Politíca
R$ 19 milhões para o Hospital de Cajazeiras: real transformação ou mais uma promessa eleitoral?
O governador João Azevêdo esteve em Cajazeiras anunciando o início das obras de reforma e ampliação do Hospital Regional de Cajazeiras. O investimento anunciado? Impressionantes R$ 19 milhões. A promessa? Revolucionar o atendimento de saúde no Alto Sertão paraibano. Mas será que esse tipo de anúncio ainda surpreende alguém?
O projeto parece grandioso: reforma em 3.078 m², reconstrução da maternidade, ampliação do centro cirúrgico, novas UTIs, mais leitos. Até aí, ótimo no papel. O hospital vai ganhar uma UTI Neonatal novinha e dobrar os leitos da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais. Beleza, isso é essencial. Mas, entre o discurso e a prática, há um buraco. Quantos desses projetos anunciados com tanta pompa realmente cumprem tudo o que prometem?
No mesmo dia, o governador também assinou outra ordem de serviço para a ampliação da UPA de Cajazeiras. Aqui, o orçamento é mais modesto: R$ 716,5 mil. Dinheiro que, segundo o governo, será usado para aumentar 210 m² da unidade, incluindo áreas de repouso, salas administrativas e um refeitório. Parece útil. Mas não é de se estranhar que esses “investimentos” sejam feitos a conta-gotas, sempre perto de eleições ou em momentos estratégicos?
De fato, Cajazeiras precisa desses avanços. Não dá para negar. O problema é que, no Brasil, a gente já viu esse filme antes: um governador ou prefeito anuncia reformas gigantes, os números impressionam, mas a obra acaba atrasando, o custo dobra ou, pior, o serviço final não entrega o prometido. A pergunta é: será que dessa vez vai ser diferente?
João Azevêdo aproveitou para reforçar o discurso sobre o compromisso do governo com a saúde pública. Mencionou o “Opera Paraíba”, que promete acelerar cirurgias eletivas, e o “Paraíba Contra o Câncer”, focado em descentralizar o atendimento oncológico. Mas, cá entre nós, de compromissos bem-intencionados o inferno está cheio, não é?
“Essas obras são a prova de que o governo tem um compromisso sério com o Sertão”, disse o deputado Chico Mendes. Sério? Vamos ver se o compromisso se traduz em resultados práticos ou se vira só mais um troféu para o marketing político.
O evento, claro, foi um desfile de lideranças políticas, prefeitos, secretários e outros figurões da administração pública. Todo mundo lá para aparecer nas fotos e, quem sabe, garantir o crédito quando as obras ficarem prontas – ou para arranjar desculpas quando algo der errado.
Se tudo sair como planejado, o hospital e a UPA vão dar um salto no atendimento à saúde da região. Mas o povo do Alto Sertão já cansou de esperar e de ouvir promessas que não saem do papel. Investimento em saúde é urgente, não propaganda eleitoral. O governo precisa provar que desta vez não vai ser mais do mesmo: atraso, orçamento estourado e desculpas esfarrapadas.
Que os R$ 19 milhões não sejam apenas mais um número em um discurso vazio. Porque, no final das contas, quem paga a conta – e sofre com a falta de estrutura – é sempre a população.