Internacional
Pacto do Futuro é muito importante para São Tomé e Príncipe, diz representante da ONU
Chefe do Sistema das Nações Unidas aponta biodiversidade e transição enérgica como grandes prioridades para apoiar avanço da economia do país lusófono; cooperação multilateral proposta na ação da Cúpula do Futuro deverá fazer a diferença para o arquipélago, segundo Eric Overvest
São Tomé e Príncipe prioriza áreas como biodiversidade e transição energética para alargar as opções de desenvolvimento e as capacidades locais para enfrentar as vulnerabilidades.
Falando à ONU News, de São Tomé, o coordenador residente das Nações Unidas no país, Eric Overvest, declarou que a caminho da Cúpula do Futuro há clareza sobre as áreas de fragilidade que devem ser atendidas para melhorar a situação econômica do arquipélago.
Consultas sobre reunião global
“Vulnerabilidades ambientais com as mudanças climáticas que impactam setores-chave da economia, como por exemplo a agricultura e as zonas costeiras. Vulnerabilidade econômica com a dívida grande e a dependência de poucos produtos de exportação. O tamanho da economia é pequeno e há dependência de importações de combustíveis e de produtos alimentares. Temos ainda a vulnerabilidade social, porque a pandemia da Covid-19 e a guerra entre a Ucrânia e a Rússia exacerbaram as vulnerabilidades sociais, sobretudo, devido às taxas de infecção muito altas.”
Uma das metas para impulsionar o investimento dm São Tomé e Príncipe é empoderar jovens e mulheres
Este ano, consultas sobre a Cúpula do Futuro envolveram jovens de São Tomé e Príncipe que identificaram o potencial da diversidade biológica. A grande reunião de líderes globais que está agendada para setembro, em Nova Iorque, pretende redefinir o rumo para melhorar o presente e promover segurança no futuro.
“Os setores de crescimento estão todos ligados à biodiversidade com o ecoturismo e as exportações de cacau, da baunilha e do óleo de palma. São produtos certificados como biológicos e ecológicos. É a única maneira de um pequeno país como São Tomé e Príncipe ter competitividade no mercado internacional.”
Para a ONU, a cúpula de líderes é uma oportunidade para reconstruir a confiança e mostrar o poder da colaboração internacional no enfrentamento dos desafios atuais e emergentes.
Soluções para novos desafios
A proposta do Pacto para o Futuro, a ser validadas na cúpula, prevê confirmar a visão da Carta da ONU, renovar o multilateralismo, impulsionar a implementação de compromissos já existentes, acordar soluções para novos desafios e restaurar a confiança.
Para Eric Overvest, mesmo lidando com questões como alterações de clima, peso da dívida e dependência do exterior ainda há espaço na realidade são-tomense para promover a inovação e ação em novas áreas.
“São Tomé e Príncipe está a avançar neste processo, mesmo com recursos nacionais limitados, pois estando alinhado ao Acordo de Paris e ao Plano de Contribuições Nacionalmente Determinadas, o país quer que 50% da matriz energética seja composta pelas energias renováveis até 2030. No entanto, o país já espera alcançar 40% da energia renovável até o final do próximo ano e, possivelmente, superar a meta de 50% antes de 2030. Este é um feito significativo considerando que São Tomé e Príncipe com a sua biodiversidade é um sumidouro de carbono.”
Overvest indicou que uma das metas para impulsionar o investimento dm São Tomé e Príncipe é empoderar jovens e mulheres.
Qualidade de educação e transformação digital
O representante explicou que muitos são-tomenses de gerações mais novas têm optado por migrar para outros destinos. Um dos fatores que incentivou o fenômeno foi o Acordo de Mobilidade de países lusófonos.
A ONU em São Tomé e Príncipe tenta envolver este grupo etário na melhora da qualidade de educação e transformação digital. Uma rede da juventude foi incluída nas consultas sobre o Pacto do Futuro e para falar de novos investimentos.
O coordenador do Sistema da ONU também defendeu a inclusão de gênero em terras são-tomenses. Ele ressaltou que o país já sente os efeitos positivos da lei de paridade prevendo 40% de representação do grupo nas instituições políticas e no governo.