Politíca
PT destaca conquistas e aponta culpados em resolução do diretório nacional
Por Roberto Tomé
No último sábado (7), o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma resolução que divide seu foco entre a celebração dos feitos do governo Lula e a atribuição de responsabilidades externas pelos desafios enfrentados pela gestão. A lista de “culpados” inclui o Banco Central, empresários, bilionários, a Operação Lava Jato e políticas herdadas de governos anteriores, como as reformas trabalhistas de Michel Temer e medidas do governo Bolsonaro.
O documento critica com veemência as reformas trabalhistas de 2017, que, segundo o partido, teriam aprofundado desigualdades e precarizado empregos. O PT destaca que, no final do governo Temer, o desemprego atingiu 11,7%, um cenário que teria começado a ser revertido apenas com a recuperação promovida pela administração Lula.
O Banco Central também foi alvo de críticas, particularmente seu presidente, Roberto Campos Neto, acusado de atuar com um “viés político-partidário” que estaria dificultando a retomada econômica. Contudo, o texto deixa de lado que metade da diretoria do BC foi indicada pelo governo atual e que decisões sobre juros contam com apoio de integrantes alinhados ao Planalto.
O setor empresarial e os mais ricos do país não escaparam das acusações. Conforme a resolução, isenções fiscais concedidas a grandes corporações devem custar R$ 546 bilhões em 2024. O agronegócio foi citado como um dos maiores beneficiados por essas políticas.
Para combater essas distorções, o partido defende maior taxação sobre grandes fortunas e patrimônios. A proposta mira a adoção de uma tributação progressiva semelhante à praticada em países desenvolvidos, buscando equilibrar as contas públicas sem penalizar as classes mais pobres.
A Operação Lava Jato foi novamente apontada como uma pedra no sapato do partido, acusada de orquestrar um processo de desgaste político contra o PT, culminando na prisão de Lula e no enfraquecimento da sigla.
No campo eleitoral, o desempenho aquém do esperado nas últimas eleições municipais foi atribuído à disseminação de informações desfavoráveis nas redes sociais, supostamente financiadas por setores da direita, e ao crescimento da violência política.
O texto também critica o impacto das emendas parlamentares e do chamado “orçamento secreto”, argumentando que essas práticas herdadas comprometem o orçamento público e limitam investimentos estratégicos. Segundo o PT, a administração atual enfrenta desafios significativos devido às distorções orçamentárias deixadas por gestões anteriores.
Embora a resolução destaque avanços importantes no campo social e econômico, fica evidente que o partido adota uma postura de enfrentamento frente às adversidades. Em vez de admitir possíveis falhas internas, o PT opta por concentrar críticas em atores externos e fatores históricos.
Por outro lado, o documento reforça a necessidade de pautas como justiça fiscal, tributação progressiva e redução de desigualdades, buscando consolidar a base de apoio para os próximos anos. O tom otimista é misturado com um senso de urgência, indicando que o partido pretende ajustar suas estratégias para superar os desafios internos e externos que ameaçam a continuidade de seu projeto político.
Enquanto o PT celebra os feitos da gestão Lula, a mensagem subjacente é clara: a luta política e econômica continua longe do fim.