Saúde
58 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 descartadas: prejuízo bilionário expõe falhas graves na gestão da saúde pública
É revoltante. Enquanto milhões aguardam soluções reais para os problemas da saúde pública no Brasil, o governo revela um número chocante: 58 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram desperdiçadas. Sim, 58 milhões! Isso equivale a R$ 2 bilhões literalmente jogados no lixo. Dá pra acreditar?
Se você acha que a responsabilidade é de apenas um lado, pense de novo. O grosso desse fiasco nasceu ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando toneladas de vacinas da AstraZeneca ficaram encalhadas. Erros de logística, compra em excesso e uma estratégia questionável para lidar com um vírus tão devastador ajudaram a montar essa bomba relógio. Mas, calma lá, o governo atual também tem sua parcela de culpa. Recebeu parte desse estoque já com prazo de validade apertado e, mesmo assim, não conseguiu salvar a situação. Resultado? Mais vacinas vencidas, mais dinheiro perdido.
E não para por aí. Em 2023, por exemplo, R$ 260 milhões foram usados para comprar CoronaVac. Só que, adivinhe: essas dosem já não tinham eficácia contra as variantes dominantes. Alguém parou pra pensar antes de abrir o cofre?
Se o desperdício revolta, o descaso com a distribuição faz qualquer um perder a paciência. Enquanto toneladas de vacinas vão para o lixo, cidades inteiras ficam sem imunizantes básicos. Em setembro de 2024, cerca de oito milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 perderam a validade. E, simultaneamente, várias cidades relatavam falta do imunizante. O que é isso? Desorganização? Falta de prioridade? Ou só incompetência mesmo?
A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) investigou e descobriu que seis em cada dez municípios estavam enfrentando desabastecimento de diferentes vacinas. Não é só Covid-19. É varicela, poliomielite e até doses essenciais para crianças. Tá difícil defender.
O Ministério da Saúde tentou salvar parte do desastre com ações como a troca de 4,2 milhões de doses da Moderna antes que vencessem. Uma gota no oceano. E, mesmo assim, o problema persiste. A pasta alega que está em “diálogo constante” com secretários de saúde para resolver a situação. Mas diálogo resolve? A população não precisa de conversas — precisa de vacinas no braço, de gestão eficiente e de liderança.
Esse desperdício não é só um número. Representa vidas que poderiam ter sido salvas, surtos que poderiam ter sido evitados e um sistema de saúde que poderia estar mais robusto. O prejuízo bilionário vai muito além do dinheiro perdido. Ele desmoraliza campanhas de vacinação, enfraquece a confiança no governo e nos deixa expostos a futuros problemas.
Chegamos ao ponto em que vacinas, uma das ferramentas mais poderosas da ciência, são tratadas como itens descartáveis. Até quando? A resposta está nas mãos dos gestores. E nas nossas também. Porque cobrar responsabilidade é o mínimo que podemos fazer.