Esporte
Palmeiras: presidente da Mancha tem prisão pedida pelo MP
Jorge Luiz é tido como ‘mentor intelectual’ do ataque a cruzeirenses
O presidente da Mancha Alviverde, Jorge Luiz Sampaio Santos, teve a prisão temporária pedida pelo Ministério Público e pela Polícia de São Paulo suspeito de participar do ataque aos ônibus dos torcedores cruzeirenses da Máfia Azul, no domingo, 27, em Mairiporã, na Grande São Paulo. A Mancha é a principal torcida organizada do Palmeiras.
Segundo inquérito da Justiça paulista, Jorge ‘seria o mentor intelectual de toda ação delituosa’ ocorrida no final de semana e que culminou na morte de um torcedor do Cruzeiro.
Rivalidade antiga
A motivação para o ataque aos torcedores do Cruzeiro está ligada a uma rivalidade antiga entre as torcidas organizadas Mancha Alviverde, do Palmeiras, e Máfia Azul, principal grupo organizado do clube mineiro.
Em 2022, Jorge Luiz Sampaio, presidente da Mancha, foi alvo de uma agressão violenta pela Máfia Azul. O conflito ocorreu também em uma rodovia, mas nas proximidades de Carmópolis, no interior de Minas Gerais.
Fotos e vídeos de Jorge, líder palmeirense, ensanguentado e ferido pelos cruzeirenses ganharam grande repercussão. Em uma das gravações, um membro da torcida mineira sugere que o está poupando da morte. — Você vai voltar vivo porque nós temos ideologia.
Naquele confronto, os cruzeirenses confiscaram os documentos de Jorge Luiz, e desde então, em cada partida do Cruzeiro em São Paulo, a Máfia Azul exibia a identidade do presidente da Mancha como um símbolo irônico, compartilhando imagens nas redes sociais como forma de provocação.
A emboscada
Segundo a Polícia, a emboscada começou por volta das 5h20 do último domingo. De acordo com os relatos, os ônibus dos cruzeirenses foram interceptados pelos integrantes da Mancha Alvi Verde, que espalharam ‘miguelitos’, uma espécie de prego, na pista para furar os pneus dos veículos e forçar sua parada.
Os criminosos arremessaram rojões e bombas caseiras contra os ônibus, sendo um deles incendiado. Os criminosos atacaram os torcedores com barras de ferro e madeira. O ataque resultou na morte de José Victor Miranda, de 30 anos. Ele chegou a ser levado ao hospital, mas acabou morrendo durante o atendimento.
Ainda no domingo, o Palmeiras afirmou que não compactua com a violência.
— A Sociedade Esportiva Palmeiras repudia as cenas de violência protagonizadas na Rodovia Fernão Dias, na manhã deste domingo. O futebol não pode servir como pano de fundo para brigas e mortes. Que os fatos sejam devidamente apurados pelas autoridades competentes e os criminosos, punidos com rigor.
Pena
O Estatuto do Torcedor prevê até dois anos de reclusão para o autor de atos de vandalismo, tumultos ou conflitos em estádios de futebol e outros lugares públicos. Entretanto, a punição pode ser agravada quando ocorre fora dos espaços que recebem jogos de futebol.
Portanto, brigas em rodovias federais, como a vista neste domingo (27), podem resultar em penas mais longas. Segundo a lei federal, brigas sem feridos podem acarretar um ano de prisão, e com feridos, a pena pode chegar até cinco anos.
No caso do conflito entre a Mancha Verde e a Máfia Azul, o tempo de pena pode ser ainda maior. A justiça prevê que envolvidos em brigas que envolvem homicídios ou lesões graves podem pegar de cinco a 20 anos de reclusão.