Internacional
Trump Volta ao Poder: como isso redesenha o jogo político no Brasil e agita a influência chinesa
O retorno de Trump à Casa Branca é recebido com entusiasmo pela direita conservadora no Brasil.
A volta de Donald Trump ao poder nos EUA joga uma pedrada no lago político global, e as ondas chegam com força no Brasil. Não é só mais um ciclo eleitoral lá do outro lado. Agora, a balança pende e vai puxando cada vez mais: alianças, relações de força e interesses de todos os lados. Com Trump no trono americano, a direita mundial recebe um gás novo. Para o Brasil, é uma faísca que pode incendiar tanto entusiasmo quanto tensões, especialmente com os olhos voltados para a ascensão da influência chinesa no território tupiniquim e o eterno dilema entre abraçar os EUA ou se apoiar na potência asiática.
Com a vitória de Trump, os conservadores no Brasil ganham um respaldo moral e político que vai além das fronteiras. A volta do republicano não é só uma festa para Jair Bolsonaro e seus apoiadores, mas um renascimento da ideologia que ele representa que é Deus, Pátria e Família. Bolsonaro, que jamais escondeu a admiração pelo “Make America Great Again que significa ”Faça a América Grande Novamente”, já foi rápido em acender as velas de apoio ao velho amigo. Suas palavras ecoaram uma promessa de tempos mais “livres e pacíficos,” como ele diz, na linha de “Trump é o maior líder conservador de nossa era.” Isso soa como um hino para a direita brasileira, fortalecendo as fileiras para as eleições de 2026. É combustível político, e dos mais inflamáveis.
Mas será que essa energia é suficiente para encarar um cenário cada vez mais polarizado? Os conservadores veem em Trump o farol para se orientar, mas para além das redes de apoio e discursos inflamados, o impacto real vai depender de como essas forças vão confrontar um mundo em que a esquerda segue fortemente apoiada em ditaduras e alianças globais e regionais.
Quando o assunto é meio ambiente, o cenário pode ficar frio. Trump nunca fez questão de observar com desconfiança as políticas ambientais. E, para o Brasil, isso pesa. O Fundo Amazônia, por exemplo, está pendurado nas promessas americanas de apoio financeiro. Biden comprometeu milhões para a proteção da floresta, mas com Trump de volta, esse compromisso é praticamente gelo fino. A agenda verde, que Lula e Biden pareciam moldar juntos, corre o risco de ser totalmente desmantelada, colocando a sustentabilidade em segundo plano.
Isso significa que, para o Brasil, o sonho de uma economia verde talvez tenha que seguir sem a parceria americana. Afinal, o “desenvolvimento ecológico” de Trump se resume em priorizar ganhos financeiros a curto prazo e reduzir qualquer regulação que trave o livre comércio — ou seja, o oposto daquilo que Lula prega.
Se o Brasil já vive um jogo de cintura ao lidar com a China, a pressão vai aumentar. A China é o maior destino das exportações brasileiras, principalmente em commodities essenciais como soja e minério de ferro, enquanto os Estados Unidos preferem comprar itens manufaturados e produtos químicos. Só que o retorno de Trump traz um novo obstáculo para essa rota: tarifas elevadas. Trump já havia indicado sua intenção de elevar taxas de importação em 10%, o que poderia tornar as exportações brasileiras aos EUA bem menos competitivas. Isso obriga o Brasil a repensar sua dependência do mercado chinês, mesmo sabendo dos riscos de deixar todos os ovos em uma cesta asiática.
E tem mais. A influência chinesa no Brasil não é só questão de comércio, mas de estratégia. Enquanto os EUA buscam frear o avanço chinês em toda a América Latina, o Brasil tenta manter uma posição que não irrite nenhum dos lados. Será que com Trump na jogada, essa neutralidade vai continuar sendo uma opção? Dificilmente. Trump sempre deixou claro que prefere aliados comprometidos do que parceiros ambíguos.
A aproximação entre o Brasil e a China só deve se intensificar — e aí mora um dos maiores dilemas de nossa política externa. Para a ala conservadora americana, a China é uma ameaça real e constante, um “inimigo” declarado. E aqui, no nosso quintal, o que temos? Cada vez mais negócios, investimentos, tecnologia e, claro, dependência econômica. A China é não apenas o nosso maior comprador, mas também um sócio de peso nos BRICS, na Iniciativa do Cinturão e Rota e em tantos outros projetos de infraestrutura. Mas quanto mais o Brasil se apoia nessa parceria, mais fica vulnerável aos humores e às estratégias do gigante asiático.
Com Trump no poder, essa amizade sino-brasileira pode se tornar uma pedra no sapato, exigindo que o Brasil tome um lado — e rápido. E se a Casa Branca realmente decidir apertar o cerco e cobrar fidelidade, o Brasil se verá em uma situação cada vez mais difícil. Apontamos que Trump usaria todos os recursos, até chantagens econômicas, para manter o Brasil alinhado.
No fim das contas, a volta de Trump é mais que uma simples mudança de governo: é o primeiro passo de uma batalha global entre influências ocidentais e orientais. O Brasil, que sempre tenta se equilibrar como o “amigo de todos,” pode finalmente ser forçado a fazer escolhas duras. As alianças com a China colocam em risco parcerias com os EUA, e a pressão para escolher um lado — seja pela política, pelo comércio ou pela ideologia — cresce.
Para onde o Brasil vai nessa nova era de trumpismo? Uma coisa é certa: o caminho será turbulento, e o país precisará de uma habilidade política afiada para navegar essas águas turbulentas. Entre o trumpismo e o dragão chinês, estamos em meio a uma tempestade que nos empurra a reavaliar nossas prioridades e redefinir nossas alianças.