Politíca
Quem é Hugo Motta, candidato apoiado por Lira à presidência da Câmara
Deputado do Republicanos é conhecido pelo bom trânsito entre os colegas e proximidade com setor privado
Candidato à presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) é conhecido pelo ótimo trânsito na Casa, nos mais diversos espectros e pelo bom relacionamento com o setor privado. Seu nome já era ventilado como um possível aglutinador de forças desde muito antes de o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), abrir mão da candidatura em prol do paraibano.
Com discurso conciliador, Motta tem se apresentado como um candidato que buscará consenso “da extrema direita à extrema esquerda” e que combaterá a “agenda de radicalização”. O candidato diz que a sua candidatura deve representar uma agenda propositiva e o diálogo com os demais Poderes.
Nesta terça-feira (29/10), Motta ganhou um apoio formal importante, o do presidente da Casa, Arhur Lira (PP-AL). Na hora do anúncio de Lira, também estavam presentes o líder do PP, Dr. Luizinho (PP-RJ) e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (MDB-AL). Hugo Motta tem relação próxima com líderes partidários da Câmara, como o líder do PL, Altineu Côrtes (PL-RJ), e o líder do PT, Odair Cunha (PT-MG).
Com apenas 35 anos, caso seja eleito, o parlamentar será o mais jovem presidente da história da Câmara dos Deputados. Em 2010, ele foi o deputado federal mais jovem a ser eleito no Brasil, com apenas 21 anos – idade mínima permitida.
Polêmicas e fator Eduardo Cunha
Hugo Motta é próximo do setor do agronegócio, do setor financeiro e do setor imobiliário. Neste ano, foi criticado pela imprensa local na Paraíba ao apresentar um projeto de lei com a proposta de permitir aos bancos a utilização do FGTS como garantia para empréstimo consignado. Após a repercussão e de ser acusado de trabalhar a favor do setor financeiro, o parlamentar retirou o projeto.
Se por um lado o nome do parlamentar é defendido dentro do governo pelo perfil de diálogo, por outro, há quem se preocupe com o relacionamento próximo do parlamentar com o ex-deputado Eduardo Cunha – considerado no PT como “algoz” da ex-presidente Dilma Rousseff. O parlamentar é considerado pupilo do político que presidiu a Câmara dos Deputados de 2015 a 2016. Motta foi também presidente da CPI da Petrobras, que contribui para o desgaste político que levou à queda de Dilma.
Outro grande cacique que está por trás da candidatura é o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI).
Favorito do momento na disputa
O JOTA analisa que a consolidação do PSD como maior partido do Brasil, após o primeiro turno da eleição municipal, não foi suficiente para mudar o cenário da sucessão de Lira.
A avaliação entre lideranças partidárias é a de que Motta segue favorito e que o avanço da sigla de Gilberto Kassab em prefeituras do país só reforçaria o interesse do centrão em manter o cargo longe da influência do PSD.
Motta segue mantendo indicativo de apoio do maior número de partidos da Câmara, em um arco de alianças que até aqui se estende do PL de Jair Bolsonaro ao MDB de Ricardo Nunes, com a bênção do PP de Lira.
Já o PSD mantém a pré-candidatura de Antônio Brito na disputa, e fechou um acordo de não agressão com Elmar Nascimento, candidato pelo União Brasil. Se a urna fortaleceu a sede de parte do centrão para derrotar a legenda de Kassab, dentro do PSD ganhou força a visão de que o partido nada tem a ganhar desistindo da disputa no curto prazo.
A visão compartilhada por Brito, depois do primeiro turno, é a de que a candidatura dele é a que tem maior afinidade com o Palácio do Planalto, que saiu do pleito enfraquecido.
Por isso, passaria a ter mais necessidade de reforçar a aliança com partidos de centro a partir da mudança nas Mesas.
Vale lembrar que além de ter se tornado o partido de maior capilaridade nacional, o PSD ocupa a vice do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nome favorito da oposição atualmente para disputar contra Lula em 2026.
O presidente da República, por sua vez, parece estar apostando na confusão para tornar o PT o fiel da balança em uma disputa que se desenhava complexa para o governo nos últimos meses.
O líder da bancada, Odair Cunha, chegou a indicar publicamente o apoio ao nome de Motta — tanto em um almoço que selou o bloco de aliança próximo ao candidato do Republicanos, com Lira incluído, quanto em publicação nas redes sociais. O deputado federal, no entanto, teve que apagar a mensagem em meio a indefinição no partido, que só pretende fechar questão sobre o tema no fim do ano.
Dinastia e projetos
O avô paterno de Motta, Nabor Wanderley, foi prefeito de Patos de 1956 a 1959. O pai do deputado, Nabor Wanderley Filho, é o atual prefeito e foi reeleito este ano para um novo mandato.
Motta está no 4º mandato de deputado federal. Foi presidente do MDB Jovem, sigla pela qual foi eleito em 2010. É titular na Comissão de Finanças e Tributação desde o 1º mandato. Em 2014, presidiu o colegiado.
O deputado é autor ou coautor de 32 projetos de lei. Entre eles, o que aumenta de US$ 3 mil para US$ 10 mil o valor das importações sujeitas ao sistema de despacho aduaneiro simplificado. O PL 8164/2014 aguarda designação de relator na Comissão de Finanças e Tributação.
Motta é autor da PEC 55/2011, transformada na Emenda Constitucional 82, que cria a carreira de agentes de trânsito no sistema de segurança pública e estabelece que a segurança viária compreende educação, engenharia e fiscalização de trânsito.
Foi relator da Lei 14.787/23, que prorrogou para 2028 a vigência do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto).