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Operação da PF Gera Polêmica: Deputado Gustavo Gayer Critica STF e Alega Interferência Eleitoral
Deputado federal foi alvo de busca e apreensão, na manhã desta sexta-feira (25), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes
Na manhã de sexta-feira (25/10), o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), conhecido defensor de pautas conservadoras e aliado de Jair Bolsonaro, foi surpreendido por uma operação da Polícia Federal (PF) em sua residência em Goiânia. Sob coordenação do Supremo Tribunal Federal (STF) e ordem do ministro Alexandre de Moraes, a PF apreendeu celulares, HDs e outros dispositivos do parlamentar e de alguns assessores, alegando investigação sobre supostos desvios de verbas e falsificação de documentos. Gayer, no entanto, denuncia a ação como um caso claro de retaliação política, argumentando que o objetivo real é afetar a campanha do candidato à prefeitura de Goiânia que apoia, Fred Rodrigues (PL).
Logo após a operação, Gayer compartilhou nas redes sociais um vídeo em que manifesta sua indignação e acusações contra o STF e o ministro Moraes. “Eu disse à PF que estava aqui. Não posso acreditar que essa corporação, que tanto admiramos e defendemos, virou jagunço de um ditador. Esse é o Brasil que estamos vivendo agora”, declarou o deputado, expressando profunda preocupação com o que vê como uma distorção das instituições e perseguição aos representantes da direita. Ele ressaltou ainda o impacto dessa ação policial no contexto eleitoral, questionando o que chama de uma “estratégia orquestrada para silenciar e intimidar lideranças conservadoras.”
Denominada “Discalculia”, a operação visa combater um esquema que, segundo a PF, envolve desvio de verbas parlamentares e a criação de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) fraudulentas. Documentos apresentados nas investigações apontam uma suposta manipulação de datas e falsificação de atas, com registros cronológicos suspeitos que remontam a 2003 e indica que membros da organização eram crianças à época, o que seria um indício de fraude.
A operação contou com 60 agentes da PF que executaram 19 mandados de busca e apreensão em diversas localidades, incluindo Brasília, Cidade Ocidental, Valparaíso de Goiás e Aparecida de Goiânia. Além da apreensão de dispositivos e documentos, a PF ressaltou que os itens apreendidos seguem em análise rigorosa para fortalecer as acusações de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documentos e peculato.
Para Gustavo Gayer, o momento da operação não é coincidência, mas sim parte de uma tentativa de desestabilizar seu apoio ao candidato Fred Rodrigues, que concorre à prefeitura de Goiânia e enfrenta acusações de falsidade ideológica. A apenas dois dias do segundo turno, o deputado questionou a motivação da ação judicial e classificou o caso como mais uma evidência de uma “democracia relativa, que está custando caro ao país.”
Essa percepção não é isolada. Entre analistas e observadores políticos, operações judiciais e policiais em períodos eleitorais são vistas com cautela, pois, segundo críticos, elas podem influenciar o processo democrático e interferir na percepção pública. Em contrapartida, alguns juristas defendem que o STF e a PF seguem um protocolo legal e necessário no combate à corrupção e aos abusos no uso de verbas públicas.
Alexandre de Moraes tem liderado investigações em casos considerados “antidemocráticos” e ligados a desinformação e corrupção. No entanto, o ministro é alvo frequente de críticas de apoiadores de Bolsonaro e outros líderes de direita, que o acusam de adotar uma postura autoritária e punitiva contra vozes opositoras. Gayer soma-se a esse grupo, argumentando que Moraes está extrapolando as fronteiras do poder judiciário e impondo uma “caça as bruxas” a quem escolhe posições políticas conservadoras ou desafiadoras ao governo atual.
Essa postura do STF e do ministro Moraes, embora respaldada pela autoridade judicial, tem levantado debates sobre o papel das instituições e os limites da atuação do Judiciário no cenário político brasileiro. Gayer e seus aliados veem na operação uma tentativa clara de enfraquecer a oposição e restringir o direito ao contraditório, o que, para eles, representa um passo perigoso rumo a uma judicialização excessiva da política.
A operação Discalculia se desenrola num momento sensível, com tensão crescente entre o Judiciário e setores específicos da política. Nas redes sociais, apoiadores de Gayer e eleitores de Fred Rodrigues já se mobilizam, apontando para o que classificam como uma perseguição explícita da PF e do STF. Entre esses eleitores, o entendimento comum é de que o momento da operação e as acusações são tentativas de minar a direita em Goiás.
Essa situação adiciona ainda mais tensão ao cenário eleitoral, e os desdobramentos dessa operação poderão influenciar os rumos da eleição em Goiânia e fortalecer a narrativa de perseguição política entre eleitores de direita. O debate sobre segurança jurídica e a neutralidade das instituições permanece intenso, e o Brasil aguarda ansioso para entender como essa operação impactará a política nacional e o processo democrático, que continua em teste com cada novo episódio de judicialização.
As investigações da operação Discalculia continuam, e o resultado desse embate entre Judiciário e figuras conservadoras promete deixar marcas profundas na política e nas instituições democráticas do Brasil.