ECONOMIA
Brasil em risco: a ameaça de sair do top 10 das maiores economias globais em 2025
O Brasil enfrenta a possibilidade concreta de perder seu lugar entre as dez maiores economias do planeta em 2025. A combinação de um real enfraquecido frente ao dólar e o baixo desempenho no crescimento econômico lança um alerta sério sobre a posição do país no cenário global. Estimativas recentes da Austin Rating, baseadas em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), reforçam a gravidade desse panorama.
Atualmente, o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking das maiores economias mundiais. No entanto, foi ultrapassado pela Rússia, que agora ocupa o 9º lugar, com uma vantagem de apenas US$ 4 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) nominal, medido em dólar. Essa proximidade deixa claro que a posição brasileira é frágil e suscetível a novas quedas.
O desempenho do real tem sido um dos piores no mercado global. Em 2024, a moeda brasileira ficou entre as sete mais desvalorizadas do mundo. E a previsão para 2025 é alarmante: se o câmbio médio alcançar R$ 6,00 por dólar, o Brasil poderá ser ultrapassado pela Coréia do Sul e cair para a 12ª ou até 13ª posição no ranking.
Apesar de números trimestrais positivos no crescimento do PIB – 1,4% no segundo trimestre e 0,9% no terceiro –, o impacto da desvalorização cambial tem sido devastador. O FMI projeta um PIB nominal brasileiro de aproximadamente US$ 2, 188 trilhões em 2024. Caso a desvalorização continue, a estimativa pode despencar para US$ 2, 050 trilhões, com uma perda de US$ 250 bilhões apenas pela taxa de câmbio.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, isso não é apenas uma questão de números: é um reflexo direto de problemas macroeconômicos persistentes, como inflação alta, descontrole fiscal e taxas de juros sufocantes.
O ranking global das economias não é só uma disputa de prestígio. Ele reflete confiança e atratividade para investidores internacionais. O PIB em dólar, além de indicar o tamanho da economia, é usado como um termômetro de estabilidade e previsibilidade econômica. Quando o Brasil perde relevância nesse indicador, afasta capital estrangeiro, compromete negociações comerciais e prejudica sua influência em acordos globais.
Enquanto países como os Estados Unidos, China e Alemanha mantêm posições consolidadas no topo da lista, com PIBs de US$ 29,17 trilhões, US$ 18,17 trilhões e US$ 4,71 trilhões, respectivamente, o Brasil parece caminhar na direção oposta, abrindo espaço para rivais como Coréia do Sul e até Indonésia.
A perda de posições no ranking global é apenas o sintoma de problemas estruturais mais profundos. O Brasil enfrenta um quadro fiscal precário, com gastos públicos descontrolados e uma carga tributária que sufoca o setor produtivo. A dependência de commodities para sustentar a economia, aliada à falta de políticas consistentes de estímulo à indústria e inovação, agrava a vulnerabilidade do país.
Além disso, o mercado cambial reflete desconfiança nas políticas econômicas brasileiras. Com o dólar encerrando 2024 a R$ 6,06, as expectativas para 2025 não são otimistas. Embora o FMI tenha usado uma taxa média de R$ 5,33 para suas projeções, muitos analistas consideram esse número subestimado diante do atual cenário político e econômico.
Sem um esforço real de reformas fiscais e administrativas, o país corre o risco de um ciclo vicioso: mais desvalorização cambial, menor crescimento econômico e maior isolamento no cenário internacional.
A posição do Brasil no ranking global tem implicações diretas para o seu futuro econômico. Não se trata apenas de números ou posições em uma lista. O prestígio e a confiança associados ao status de grande economia global são ferramentas estratégicas para atrair investimentos, ampliar mercados e influenciar decisões internacionais.
Se as decisões tomadas pelo governo não forem assertivas, o Brasil pode comprometer ainda mais sua capacidade de negociar acordos, financiar projetos de infraestrutura e manter sua competitividade frente a nações emergentes.
O caminho para evitar o rebaixamento é árduo, mas não impossível. Reformas estruturais profundas, incluindo controle de gastos públicos, simplificação tributária e estímulos reais ao setor produtivo, são indispensáveis. Além disso, o fortalecimento da política cambial e o foco em estratégias que aumentem a competitividade podem ajudar a mudar o jogo.
Porém, o tempo é curto. Com 2025 batendo à porta, o Brasil precisa mais do que intenções; é necessário agir. A economia não perdoa inércia. O futuro do país como uma potência global está em jogo, e as escolhas de hoje definirão se o Brasil manterá seu espaço no tabuleiro mundial ou se tornará um coadjuvante de menor relevância.