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Dinheiro, poder e atritos: STF e Câmara entram em guerra de bastidores
Parece até briga de novela das nove, mas é a realidade nua e crua da política brasileira. Enquanto o brasileiro decide se paga a conta de luz ou compra a ceia de fim de ano, Legislativo e Judiciário travam um duelo pelo controle das emendas parlamentares. A mais recente investida foi do ministro Flávio Dino, do STF, que decidiu suspender R$ 4,2 bilhões em emendas e ainda pediu que a Polícia Federal investigasse o uso dessa grana.
“Malas de dinheiro.” Sim, Dino usou essas palavras em seu despacho, como quem joga gasolina numa fogueira já acesa. E o resultado? Parlamentares gritando aos quatro ventos que o Supremo ultrapassou os limitem. Claro, nada disso é novidade. Essa disputa de egos entre os Poderes é antiga, mas o final de 2024 trouxe um tempero extra: desconfiança e desinformação.
Arthur Lira, o todo-poderoso presidente da Câmara, não perdeu tempo. Convocou uma reunião extraordinária para decidir como revidar, mas… Cadê os parlamentares? A maioria já estava curtindo o recesso. O jeito foi improvisar: Lira mandou um ofício ao STF alegando que tudo estava dentro da lei e que as informações sobre as emendas eram públicas. Mas Dino, com sua caneta implacável, manteve o bloqueio e ainda pediu mais detalhes.
Isso deu o que falar. Como assim o STF age “só contra a Câmara”? Essa foi à linha de defesa de Lira, que, em tom quase irônico, sugeriu um “estranhamento” com o foco exclusivo na Casa Baixa. Será que Dino está mirando só em Lira? É uma dúvida que ficou no ar, mas com cheiro de pólvora.
O despacho de Dino na sexta-feira (27/12) foi direto: “Incoerências internas e contradições.” Basicamente, chamou a resposta da Câmara de bagunça. Ainda aproveitou para reforçar a ideia de “balbúrdia”, como se dissesse que o Legislativo está mais perdido do que cego em tiroteio. O STF, por sua vez, também não ficou isento de críticas. Para muitos, Dino está personificando um Supremo que age como “tutor” dos outros Poderes.
Mas Dino não foi totalmente intransigente. No domingo (29/12), liberou parte das emendas, especialmente as destinadas à saúde. Um gesto “generoso”? Difícil acreditar. Isso cheira mais a estratégia para aliviar a pressão do público e evitar que o caldo entorne de vez.
No meio dessa briga de gigantes, quem sofre é o povo. Enquanto deputados e ministros jogam com bilhões, falta dinheiro para coisas básicas. Saúde? Educação? Segurança? Parece que essas prioridades são apenas cenários secundários num jogo de poder.
O ano termina com mais perguntas do que respostas. Quem controla o dinheiro? Até onde o STF pode ir? E Lira, vai continuar peitando a Suprema Corte? O que está claro é que 2025 prometem mais capítulos desse embate. Quem sabe, talvez com menos “malas de dinheiro” e mais foco no que realmente importa.