ECONOMIA
O preço da carne vai subir mais? Entenda o que está por trás dos números
A carne no Brasil nunca esteve tão cara, e parece que o pior ainda está por vir. Com a produção a todo vapor, o Brasil deve bater um recorde histórico em 2024, superando 10,2 milhões de toneladas de carne. Porém, a seca pesou nas pastagens e na produção, mas a pressão nos preços continua firme. O mercado pode enfrentar novos aumentos, deixando os brasileiros em uma situação ainda mais apertada.
Segundo a ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), o ciclo da pecuária e os efeitos da estiagem são fatores que têm afetado a inflação de forma pesada, pressionando a já difícil situação econômica. E quem paga o preço disso? A gente, claro. O aumento da Selic, que subiu de 11,25% para 12,25%, é uma resposta direta a essa pressão.
E o impacto no preço da carne não ficou restrito a previsões. O Banco Central, no último relatório sobre inflação, destacou que a carne bovina foi uma das maiores surpresas no índice de preços dos alimentos. O aumento foi bem mais intenso do que o esperado, e isso tem mexido com a nossa realidade. A oferta de bois para abate já estava prevista para cair, mas o aumento nos preços foi muito mais acelerado. E isso não tem cara de melhora.
A pecuária no Brasil até tem se modernizado. O rebanho está mais tecnificado, com bois mais jovens e pesados, seguindo os padrões exigidos pela China e outros grandes compradores internacionais. Só que, mesmo com a produção ajustada, o Brasil viu a demanda interna subir nas últimas semanas, somada a um aumento expressivo nas exportações. Ou seja, mais carne para fora e para dentro, e isso, claro, mexeu com os preços. O IPCA, indicador da inflação, mostrou que o preço da carne subiu impressionantes 15,43% no acumulado de 12 meses até novembro. Para comparar, a inflação geral foi de 4,87%. A diferença é absurda.
Se a cotação da arroba do boi estava em torno de R$ 180 no início do ano, hoje ela já ultrapassou os R$ 350 e continua acima de R$ 300. Thiago Bernardino, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), não hesitou em comentar: “Nunca vimos uma oscilação tão rápida em tão pouco tempo.” E ele está certo. A oscilação nos preços é uma das mais intensas da história recente.
E o que vem por aí? Bom, o cenário é de mais pressão nos preços. O que se espera é que a carne fique ainda mais cara, o que vai impactar diretamente o poder de compra da população. Em um momento de taxa de juros alta, a situação não é nada boa. O futuro disso tudo vai depender de vários fatores: clima, políticas econômicas do governo e a relação entre oferta e demanda tanto interna quanto externa. O bolso do consumidor vai sentir essa conta, e isso é algo que merece nossa atenção nos próximos meses.
O que podemos concluir, então? A carne não está só cara, está caminhando para ficar ainda mais. E quem vai pagar o preço disso, mais uma vez, será o consumidor brasileiro. O setor produtivo está firme, mas a equação de preços não tem sido favorável para a nossa realidade.