Politíca
Apoio da bancada evangélica dá força extra à candidatura de Hugo Motta na Câmara dos Deputados
Por Roberto Tomé
Hugo Motta (Republicanos-PB) deu um passo decisivo na corrida pela presidência da Câmara dos Deputados. Com um apoio de peso conquistado na noite da última terça-feira (12), o deputado reuniu a bancada evangélica e alavancou ainda mais sua trajetória para ocupar o posto de comando da Casa. O encontro, realizado em uma churrascaria de Brasília, foi marcado por discursos que mesclaram fervor político e religioso. Com o respaldo de 15 partidos e impressionantes 385 votos projetados, Motta parece já contar com um caminho aberto – e bem pavimentado – para vencer no primeiro turno, com uma folga de 128 votos a mais do que o necessário.
Essa reunião, que teve a presença do presidente atual da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi um prato cheio de articulação. Lira, junto a outros parlamentares religiosos, celebrou a união entre o Republicano Motta e a bancada evangélica, que tem peso e influência política de sobra. A noite não foi apenas sobre alianças políticas; o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), por exemplo, deu um show à parte, combinando política e fé. Entre declarações emocionadas e cânticos gospel, afirmou: “Ser presidente da Câmara é ótimo, mas entregar a vida a Jesus é muito melhor!”
Esse apoio não vem só como um símbolo; Lira e os parlamentares evangélicos aproveitaram a oportunidade para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que promete ampliar a imunidade tributária para templos religiosos, um tema caro a essa bancada e que vai ao plenário na quarta-feira (13). Para Silas Câmara (Republicanos-AM), líder da Frente Parlamentar Evangélica, a escolha de Motta sinaliza continuidade no que Lira começou, prometendo manter a agenda da bancada firme. “O que Arthur semeou em quatro anos, Motta vai colher com a força de nosso apoio,” afirmou Silas, sem mencionar detalhes sobre pautas específicas, mas reafirmando a posição da bancada em temas delicados, como a luta contra o aborto.
A força da bancada evangélica em torno de Motta é, sem dúvida, uma peça-chave em um quebra-cabeça bem montado. Sua articulação o posiciona como o mais forte para a presidência da Câmara, contando também com um time de peso: PL, PT, MDB, PP, e outras siglas de grande influência como PSB e PSDB já estão na fila de apoio a Motta. Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA), concorrentes de Motta, viram seus partidos inclinarem-se para conversas com o paraibano, deixando-os em situação desfavorável.
Elmar, aliás, teve que lidar com uma reviravolta inesperada. Antes cotado como favorito de Lira, viu seu espaço esvaziar depois que Marcos Pereira (Republicanos-SP) saiu da disputa, facilitando o caminho para Motta. Em desabafo, Elmar deixou escapar um tom de frustração, lamentando: “Perder o apoio de Lira é como perder o melhor amigo.” Já Brito, por sua vez, ainda tenta manter o PSD com uma fatia relevante nas negociações, almejando proporções justas para os cargos da Câmara.
O União Brasil, tentando capitalizar seu apoio a Motta, fez exigências ambiciosas: a relatoria da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026. Já o PT, em troca de seu apoio, levará a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do mesmo ano. Para a Mesa Diretora, o PL já garantiu a primeira vice-presidência, enquanto o União Brasil está na briga pela segunda vice. A primeira secretaria está quase assegurada para o PT.
Com todas essas movimentações, Motta demonstra uma habilidade inegável para costurar alianças e assegurar apoios estratégicos. Seu sucesso não só garante uma base sólida para vencer a disputa, mas também sinaliza uma continuidade política que pode influenciar diretamente os rumos do Legislativo nos próximos anos.