Saúde
Respiração e visão estão conectadas: Nossa pupila varia conforme respiramos
O efeito aconteceu em todas as situações testadas

Respiração altera tamanho da pupila
Há mais de um século, conhecemos três mecanismos que podem alterar o tamanho da nossa pupila: A quantidade de luz, a distância do foco e fatores cognitivos, como emoção ou esforço mental.
Agora, cientistas descobriram um quarto mecanismo: A respiração.
Martin Schaefer e colegas do Instituto Karolinska (Suécia) descobriram que a pupila é menor durante a inspiração e maior durante a expiração – e em uma intensidade que pode afetar nossa visão.
Assim como a abertura do obturador de uma câmera, a pupila controla a quantidade de luz que chega ao olho. Portanto, ela é fundamental para nossa visão e como percebemos nossos arredores. Mas ninguém sabia que a respiração influenciava seu funcionamento.
“Este mecanismo é único, pois ele é cíclico, sempre presente e não requer estímulo externo. Como a respiração afeta a atividade cerebral e as funções cognitivas, a descoberta pode contribuir para uma melhor compreensão de como nossa visão e atenção são reguladas,” disse o professor Artin Arshamian, coordenador da equipe.
O efeito persistiu mesmo quando os mais de 200 participantes respiravam rápida ou lentamente, pelo nariz ou pela boca, se as condições de iluminação ou a distância de fixação variavam, ou se eles estavam descansando ou realizando tarefas visuais.
Efeito sobre a visão
A diferença no tamanho da pupila entre a inspiração e a expiração é grande o suficiente para, ao menos teoricamente, afetar a visão.
E é justamente nesse aspecto – se a alteração da pupila induzida pela respiração afeta a visão – que a equipe pretende trabalhar agora. “Nossos resultados sugerem que nossa visão pode alternar entre otimizar para distinguir pequenos detalhes quando inspiramos e detectar objetos tênues quando expiramos, tudo dentro de um único ciclo respiratório,” hipotetizou Schaefer, que pretende testar se isso é mesmo verdade.
A descoberta também pode ter implicações clínicas. “Uma aplicação potencial são novos métodos para diagnosticar ou tratar condições neurológicas como a doença de Parkinson, onde danos à função pupilar são um sinal precoce da doença,” disse Arshamian. “Isso é algo que queremos explorar no futuro.”