Politíca
“Ô Hugo, cadê tua coragem?” — Motta se esquiva da anistia e diz que não vai botar fogo na crise dos Poderes
Por mais que o povo berre nas ruas, Hugo Motta, com fala mansa e cheia de cuidado, diz que não vai se meter em confusão. Mas será que foi a conversa com Lula lá na China que amansou esse cabra?

Por Roberto Tomé
O presidente da Câmara dos Deputados, o paraibano Hugo Motta (Republicanos), voltou da viagem com Lula mais calado que menino com culpa no juízo. Depois de circular com o presidente lá pras bandas da China, chegou dizendo que não vai botar lenha na fogueira do tal Projeto de Anistia, que busca livrar da cadeia gente que tá pagando por erro dos outros — uns inocentes trancados enquanto os verdadeiros culpados tão soltos, zombando nas redes sociais.
Segundo Motta, “não contem com esse presidente pra piorar o que já tá ruim”. A fala foi dada nessa segunda-feira (7), num evento em São Paulo. Mas a pergunta que fica é: será que ele tá mesmo pensando no povo ou tá querendo agradar os compadres de terno e gravata?
Na véspera, o povo se amontoou na Avenida Paulista, num grito só por justiça e anistia. Era gente de todo canto, patriota, pai de família, mãe aflita, pedindo que os deputados olhem pros que tão mofando na cadeia sem prova no processo. Mas Motta, mesmo vendo o povo, fechou os olhos e endureceu o coração. Disse que respeita manifestação, mas quem manda na pauta do Congresso é ele — mostrando que o grito da rua parece não ecoar no ar-condicionado de Brasília.
“Sou amante da democracia”, disse ele. Mas democracia sem escutar o povo vira só discurso bonito em cima de palanque.
E num discurso já bem ensaiado — parece até que foi escrito durante o voo de volta da China — Motta desconversou, botou panos quentes e mandou aquela ladainha de sempre: “cada partido defende o que quiser”, “não cabe ao presidente ser sensor de pauta”, “não vamos transformar isso aqui numa guerra de nervos”. No fim das contas, só faltou dizer que “é melhor deixar tudo como está”…
No meio de tanta falação bonita, uma coisa ficou clara: Hugo tá mais preocupado em manter a tal da “harmonia entre os Poderes” do que em defender quem tá injustamente preso, vendo a vida parar, longe dos filhos, longe do trabalho, largado à própria sorte.
“Temos que corrigir os exageros sem aumentar a crise”, disse. Mas pra quem tá atrás das grades por ter gritado no lugar errado, em dia errado, exagero é ver quem mandou fazer a bagunça solto, rindo da cara dos que pagam sem dever.
O discurso dele é cheio de palavras boas de ouvir — sensibilidade, responsabilidade, pacificação — mas por trás delas, o que se vê é medo de comprar briga, de dar cara à tapa. Fala que o Brasil tem problemas demais pra perder tempo com “uma pauta só”, mas se esquece que atrás dessa pauta tem gente sofrendo, família chorando e um povo cada vez mais descrente da tal justiça.
Parece até que pra ele, o Congresso virou um clube fechado, que só funciona se for tudo acertado entre Senado, Executivo e Judiciário. E o povo? Fica só olhando da calçada.
Pra arrematar, ele soltou mais uma daquelas frases de efeito:
“Se a gente ficar só olhando pra trás, a vida do povo vai continuar difícil”.
Só que, seu Hugo, enquanto o senhor olha pra frente pensando nas alianças políticas, tem gente presa olhando por trás das grades, pedindo socorro.
Cordel de encerramento:
No sertão, homem de fibra
Não corre da decisão
Olha o povo, escuta o grito
E enfrenta a situação.
Mas tem cabra lá em Brasília
Que só fala, se esquiva e gira…
E o povo nordestino pergunta:
Cadê tua coragem, Motta? Sumiu na volta da China?
🌵 No sertão, o povo diz logo: “quem muito se explica, tem culpa no cartório”…
E nesse lenga-lenga todo, fica o povo nordestino se perguntando: será que Motta amarelou ou foi convencido? Tá defendendo a democracia ou defendendo o cargo?
Seja qual for a verdade, uma coisa é certa: o povo não é besta e continua de olho. Porque enquanto Brasília enrola, tem inocente mofando no xadrez, esperando justiça chegar montada num jumento que anda devagar demais.