Internacional
Hortas florestais restauram terras e esperanças na África Subsaariana
Projeto reconhecido pela ONU como Referência da Restauração Mundial apoia região que combate a desertificação; iniciativa apoiou 50 mil famílias no Quênia, Mali, Senegal, Tanzânia e Uganda desde 2014; objetivo é restaurar 2.290 quilômetros quadrados até 2030
A criação de hortas florestais na África Subsaariana está gradualmente ajudando a diversificar as fontes de alimentos e renda, tornando as famílias mais resilientes e combatendo a degradação da terra na região.
A iniciativa da organização sem fins lucrativos Trees for the Future, conhecida como Trees, foi recentemente designada como Referência da Restauração Mundial pelas Nações Unidas.
“Oásis verde”
As hortas florestais são projetadas para fornecer às famílias um suprimento de frutas, vegetais e outros recursos durante todo o ano, incluindo madeira e lenha, para uso próprio e para venda.
Jeandarque Sambou é uma das beneficiadas e afirmou que toda vez que entra em sua horta no centro do Senegal, uma região que luta contra a desertificação, a visão deste “oásis verde dá um impulso ao seu espírito”.
Nos canteiros de seu jardim bem-organizado, Sambou cultiva vegetais, incluindo repolho, batata e cebola, bem como hibisco, uma flor vermelha amplamente usada na África Ocidental para dar sabor a geleias e bebidas.
Ela afirmou que “cuida horta como cuido dos próprios filhos”, pois o local fornece tudo que a família precisa e funciona como um seguro frente às incerteza que o futuro traz.
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Combatendo a desertificação
A degradação da terra afeta comunidades em toda a África Subsaariana. Como consequência da também conhecida como desertificação, a queda da fertilidade do solo está prejudicando o rendimento das colheitas e os meios de subsistência, bem como a capacidade dos países de alimentar as populações em rápido crescimento.
O modelo de horta florestal da Trees combina agrossilvicultura, ou seja, a incorporação de árvores e arbustos em sistemas agrícolas, com práticas de cultivo sustentáveis.
O objetivo é aumentar a fertilidade do solo e a produtividade dos pequenos agricultores. Especialistas defendem que isso é crucial para combater a pobreza e ajudar as comunidades a se tornarem mais resilientes aos impactos das mudanças climáticas, incluindo secas, inundações e tempestades.
50 mil famílias apoiadas
Durante um período de quatro anos, as famílias que participam do programa da Trees recebem treinamento, sementes e ferramentas para ajudá-las a estabelecer hortas florestais em seus pequenos lotes de terra.
A organização informou que desde 2014 apoiou 50 mil famílias no Quênia, Mali, Senegal, Tanzânia e Uganda.
Após ser contemplada como Iniciativa de Referência da Restauração Mundial, a Trees será elegível para receber apoio técnico e financeiro da ONU. A instituição disse que pretende restaurar 2.290 quilômetros quadrados até 2030.
Como as árvores removem o dióxido de carbono do ar, a iniciativa também deve capturar 80 milhões de toneladas métricas do gás de efeito estufa ao longo de 20 anos.
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Prevenção da migração
A diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, disse que iniciativas como a da Trees estão desempenhando um papel importante na reversão de décadas de degradação do ecossistema, especialmente no Sahel.
Inger Andersen adicionou que o projeto contribui para “reduzir a desertificação, aumentando a resiliência climática e melhorando o bem-estar dos agricultores e suas comunidades”.
De acordo com a coordenadora regional da Trees, Fatoumata Diehiou, a iniciativa também está ajudando a conter a migração de jovens das comunidades rurais do Senegal. Segundo ela, alguém que encontra trabalho em sua própria região ou país, não irá para outro lugar.