Politíca
A notável escassez de deputados da Paraíba: só quatro passam da média em desempenho parlamentar
Se você tem alguma esperança de que nossos deputados federais estão de fato trabalhando por algo além de seus próprios interesses, pode começar a se decepcionar. A avaliação das atividades dos parlamentares da Paraíba no último trimestre de 2024 mostrou o óbvio: a grande maioria deles não está nem aí para a tal produtividade, e os que se destacam, fazem-no, claro, por mérito próprio – e não pela coletividade.
Sim, eu sei. você já viu essa fórmula antes. Discurso, presença nas sessões, participação em votações e, claro, a cota parlamentar. Nada de novo sob o sol. Mas o problema aqui não é a fórmula em si – é o uso rasteiro dela. A maioria dos parlamentares até consegue preencher as lacunas de presença e gastar o mínimo necessário com suas cotas, mas onde é que eles estão quando se trata de propor leis e, acima de tudo, dar um espetáculo no plenário? A análise revela que, para muitos, a política virou um jogo de “estou aqui, mas só por obrigação”.
Vou direto ao ponto: a maioria dos deputados paraibanos fez o básico e olhe lá. De 16 parlamentares, só quatro saíram da mediocridade. Entre eles, Cabo Gilberto (PL), o único que mereceu uma nota final decente – 8,84. Mas não se iluda: o que mais chamou atenção foi sua ausência de gastos abusivos na cota e uma produtividade que, ao menos, não deixa o eleitor tão envergonhado. 171 propostas, das quais 128 autorais. Pelo menos alguém fez o serviço de casa, mesmo que o discurso não tenha sido exatamente a sua praia.
Em seguida, temos Luiz Couto (PT), outro que, apesar de se destacar pela assiduidade e pelas votações, foi completamente desastroso quando o assunto foi cota parlamentar, gastando quase o total disponível. Sem contar o número de propostas… 77, e só 33 delas de sua autoria. Mais ou menos, mas poderia ter sido pior.
Mersinho Lucena (PP) e Gervásio Maia (PSB) ficaram pelo caminho, com uma performance abaixo das expectativas e ausências que nos fazem questionar se eles realmente entenderam o que significa ser um deputado federal. Discutir as falhas aqui? Preferem fugir disso com um sorriso e a desculpa da falta de tempo – o clássico “só fui ali fazer um favor”. Ah, e o tal de Gervásio ainda se atreve a apresentar 47 propostas, das quais apenas 3 são autorais. Me poupe.
Romero Rodrigues (Podemos) e Ruy Carneiro (Podemos) somam suas notas entre 6 e 7. Nenhum deles se destaca em algo muito específico. Eles simplesmente preencheram as lacunas.
Agora, o que de fato é relevante: as falhas graves. O descaso com a produtividade e o uso do cargo como um trampolim para interesses próprios se reflete em como os deputados jogam o jogo, mas sem trazer resultados concretos. Ah, e a tal cota parlamentar? O descaso com os gastos? Pois é, nada de novo por aqui, mais uma vez. O cidadão paga o preço e poucos, muito poucos, dão a cara a tapa para algo além do superficial.
Talvez se tivéssemos mais exemplos de parlamentares como Cabo Gilberto, mais disposição para cobrar, quem sabe, a política poderia ser um pouco mais honesta com quem paga a conta. Fica a dica, né?
Este foi mais um daqueles momentos em que, ao invés de ver progresso, o que sobra é a constante sensação de que, mesmo com toda a análise fria e impessoal dos dados, a realidade continua a mesma.