Internacional
Escritório da ONU quer investigação sobre ataque israelense que matou 22 civis no Líbano
Entidade pede apuração rápida, independente e completa; entre as vítimas de incidente num prédio residencial de quatro andares estariam 12 mulheres e duas crianças; Acnur confirma deslocamento de 1,2 milhão de pessoas devido aos ataques aéreos
O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas exigiu nesta terça-feira que seja feita uma “investigação rápida, independente e completa” sobre um ataque israelense que na segunda-feira matou 22 civis na vila libanesa de Aito, no norte.
Em declarações a jornalistas, em Genebra, o porta-voz, Jeremy Laurence, citou relatos de que 12 mulheres e duas crianças estariam entre as vítimas do ataque a um prédio residencial de quatro andares.
Leis da guerra
Ele defendeu que esses fatores requerem uma investigação rápida, independente e completa em meio à preocupação com questões como leis da guerra, além dos princípios de distinção, proporção e proporcionalidade.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, revelou que a piora da crise com a intensificação dos ataques aéreos israelenses no Líbano já deslocou 1,2 milhão de pessoas.
Especialistas testemunharam a destruição, o medo e a confusão das pessoas que fogem do Líbano
Os dados confirmados pelo Governo do Líbano ilustram como a propagação dos ataques tem um impacto cada vez mais arrasador sobre os civis no país, levando mais pessoas a fugir para o país vizinho, a Síria.
Com o número de deslocados aumentando a cada dia, pelo menos 20 aldeias no sul do Líbano receberam ordens de evacuação na segunda-feira. Um quarto do território libanês está agora sob ordens de evacuação militar israelense.
Dificuldades para encontrar abrigo
O Acnur alerta que muitas famílias fogem para espaços públicos abertos em desespero para escapar das bombas, mas enfrentam dificuldades para encontrar abrigo.
Vários sírios, que antes buscavam segurança ao fugir para salvar suas vidas no Líbano, compõem 70% das 283 mil pessoas que cruzaram a fronteira do Líbano. A proporção restante é de libaneses e cidadãos de outras nacionalidades.
A agência destaca que famílias estão “vivendo em circunstâncias perigosas” e que a piora do conflito agrava os efeitos psicológicos na população, particularmente entre crianças e jovens.
Governo e parceiros da sociedade civil atuam 24 horas por dia para responder às necessidades de deslocados
Uma declaração conjunta do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA, ressalta que é preciso dar resposta humanitária urgente às vítimas.
Futuro incerto com país sob fogo
Três dias de uma avaliação ao Líbano permitiram que especialistas das duas agências pudessem testemunhar a destruição, o medo e a confusão das pessoas para as quais o futuro permanece incerto com seu país sob fogo.
A nota sublinha que “a guerra que o mundo queria evitar no Líbano está acontecendo agora e já desencadeou uma catástrofe”.
Na visita a abrigos e acampamentos informais de tendas houve contato com afetados, autoridades governamentais e parceiros da sociedade civil que atuam 24 horas por dia para responder às necessidades.
As agências dizem ter acompanhado relatos individuais de deslocamento forçado e múltiplos obstáculos, incluindo desafios no posto de controle de Masnaa. A via é usada por centenas de milhares de pessoas que cruzam para a Síria.
O comunicado indica ainda que quase todas as crianças no Líbano sofreram efeitos dos ataques de alguma forma seja como vítimas de bombardeios ou pela perda de entes queridos, casas, educação ou pela incerteza com a iminente piora da pobreza.