Internacional
Resolução para conter a guerra no Sudão é vetada no Conselho de Segurança
Votação no órgão teve 14 Estados-membros a favor e veto da Rússia; mais de 20 mil pessoas já morreram no conflito entre o Exército Sudanês e as Forças de Apoio Rápido; o texto pedia proteção de civis e “diálogo de boa-fé” entre as partes com vista a um cessar-fogo nacional
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta segunda-feira para votar um projeto de resolução que pedia maior proteção dos civis no conflito no Sudão e um cessar-fogo. A Rússia vetou a proposta.
Mais de 20 mil pessoas já morreram na guerra entre o Exército Sudanês e as Forças de Apoio Rápido, RSF, e milhões foram deslocadas.
Conteúdo da proposta rejeitada
Caso tivesse sido adotada, a resolução representaria a condenação dos ataques contínuos dos paramilitares do RSF em El Fasher, em Darfur, e um apelo do Conselho de Segurança à suspensão de todos os ataques contra civis .
O texto pedia também o início de “um diálogo de boa-fé” entre as partes com vistas a um cessar-fogo nacional.
A resolução vetada propunha ainda o estabelecimento de pausas humanitárias e acesso rápido e seguro de ajuda pelas fronteiras. A proposta enfatizava que todas as partes deveriam tomar medidas urgentes para acabar com a violência sexual e impedir que ela fosse usada “como uma tática de guerra”.
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy, preside a reunião do Conselho de Segurança sobre a situação no Sudão e no Sudão do Sul
Reações ao resultado
O secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy, que presidiu a reunião, falou na sua capacidade nacional, dizendo que durante mais de 18 meses, os civis sudaneses têm sofrido “violência inimaginável”.
Ele citou “atrocidades motivadas pelo ódio étnico, violência sexual, incluindo violações em massa e crianças raptadas e recrutadas como soldados”.
Para o diplomata britânico, “o veto Russo é uma desgraça”. Ele afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, “usa mercenários para espalhar o conflito e a violência por todo o continente africano”.
O representante permanente da Rússia no Conselho, Dmitry Polyanskiy, disse que o principal problema da resolução é que ela continha “um falso entendimento sobre quem tem a responsabilidade de proteger os civis e quem deve tomar a decisão de convidar forças estrangeiras para o Sudão”.
Segundo ele, esse papel deveria ser responsabilidade do governo sudanês, mas esse ponto não era mencionado na proposta do Reino Unido, “demonstrando uma tentativa de intromissão nos assuntos sudaneses”.
Compromisso com passagem de ajuda humanitária
Na semana passada, a coordenadora residente e humanitária da ONU no Sudão, Clementine Nkweta-Salami saudou a decisão do governo sudanês de prolongar a utilização da passagem fronteiriça de Adré, um canal vital para a assistência humanitária, por mais três meses.
Esta prorrogação, em vigor a partir de quarta-feira, garante que itens essenciais de ajuda continuarão a fluindo do Chade para as regiões do Sudão afetadas por confrontos, especialmente Darfur.
Segundo ela, os profissionais humanitários valorizam esta decisão, pois a passagem da fronteira de Adré é “uma tábua de salvação para centenas de milhares de pessoas vulneráveis em todo o país”.