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Os livros favoritos de 11 grandes escritores

Descobrir quais obras literárias influenciaram grandes escritores pode ajudar a compreender melhor seus próprios livros e o contexto no qual produziram suas histórias. Muitas vezes, essas escolhas revelam preferências curiosas ou inesperadas, abrindo um novo olhar sobre o estilo e as temáticas que marcam suas trajetórias.
Nesta lista, autores consagrados como Ernest Hemingway, Gabriel García Márquez, Clarice Lispector e Haruki Murakami indicam obras que consideraram essenciais para sua formação literária. Ao revelar essas preferências pessoais, eles nos permitem explorar as conexões entre diferentes escritores e períodos literários.
Confira a seguir os livros favoritos desses grandes autores e veja como algumas dessas escolhas podem surpreender você.
Ernest Hemingway — Anna Karenina, de Liev Tolstói
Hemingway não simplesmente admirava “Anna Karenina”; ele a transformou em um modelo secreto para sua própria escrita. Ao absorver as conversas precisas, as descrições vigorosas e a profundidade emocional elaborada por Tolstói, ele aprendeu o valor narrativo da autenticidade silenciosa. Este romance russo tornou-se, assim, a chave silenciosa que destrancou o método literário pelo qual Hemingway conquistou leitores ao redor do mundo.
Gabriel García Márquez — O Som e a Fúria, de William Faulkner
Para García Márquez, “O Som e a Fúria” foi mais do que uma influência: representou uma ruptura definitiva com as tradições literárias convencionais. Faulkner o ensinou a perceber o tempo não como uma linha, mas como um círculo infinito de memórias e emoções entrelaçadas. Essa percepção multidimensional pavimentou o caminho para o realismo mágico, que o autor colombiano revolucionaria em suas páginas.
Clarice Lispector — O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse
Em “O Lobo da Estepe”, Clarice reconheceu um espelho literário que refletia suas próprias inquietações sobre a existência, a solidão e a crise de identidade. Hesse lhe mostrou que é possível explorar poeticamente a angústia pessoal, transformando-a numa jornada profunda e metafísica. Essa influência discreta ressoaria posteriormente nas nuances psicológicas das personagens claricianas.
Franz Kafka — David Copperfield, de Charles Dickens
Kafka, muitas vezes associado ao absurdo, à angústia existencial e ao surreal, surpreendentemente tinha como referência máxima “David Copperfield”. Para ele, Dickens representava a maior virtude literária possível: tornar o ordinário extraordinário, transformar personagens simples em representações universais da humanidade. Essa visão de empatia literária guiou Kafka em suas próprias narrativas, nas quais o comum se transforma em cenário para grandes dilemas existenciais.
Jorge Luis Borges — Dom Quixote, de Miguel de Cervantes
Borges considerava “Dom Quixote” não como um romance, mas como uma biblioteca inteira compactada em uma única narrativa. Cervantes ensinou Borges a brincar habilmente com os limites entre realidade e ficção, entre livro e leitor, inspirando-o a criar uma literatura labiríntica que questiona constantemente a natureza da verdade e da imaginação.
Virginia Woolf — Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust
Woolf viu em “Em Busca do Tempo Perdido” uma revolução silenciosa da narrativa moderna. Ao explorar a consciência e a memória de forma inédita, Proust mostrou-lhe como o passado pode coexistir ativamente com o presente no espaço narrativo. Inspirada nessa técnica delicada e profunda, Woolf consolidou sua própria abordagem revolucionária sobre o tempo e o fluxo da consciência em suas obras.
Fiódor Dostoiévski — Eugênio Oneguin, de Alexander Pushkin
Dostoiévski referia-se a “Eugênio Oneguin” como a alma literária da Rússia. Pushkin sintetizava, para ele, toda a complexidade emocional e cultural russa em personagens inesquecíveis, profundamente humanos e vulneráveis. A partir desse exemplo, Dostoiévski aprofundou sua própria escrita, criando personagens cuja dimensão psicológica refletia os conflitos mais profundos da alma humana.
James Joyce — Madame Bovary, de Gustave Flaubert
Joyce via em “Madame Bovary” uma expressão de perfeição formal e narrativa incomparável. Flaubert lhe ensinou o valor obsessivo da palavra exata, da frase perfeita, e mostrou que a literatura poderia ser profundamente reveladora das fragilidades humanas. Joyce absorveu esses ensinamentos com rigor absoluto, levando-os ao extremo em sua própria reinvenção do romance moderno.
Haruki Murakami — O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald
Para Murakami, “O Grande Gatsby” não é apenas um romance, mas uma melodia literária que sintetiza sonhos perdidos, esperança e desilusão. Fitzgerald mostrou-lhe como construir atmosferas delicadamente melancólicas e personagens cuja complexidade emocional transcende o enredo simples. Murakami aplicou essas lições às suas narrativas, tornando-se mestre em retratar a solidão e a beleza dos encontros fugazes.
Charles Bukowski — Pergunte ao Pó, de John Fante
Bukowski afirmava categoricamente que John Fante foi o autor decisivo em sua formação literária, especialmente com o livro “Pergunte ao Pó”. Ao descobrir Fante, encontrou a sinceridade crua, a força das emoções cotidianas e o estilo direto e despojado que sempre buscara. A escrita honesta e visceral de Fante ensinou Bukowski que a literatura poderia emergir diretamente da vida, com suas dores, desejos e desesperos, transformando-se na principal inspiração para sua própria obra literária.
Stephen King — 1984, de George Orwell
King encontrou em “1984” algo além de uma visão aterradora do futuro. Enxergou ali a essência profunda do medo humano: a perda da liberdade, a vigilância sufocante e a desesperança frente ao poder. Orwell mostrou-lhe que o terror mais assustador não vem dos monstros tradicionais, mas da realidade distorcida e opressiva, uma lição que King incorporou em suas próprias narrativas perturbadoras.