Nacional
Lula e 27 ministros retornam ao X após desbloqueio: Entenda o cenário
Após uma série de tensões e debates sobre a rede social X (antigo Twitter), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 27 dos 38 ministros de seu governo voltaram a utilizar a plataforma, agora sob propriedade do bilionário Elon Musk. O retorno ocorreu após o desbloqueio autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 9 de outubro de 2024, quando a rede social foi liberada mediante o pagamento de multas que totalizavam R$ 28,6 milhões, devido ao descumprimento de ordens judiciais anteriores. O parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) também foi favorável à retomada.
Apesar do retorno à plataforma, o presidente Lula mantém uma postura crítica em relação a Elon Musk, afirmando que o empresário deve respeitar as normas brasileiras. Em sua primeira publicação após o desbloqueio, Lula foi direto: “Aqui é Brasil”, marcando o tom de seu retorno à rede social. É importante lembrar que as tensões entre o governo brasileiro e o magnata norte-americano vêm se desenrolando desde que Musk adquiriu o Twitter e o rebatizou como X, especialmente pela postura permissiva da plataforma em relação a discursos extremistas e conteúdos que, no Brasil, violam decisões judiciais.
Dos 38 ministros do governo Lula, 27 já retomaram suas atividades no X. Entre os que voltaram a postar na rede social estão figuras-chave do governo, como o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. No entanto, ainda há sete ministros que, até o momento, não publicaram nenhuma mensagem desde o desbloqueio. Entre eles estão:
- André de Paula (Pesca),
- Camilo Santana (Educação),
- Luiz Marinho (Trabalho),
- Margareth Menezes (Cultura),
- Marina Silva (Meio Ambiente),
- Vinicius de Carvalho (Controladoria Geral da União),
- Waldez Góes (Integração Nacional).
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, também não fez uso da plataforma desde sua retomada.
Simone Tebet, ministra do Planejamento, foi uma exceção curiosa. Embora não tenha publicado diretamente, retuitou uma postagem oficial do Ministério do Planejamento. A ministra mantém, assim, uma presença limitada no X, sem emitir opiniões ou declarações próprias.
Curiosamente, quatro ministros do governo Lula não possuem perfis ativos no X, evidenciando uma escolha deliberada de não participarem da rede social. São eles:
- Ricardo Lewandowski (Justiça),
- Mauro Vieira (Relações Exteriores),
- José Múcio (Defesa),
- General Amaro.
Essa ausência reflete, em parte, o desinteresse ou cautela de determinados ministros em aderir ao ambiente instável e, muitas vezes, tóxico das redes sociais, especialmente após o controle de Musk.
A plataforma X havia sido bloqueada no Brasil por decisão de Alexandre de Moraes em 30 de agosto de 2024. A determinação foi baseada no descumprimento de diversas ordens judiciais pela rede social, incluindo a remoção de conteúdos considerados prejudiciais à segurança pública e ao respeito às decisões do Judiciário brasileiro. A decisão foi mantida pela 1ª Turma do STF em 2 de setembro, por unanimidade.
O impasse só foi resolvido com o pagamento das multas pendentes por parte da empresa de Musk, que totalizavam R$ 28,6 milhões. Esse pagamento foi um dos fatores determinantes para o desbloqueio da plataforma no Brasil. Além disso, o parecer favorável da PGR reforçou a liberação da rede.
O retorno de Lula e de grande parte de seus ministros à plataforma X mostra que, apesar das críticas e tensões com o bilionário Elon Musk, a rede social ainda é uma ferramenta estratégica de comunicação política. O ambiente, porém, continua sendo desafiador, com muitos atores do governo escolhendo se manter distantes ou, no mínimo, cautelosos em relação à rede social.
A decisão de alguns ministros de se manterem afastados, ou de usar a plataforma de forma limitada, pode refletir a preocupação com o impacto de suas postagens em um ambiente digital volátil. Enquanto isso, o presidente Lula segue utilizando a rede para fortalecer sua base de apoio e comunicar suas ações diretamente ao público, mantendo, ao mesmo tempo, suas críticas ao controle da plataforma por Musk.
O futuro do X no Brasil, sob o comando de Elon Musk, ainda é incerto. A rede social enfrenta desafios tanto no campo jurídico quanto no cenário político, e o governo brasileiro permanece atento ao cumprimento das normas nacionais por parte da plataforma.