Politíca
Presidente do PT na Paraíba questiona decisão de vereador e expõe racha interno
Jackson Macedo, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba, não economizou palavras ao comentar, nesta terça-feira (3), a decisão polêmica do vereador Marcos Henriques, de João Pessoa, que optou por permanecer na oposição ao prefeito Cícero Lucena (Progressistas). A postura do parlamentar, segundo Macedo, soa como um “erro estratégico”, mas, ainda assim, ele frisou que a escolha é uma prerrogativa pessoal.
“Eu considero isso um equívoco, sinceramente. Mas é a decisão dele, e precisa ser respeitada. O partido, até agora, não tomou nenhuma posição oficial sobre apoiar ou não o prefeito. Tudo segue em aberto”, declarou o dirigente petista, sem esconder um tom de frustração.
A atitude de Henriques coloca luz sobre uma tensão latente dentro do PT. Enquanto setores da legenda avaliam que é hora de estabelecer pontes com a gestão de Cícero Lucena, o vereador parece nadar contra a corrente. Essa escolha não é só um gesto de autonomia, mas também uma provocação que desafia o alinhamento desejado pela cúpula do partido.
Essa divergência interna ganha ainda mais peso quando se considera o momento delicado que o PT atravessa em várias esferas. Com eleições futuras no horizonte, a necessidade de união dentro da sigla nunca foi tão evidente.
O cenário político brasileiro sempre foi um terreno instável. Partidos oscilam entre preservar a independência de seus representantes eleitos e manter alianças estratégicas que ampliem sua força. No caso de João Pessoa, o dilema é ainda mais nítido: apoiar ou não um prefeito que já tem um grupo robusto de aliados, mas que pode oferecer espaço para o diálogo?
Henriques, ao se manter na oposição, assume um risco calculado. Pode agradar sua base eleitoral, mas também provoca debates internos que podem afetar sua posição dentro do partido.
Jackson Macedo sinalizou que o PT precisa se reunir e decidir, de forma clara, qual será sua postura em relação à gestão municipal de João Pessoa. Até que isso aconteça, Marcos Henriques seguirá com sua postura isolada, levantando questionamentos sobre sua lealdade às diretrizes do partido e gerando desconforto na liderança estadual.
Essa situação reflete o embate clássico entre política partidária e liberdade individual. O PT tem pela frente a difícil tarefa de equilibrar essas forças opostas. Mas uma coisa é certa: o tempo para decidir está se esgotando, e a falta de clareza só aumenta a tensão.
O episódio deixa evidente que a política é, acima de tudo, um campo onde as decisões nunca são simples. A resposta para esse impasse dirá muito sobre os rumos que o PT pretende trilhar no cenário local e além.