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Fogos com barulho serão proibidos a partir de 2025; saiba como proteger os animais neste fim de ano
Fascinantes, mas controversos: muito utilizados nas festas de final de ano, os fogos de artifício com som afetam crianças, animais, idosos e pessoas com deficiência. Com sintomas que vão do estresse ao prejuízo auditivo, a prática vai ser proibida na Paraíba. O Conselho Regional de Medicina Veterinária na Paraíba (CRMV-PB) lista cuidados com os animais e traz dicas para diminuir o sofrimento.
A lei nº 13.235/2024 veda a fabricação, a comercialização, a guarda, o transporte e a utilização dos pirotécnicos com som, mas este ano ainda será permitida a utilização de fogos com barulho, pois a legislação passa a valer em 2025.
O Conselho e outras entidades defendem o uso dos fogos silenciosos. Juntamente à Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba (OAB-PB), Ministério Público da Paraíba (MPPB) e a Defensoria Pública da União (DPU), o CRMV-PB lançou a campanha “Brilho Sim, Barulho Não”, que atuou conscientizando e orientando municípios sobre as consequências da medida nos últimos dois anos. A nova legislação é resultado dessa ação.
Para os animais, o barulho dos fogos pode ser traumático e gerar sintomas de estresse e pânico, perda auditiva temporária ou permanente, além de alterações no comportamento, o que pode levar à agressividade, medo e confusão. Também são registradas fugas e até morte de pets.
“Temos avançado, mas há muito a ser feito. Ainda temos muitos casos tristes durante as festividades, com animais fugindo e pessoas em crise. Não é preciso barulho para que seja bonito. Em mais um ano vamos insistir para que os municípios e até mesmo a população em geral não utilize fogos com som”, pontuou o presidente do CRMV-PB, José Cecílio.
Consequências – A exposição aos fogos de artifício com ruído pode causar estresse e ansiedade, perda auditiva, dor de cabeça, fadiga e alterações no sono. Além dos animais, grupos vulneráveis como idosos, crianças e pessoas que estão no espectro autista são mais afetados.
Como proteger os animais – Este ano, a Paraíba ainda contará com fogos com barulho. O zootecnista Tarsys Veríssimo, doutor em comportamento animal, orienta criar um ambiente seguro para que o cão possa se refugiar. “Em situações de estresse, cães, quando colocados todos juntos, podem brigar e se ferir. Uma alternativa é evitar deixá-los juntos, principalmente se já houver histórico de atrito”, orientou.
Outras recomendações de Tarsys Veríssimo são exercitar o cão antes da queima de fogos; usar música ou ruído branco para abafar o som dos fogos de artifício; e usar brinquedos ou petiscos para distrair os animais.
Pode ser feito ainda, segundo o zootecnista, um treinamento prévio com o animal, ensinando comandos de relaxamento, como “deitar” e “ficar”. “É fundamental não reforçar o medo do animal com atenção excessiva”, recomenda, lembrando que é fundamental manter o animal com identificação adequada, pois, caso ocorra uma fuga, fica mais fácil a localização.
“Sempre é bom destacar que o medo de fogos tanto pode surgir por conta de uma questão genética nos animais, existem cães que têm mais e outros que têm uma menor sensibilidade e não vão desenvolver medo, mas o fator ambiental influencia muito em todos os cães, ou seja, tem pessoas que agem de formas diferentes e não preparam os animais e isso contribui muito para o desenvolvimento e potencialização do medo”, explicou.
Lei – A lei nº 13.235 foi promulgada e divulgada no Diário Oficial do Estado em maio deste ano. Além de proibir o explosivo com estampido, ela limita a queima e a soltura de fogos sem efeito sonoro, sendo proibidos em edifícios residenciais e comerciais e a uma distância menor que um quilômetro de lugares como hospitais, entidades de proteção animal e Áreas de Proteção Permanente (APP).