Internacional
Chefe da ONU exige fim imediato de restrições contra mulheres no Afeganistão e reabertura de escolas
Em reunião de alto nível na ONU, o secretário-geral condenou restrições que eliminam as mulheres afegãs da vida pública; António Guterres pediu que as autoridades de facto reabram escolas e universidades, ressaltando a urgência de remover todas as medidas discriminatórias
Com o decreto de leis que “apagam as mulheres e meninas afegãs da vida pública”, o secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu que as autoridades de facto removam todas as restrições discriminatórias imediatamente e reabram escolas e universidades.
Em meio a uma das semanas mais agitadas na sede da ONU em Nova Iorque, o chefe das Nações Unidas participou nesta segunda-feira de uma reunião de alto nível sobre a situação das mulheres no Afeganistão. O evento também teve a participação da subsecretária-geral para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, e da atriz Meryl Streep.
Sistema de opressão
Guterres declarou que a ONU continua a engajar com grupos de mulheres e meninas no Afeganistão para preservar o espaço que elas operam e para servir como um canal de diálogo com as autoridades de facto.
Ele afirmou que as mulheres afegãs demonstram uma “coragem extraordinária ao exigir e buscar seus direitos, administrando negócios em condições difíceis, fornecendo ajuda humanitária e em campanhas on-line”.
O secretário-geral adicionou que não se deve permitir que a discriminação baseada em gênero seja normalizada em qualquer lugar do mundo. Para ele, o que está acontecendo no Afeganistão pode ser comparado a alguns dos sistemas de opressão mais flagrantes da história recente.
Agravamento contínuo
O evento foi promovido pelas Missões Permanentes da Irlanda, Indonésia, Suíça e Qatar junto à ONU em parceria com o Fórum de Mulheres sobre o Afeganistão. Em nota sobre a sessão, os organizadores declaram que elas estão “ficando cada vez mais fora de vista, tanto dentro quanto fora do país, enquanto sua situação continua a piorar”.
Elas continuam banidas da educação e do emprego, com inúmeras restrições ao seu movimento e à sua participação na vida pública, política e econômica, incluindo a mais recente restrição ao uso da voz em público, com o objetivo de silenciá-las completamente e apagá-las da esfera pública.
A promoção do desenvolvimento sustentável e da paz no Afeganistão não será bem-sucedida sem a participação plena das mulheres. Esse evento de alto nível oferece uma plataforma para uma discussão sobre como garantir a participação das afegãs como líderes no futuro de seu país.
Debate aberto
O evento apresentará uma versão curta de um novo documentário – The Sharp Edge of Peace – sobre a participação de quatro mulheres líderes afegãs nas negociações de Doha antes da tomada do poder pelo Talibã, apresentado pela atriz Meryl Streep.
A exibição será seguida por um painel de discussão interativo, incluindo mulheres que participaram das negociações intra-afegãs em 2020 e as que estão atualmente engajadas no Afeganistão.
Na sessão a ser moderada pela ex-ministra das Relações Exteriores da Suécia, Margot Wallstrom haverá intervenções de alto nível no plenário.