ECONOMIA
Conjuntura econômica já admite alta de juros neste ano
Em junho, o volume de serviços no Brasil avançou 1,7%, em comparação a maio, alcançando um pico histórico desde o início da série, em 2012. Agora, o setor está 0,5% acima do máximo anterior, registrado em dezembro de 2022, e já supera em mais de 14% o nível pré-pandemia. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o setor cresceu 1,3%.
Aqui é relevante destacar que as cinco principais atividades apresentaram crescimento no mês: transportes (1,8%), serviços prestados à família (0,3%), serviços profissionais e administrativos (1,3%), outros serviços (1,6%) e informação e comunicação (2%), dados esses divulgados pelo IBGE na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). A receita nominal também apontou altas: de 2,7%, na comparação com maio deste ano; 6,3%, em relação a junho de 2023; 5,8%, no acumulado de 2024; e 4,9%, no acumulado de 12 meses, indicando desempenho forte.
Esses números seguem na esteira de um aumento de 0,38% do IPCA em julho. O índice acumula, em 12 meses, uma expansão de 4,5%, muito próximo do teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central (Bacen) para este ano. A previsão do mercado era de um aumento mensal de 0,35%.
Para completar o cenário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica pode revisar a projeção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, superando os 2,5% atualmente estimados. E o mercado de trabalho também segue nessa direção: a taxa de desemprego no País caiu para 6,9% no trimestre abril/junho, menor resultado em dez anos. A população ocupada atingiu um recorde de 101,8 milhões de pessoas no período, segundo o IBGE.
Todas essas informações são cristalinas. Diante da economia brasileira em ritmo acelerado, a pressão inflacionária voltou a preocupar o mercado. A combinação de um ciclo de redução de juros com uma política fiscal expansionista — mesmo com o aumento das receitas, o déficit das contas públicas, no primeiro semestre, foi de R$ 68,7 bilhões, o pior resultado para o período desde 2020 —, já começa a sinalizar um possível superaquecimento econômico.
O próprio diretor de Política Monetária do Bacen, Gabriel Galípolo, considerado um forte candidato a ser o próximo presidente da instituição no próximo ano, afirmou que uma elevação da Selic, a taxa básica de juros, “está na mesa”. Segundo ele, esse aumento dependerá de diversas variáveis. Além disso, a ata da última reunião do Copom já admite a possibilidade de novas altas de juros, considerando os últimos dados e a ausência de um compromisso fiscal mais firme por parte do governo.
Gestores de mercado, inclusive, começam a apostar em um retorno do ciclo de alta das taxas ainda em 2024, conjuntura descartada até algumas semanas atrás. As próximas apurações serão decisivas para definir o rumo da política monetária. Mas uma certeza, ao menos, já temos: reduções nos juros não devem ocorrer tão cedo.