Internacional
O desafio de Kamala Harris nas pesquisas eleitorais: um crescimento limitado e a pressão das urnas
Neste domingo, duas novas pesquisas nacionais ganharam destaque na corrida eleitoral dos Estados Unidos: uma da NBC News e outra da CBS News. Ambas apontam a vice-presidente Kamala Harris à frente de Donald Trump na disputa pela presidência. Entretanto, um ponto de preocupação tem emergido: o crescimento de Harris nas pesquisas tem sido modesto, o que acendem alerta dentro de sua campanha.
Segundo análise detalhada publicada pelo site Político, Kamala Harris teve um aumento médio de apenas um ponto percentual desde o primeiro debate presidencial, um desempenho abaixo do esperado. Embora muitos analistas tenham considerado que Harris teve um bom desempenho contra Trump no debate, o impacto nas intenções de voto foi mínimo. Esse ganho discreto em popularidade pode ser um sinal de que, apesar da percepção pública de que ela “venceu” o debate, seu apelo entre os eleitores ainda enfrenta resistência.
Mais preocupante é o resultado da pesquisa Sun Belt, que mostra Harris cinco pontos atrás de Trump, refletindo uma disparidade nas intenções de voto em estados-chave. Como bem resumiria o próprio Trump, “Not Good.”
O renomado analista Nate Cohn, responsável pelas pesquisas do The New York Times, corroborou essa percepção. Ele destacou que o ganho de Harris após o primeiro debate foi o menor para um vencedor de consenso em toda a história dos debates presidenciais deste século. “Na verdade, é o menor salto para o vencedor percebido do primeiro debate presidencial até agora neste século,” afirmou Cohn. Ele ainda comparou o desempenho de Harris com o de figuras como George W. Bush, John Kerry, Barack Obama, Mitt Romney, Hillary Clinton e o próprio Joe Biden, que obtiveram ganhos de pelo menos dois pontos percentuais em pesquisas após seus debates inaugurais.
Essa análise ressalta um ponto crucial: Kamala Harris enfrentou um dos piores desempenhos pós-debate em termos de crescimento nas pesquisas, apesar de ter sido amplamente considerada vencedora. A expectativa era de que o confronto com Trump fosse um catalisador mais forte para seu crescimento.
Contudo, as pesquisas sempre permitem diferentes interpretações. Uma análise interessante do Washington Post lança uma nova luz sobre os números. Mesmo entre eleitores que afirmam votar em Trump, uma parte significativa acredita que Kamala Harris vencerá a eleição. Um levantamento da AP-Norc aponta que 38% dos eleitores acreditam na vitória de Harris, contra 28% que preveem uma vitória de Trump. De maneira semelhante, a pesquisa da YouGov também mostra uma vantagem de dois dígitos para Harris, com 42% acreditando que ela sairá vitoriosa, em comparação com 32% para Trump.
Por que isso é importante? Esse tipo de resposta sugere que os eleitores estão levando em consideração não apenas sua própria intenção de voto, mas também a percepção de como seus conhecidos, vizinhos e comunidades mais amplas podem votar. Esse fenômeno, conhecido como “sabedoria das multidões”, pode refletir uma visão mais precisa sobre o resultado.
Enquanto isso, no Congresso, os republicanos da Câmara dos Representantes, liderados por Mark Johnson (um equivalente ao presidente da Câmara dos EUA), estão em pleno movimento para evitar uma paralisação do governo antes da eleição. Johnson anunciou uma proposta de financiamento para manter o governo funcionando até dezembro, desafiando a ordem de Trump, que vinculava o financiamento a uma nova legislação exigindo prova de cidadania para votar em eleições federais.
Essa tática de Trump visa, claramente, preparar o terreno para alegações de fraude eleitoral, caso ele perca a eleição. A estratégia se baseia na retórica de que imigrantes ilegais estariam votando nas eleições, uma acusação que ignora que a lei americana já proíbe imigrantes não documentados de votar.
Em meio a essa disputa acirrada, Kamala Harris parece estar ajustando sua estratégia, agora demonstrando apoio aos bitcoins. Este movimento pode ser uma tentativa de conquistar o voto de jovens do sexo masculino, um grupo demográfico importante nas eleições. O apoio aos bitcoins tem ressonado com eleitores que veem nas criptomoedas uma alternativa ao sistema financeiro tradicional.
No agregado das pesquisas, Harris continua à frente de Trump, embora por uma margem apertada. Segundo a média calculada pelo RealClearPolitics, Harris lidera com 2,2 pontos de vantagem sobre Trump, um ligeiro aumento de 0,3 pontos em relação à semana anterior. Já na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight, Harris está três pontos à frente, um avanço de um ponto.
No entanto, esses números, ainda que favoráveis para Harris indiquem uma corrida bastante apertada. O pequeno crescimento após o debate mostra que a disputa presidencial permanece indefinida que ambos os candidatos precisam continuar investindo fortemente em suas campanhas para garantir a vitória.
Kamala Harris enfrenta um cenário desafiador. Embora as pesquisas apontem sua liderança sobre Trump, o crescimento limitado após o debate e os resultados em estados decisivos sugere que nada está garantido. Com a eleição se aproximando, Harris precisará fortalecer sua conexão com os eleitores, especialmente em áreas onde seu desempenho ainda é fraco. A disputa pela presidência dos Estados Unidos segue imprevisível e emocionante, e cada movimento estratégico de ambos os candidatos pode ser decisivo na final.