Por que algumas pessoas parecem imunes a contrair a covid-19?

Estudo de desafio

Cientistas da Universidade de Cambridge (Reino Unido) completaram um tipo controverso de pesquisa científica, chamada “estudo de desafio”, no qual pessoas saudáveis foram expostas deliberadamente ao vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19.

O objetivo era tentar compreender por que algumas pessoas parecem ser imunes a contrair a infecção, que levou à morte cerca de 15 milhões de pessoas em todo o mundo.

As cobaias foram 16 pessoas com condições de saúde desconhecidas, mas que não tinham testado positivo para o vírus SARS-CoV-2 e nem tinham sido vacinadas contra ele.

Compre vitaminas e suplementos

A variante original do SARS-CoV-2 foi pulverizada no nariz de todos os participantes. Amostras nasais e de sangue foram coletadas antes dessa exposição e, depois, de seis a sete vezes nos 28 dias seguintes. Os participantes também fizeram testes de SARS-CoV-2 duas vezes ao dia.

Os participantes caíram em três categorias: No primeiro grupo, seis pessoas testaram positivo em ambos os testes diários durante mais de dois dias, além de apresentarem sintomas. No segundo, três participantes testaram positivo em um dos testes realizados duas vezes por dia, mas não no outro, durante não mais de dois dias, sem sintomas. No terceiro grupo, sete pessoas testaram consistentemente negativo para o coronavírus.

Gene do sistema imunológico

No total, os pesquisadores analisaram mais de 600 mil células sanguíneas e nasais de todos os indivíduos.

Os cientistas constataram que, no segundo e no terceiro grupos, os participantes produziram interferon no sangue antes de a substância ser produzida na nasofaringe, a parte superior do nariz, atrás da garganta, de onde as amostras nasais eram coletadas. A resposta do interferon, quando ocorreu na nasofaringe, foi na verdade maior nos narizes dos que estavam no segundo grupo do que no terceiro. O interferon é uma substância que ajuda o sistema imunológico a combater infecções.

Esses grupos também não apresentaram infecções ativas nas células T e nos macrófagos, que são ambos tipos de células imunológicas.

Os resultados sugerem que altos níveis de atividade de um gene do sistema imunológico, chamado HLA-DQA2, antes da exposição ao SARS-CoV-2, ajudaram a prevenir uma infecção sustentada.

Os cientistas esperam que as descobertas melhorem a compreensão das respostas celulares associadas à proteção contra a covid-19, o que poderá ajudar no desenvolvimento de novas vacinas e tratamentos.