Internacional
Conheça como o maior traficante de armas do mundo, um ex-oficial do Exército russo, foi libertado em troca de um prisioneiro americano importante e agora reacende tensões vendendo armas no Oriente Médio
Após ser trocado por um prisioneiro importante dos EUA, o maior traficante de armas e ex-membro do Exército russo está de volta, vendendo armas para rebeldes no Iêmen
Victor Bout,ex-oficial do Exército russo, conhecido mundialmente como o “Mercador da Morte”, voltou às manchetes devido a suas recentes atividades no comércio de armas, desta vez envolvendo os rebeldes houthi no Iêmen. Sua trajetória, marcada por décadas de envolvimento em conflitos globais, ganha nova relevância em um cenário geopolítico cada vez mais complexo, com a Rússia se aproximando do Irã e usando o Iêmen como um possível campo de batalha indireto contra os interesses ocidentais.
Quem é Victor Bout?
Victor Bout nasceu em 1967, em Duchambé, no atual Tadjiquistão, que na época fazia parte da União Soviética. Ex-oficial do Exército soviético e poliglota, Bout usou suas habilidades em transporte aéreo militar para construir um império no comércio ilegal de armas após a queda da União Soviética. Durante os anos 1990 e 2000, ele forneceu armamentos a zonas de conflito na África e América Latina, muitas vezes violando embargos impostos pela ONU.
Apelidado de “Mercador da Morte”, seu papel no tráfico de armas era tão influente que inspirou o filme O Senhor das Armas (2005), estrelado por Nicolas Cage. Seu império de armas floresceu em um mundo pós-soviético onde os arsenais militares caíram em desordem, e ele utilizou aviões de carga para transportar armas a zonas de guerra. Mas sua trajetória aparentemente chegou ao fim em 2008, quando foi preso em uma operação da DEA na Tailândia, acusado de vender armas a guerrilheiros colombianos das FARC e conspirar para matar americanos. Em 2011, foi condenado a 25 anos de prisão nos Estados Unidos. Exército
A troca com Brittney Griner e o retorno à atividade
A história de Bout deu uma nova guinada em 2022, quando foi libertado em uma troca de prisioneiros com a jogadora de basquete americana Brittney Griner, presa na Rússia por porte de drogas. Após sua libertação, Bout retornou à Rússia e rapidamente se envolveu na política, alinhando-se a um partido pró-Kremlin. No entanto, relatos recentes indicam que ele voltou ao comércio de armas, desta vez vendendo armamentos aos rebeldes houthi, apoiados pelo Irã, no Iêmen.
A aliança com os Houthis: um novo perigo geopolítico
Em agosto de 2024, emissários houthi foram a Moscou para negociar a compra de US$ 10 milhões em armas automáticas, principalmente rifles AK-74, uma versão mais moderna do famoso AK-47. E o homem encarregado de facilitar essas negociações? Victor Bout. Exército
Os houthis controlam grande parte do norte do Iêmen e estão envolvidos em uma guerra civil que começou em 2014. Apoiado pelo Irã, o grupo é conhecido por ataques com drones e mísseis contra a Arábia Saudita e outros países vizinhos, além de ataques a navios civis no estratégico Mar Vermelho. Para os Estados Unidos e várias outras nações, os houthis são considerados uma organização terrorista, o que torna a venda de armas a eles um problema geopolítico delicado.
O envolvimento de Bout com os houthis sinaliza um estreitamento da cooperação entre Moscou e Teerã, que já têm fortalecido seus laços desde o início do conflito na Ucrânia. A Rússia, por exemplo, tem recebido drones iranianos que estão sendo usados no conflito ucraniano, enquanto o Irã se beneficia de apoio militar e tecnológico russo.
Uma nova escalada no oriente médio?
O possível fornecimento de armas de Victor Bout aos houthis levanta preocupações sobre uma escalada no conflito no Iêmen e em toda a região. Além dos rifles AK-74, relatórios indicam que foram discutidas a venda de mísseis antitanque Kornet e até sistemas de defesa aérea aos houthis. Se isso ocorrer, os rebeldes estarão armados com um poder de fogo significativo, aumentando os riscos para a navegação internacional no Mar Vermelho e a segurança de aliados dos EUA, como a Arábia Saudita e Israel.
Os Estados Unidos, naturalmente, estão atentos a esses desenvolvimentos. O governo Biden já expressou preocupações de que a Rússia poderia retaliar o apoio ocidental à Ucrânia fornecendo armamentos avançados a grupos como os houthis. Até o momento, não há evidências de que mísseis russos antinavio ou antiaéreos tenham sido entregues, mas o simples fato de Bout estar de volta ao comércio de armas já é motivo de alerta em Washington.
O que está em jogo?
A possível venda de armas aos houthis, facilitada por Bout, não se trata apenas de mais um episódio no comércio ilegal de armas, mas de uma peça-chave em um jogo geopolítico muito maior. A aliança entre Rússia, Irã e os houthis no Iêmen pode alterar significativamente o equilíbrio de poder no Oriente Médio, desafiando os interesses ocidentais em uma região já marcada por conflitos e instabilidade.
Enquanto os Estados Unidos e seus aliados continuam monitorando de perto essas movimentações, a questão que permanece é até onde essa nova parceria entre Victor Bout, Rússia e os houthis pode ir. Será que estamos prestes a ver uma nova onda de confrontos no Oriente Médio, ou essa é apenas uma estratégia de Moscou para pressionar o Ocidente em várias frentes, em meio a um cenário global de crises e tensões crescentes?
Victor Bout, um homem que prosperou em meio ao caos e conflitos globais, está novamente no centro das atenções. Seu retorno ao comércio de armas, desta vez com os houthis, pode ser o prelúdio de uma nova escalada nas tensões no Oriente Médio, colocando em risco a estabilidade da região e os interesses internacionais. A comunidade global, especialmente os Estados Unidos, estão de olho, pois qualquer movimentação significativa nesse acordo pode ter repercussões profundas no cenário geopolítico mundial.