadora pelo PT
Uma operação realizada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) nesta terça-feira (6/8) contra o tráfico de drogas na Cracolândia resultou na prisão de Janaina da Conceição Cerqueira Xavier, de 44 anos. Janaina, que concorreu à Câmara Municipal pelo PT nas eleições de 2020 e ficou como suplente, é suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas na região central de São Paulo.
A ação, que visa combater a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Cracolândia, revelou que Janaina seria responsável por um hotel na Alameda Barão de Piracicaba, utilizado como ponto de venda de drogas. Conforme o MPSP, a prisão de Janaina foi requerida com a de outras seis pessoas, todas supostamente integrantes do PCC e envolvidas no tráfico de drogas na área.
Segundo o pedido de prisão, Janaina seria parceira de Mardel Vidal da Silva, conhecido como “Barra Funda”, na operação do hotel. Durante a investigação, foram interceptadas mensagens de WhatsApp nas quais Janaina descrevia o cotidiano na Favela do Moinho, localizada próxima à Cracolândia. Para os promotores, essas mensagens forneciam informações que auxiliavam o tráfico de drogas.
“Consoante elementos extraídos nas interceptações e confirmados pelo depoimento das testemunhas protegidas, os hotéis foram comprados e pertencem à família Moja, família que teria como líder o membro do PCC Leonardo Monteiro Moja, conhecido como ‘Leo do Moinho’, chefe do tráfico de drogas ocorrido no interior dos hotéis e ‘dono’ da Favela do Moinho”, afirmou o MPSP em seu relatório.
Janaina se candidatou ao cargo de vereadora pelo PT em 2020, com uma campanha financiada na maioria por recursos do fundo partidário da legenda, provenientes do diretório do partido e da campanha do candidato a prefeito do PT naquele ano, Jilmar Tatto. Durante o registro de sua candidatura, ela apresentou um atestado de antecedentes criminais sem registros de condenação.
No entanto, a representação feita pelo MPSP revelou que Janaina já havia sido levada à delegacia anteriormente por crimes de furto, estelionato e lesão corporal. Essas informações levantam questões sobre os critérios de seleção e verificação dos candidatos dentro do partido.
Em nota, o diretório municipal do PT afirmou que “Janaína nunca teve atividade no PT”. “Ela se filiou no dia 25 de abril de 2019 para concorrer no ano seguinte à vereadora, como representante da população em situação de rua, recebeu 238 votos e nunca mais participou de atividades partidárias”, declarou o partido. A nota também destacou que “na época da filiação, não havia qualquer processo contra ela. O PT defende as investigações que os culpados sejam punidos conforme a lei”.
A prisão de Janaina Xavier é um episódio que lança luz sobre a complexa situação da Cracolândia, uma área de São Paulo notória pelo consumo e tráfico de drogas. A operação do MPSP e as prisões realizadas destacam os esforços das autoridades para combater o crime organizado na região, embora também levantem questões sobre a infiltração de indivíduos ligados ao crime em processos eleitorais e partidários.
O caso de Janaina, em particular, pode ter repercussões significativas para o PT, especialmente em um momento em que a credibilidade dos partidos políticos e a integridade dos candidatos estão sob constante escrutínio público. A declaração do partido reflete uma tentativa de distanciamento e de reafirmação do compromisso com a legalidade e a justiça.
A operação na Cracolândia e a prisão de Janaina da Conceição Cerqueira Xavier mostram a complexidade e os desafios do combate ao tráfico de drogas em São Paulo. Além de revelar a participação de indivíduos ligados ao crime em atividades eleitorais, o caso ressalta a importância de uma verificação rigorosa dos antecedentes dos candidatos e a necessidade de transparência e seriedade nos processos de filiação partidária. A sociedade e as autoridades continuarão acompanhando de perto o desenrolar das investigações e o impacto desse caso na política local.