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Votos em branco e nulos no 2º turno em João Pessoa e Campina Grande: retrato de insatisfação eleitoral
No segundo turno das Eleições 2024, os votos em branco e nulos em João Pessoa e Campina Grande voltaram a aparecer com força, sinalizando uma parcela do eleitorado que se manteve insatisfeita com as alternativas nas urnas. Embora as porcentagens de votos inválidos tenham registrado uma leve queda em relação a 2020, os números ainda são expressivos e revelam um perfil de eleitores que preferiu não se posicionar entre os candidatos disponíveis, registrando, assim, seu descontentamento ou descrença no processo eleitoral.
Os resultados deste segundo turno em João Pessoa e Campina Grande evidenciam a presença significativa de votos em branco e nulos, ainda que com queda em comparação ao segundo turno de 2020:
– João Pessoa: A capital registrou 20.482 votos nulos, representando 4,69% do total, e 11.592 votos em branco, equivalentes a 2,65%. Esses números contrastam com os 37.103 votos nulos (9,27%) e 15.164 votos em branco (3,79%) de 2020, indicando uma redução expressiva no percentual de votos inválidos.
– Campina Grande: A segunda maior cidade da Paraíba contabilizou 9.718 votos nulos, correspondendo a 3,91%, e 3.876 votos em branco, o que representa 1,56% do total. Comparado aos números anteriores, observa-se um comportamento similar ao de João Pessoa, com uma redução proporcional nos votos em branco e nulos em relação ao ciclo eleitoral passado.
O processo para registrar um voto branco ou nulo é simples, mas difere em detalhes. Para votar em branco, o eleitor deve apertar a tecla “Branca” na urna eletrônica e confirmar. Já o voto nulo ocorre quando o eleitor digita um número inexistente, como “00”, e confirma. Ambos os votos são classificados como inválidos, não contando, portanto, na apuração dos votos que definem o vencedor da eleição.
Desde 1997, os votos em branco e nulos não influenciam no resultado da eleição, sendo apenas uma expressão de opinião que não interfere no cálculo dos votos válidos. Essa mudança foi introduzida como uma medida de segurança para garantir que os votos em branco não pudessem ser alterados por manipulações eleitorais, reafirmando a integridade do voto.
Ainda que votos em branco e nulos não tenham impacto direto no resultado, sua presença reflete sentimentos diversos do eleitorado, que vão da insatisfação com as opções disponíveis à descrença no processo eleitoral. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esses votos funcionam como uma espécie de termômetro para medir o nível de engajamento e satisfação dos eleitores com as candidaturas, sem, contudo, alterar o desfecho das eleições.
Os dados de 2024 indicam uma ligeira redução na proporção de votos inválidos, sugerindo uma possível mudança no comportamento dos eleitores que, ao que tudo indica, vêm demonstrando maior engajamento e participação efetiva nas decisões eleitorais. Esse padrão reflete um desejo de escolha mais consciente ou pelo menos de uma aposta mais confiante nas alternativas apresentadas, especialmente em contextos de segundo turno como os vividos em João Pessoa e Campina Grande.
Por outro lado, os votos em branco e nulos mantêm-se como uma alternativa legítima para aqueles que, apesar de cumprirem o dever de comparecimento às urnas, optam por não se comprometer com nenhuma das candidaturas, expressando, de forma indireta, um pedido de renovação política ou um protesto silencioso. Esses votos, então, continuam como uma espécie de “terceira via” simbólica para os eleitores que se sentem alheios às escolhas oferecidas.
A queda moderada nos votos em branco e nulos pode ser interpretada como uma abertura para um debate sobre o que o eleitor brasileiro espera das eleições e do quadro político atual. Em eleições futuras, o monitoramento desses votos e o entendimento do perfil do eleitor insatisfeito poderão ajudar a lançar luz sobre as demandas latentes da sociedade, incentivando os partidos e candidatos a dialogarem com este segmento da população.
Portanto, embora votos em branco e nulos não interfiram diretamente no resultado, seu valor simbólico e as mensagens que transmitem não devem ser subestimados. Cada percentual reflete um cidadão que não se viu representado, e esse retrato da insatisfação, registrado em números, pode ser uma ferramenta essencial para uma democracia mais inclusiva e atenta às verdadeiras demandas do povo brasileiro.