AGRICULTURA & PECUÁRIA
Milho: com 2ª safra e produção de etanol, Brasil dá exemplo de sustentabilidade
Uso do biocombustível como substituto da gasolina reduz em mais de 70% as emissões de carbono e algumas indústrias já conseguem devolver o gás ao subsolo do planeta
A questão do uso da terra e o embate sobre combustível versus comida sempre permeou discussões quanto ao uso do milho para a fabricação de etanol. Todavia, os argumentos contrários têm perdido força quando se olha para a realidade brasileira.
A matéria-prima para o biocombustível não concorre com a produção de alimentos, porque ela é de segunda safra. Não menos que 76% da produção anual de milho é cultura de sucessão e no que se refere à sustentabilidade, há outras vantagens
Engenheiro agrônomo associado à consultoria Markestrat, Vinícius Cambaúva participou da equipe que elaborou um estudo a respeito da cadeia do etanol de milho.
“Existe todo um contexto de economia circular integrando a cadeia produtiva da cana-de-açúcar e a cadeia da pecuária com os co-produtos. Quando a gente estimula o setor, isso gera emprego e desenvolvimento para a região. Com o modelo flex, existe a diminuição da ociosidade, possibilitando que outras oportunidades sejam geradas”, afirma.
Devolução de carbono ao subsolo
Quanto à pegada de carbono no processo industrial do etanol – que é a quantidade de emissões na atmosfera -, algumas empresas dispõem de tecnologia que permite a devolução do carbono ao subsolo do planeta.
“A gente emite pouco mas emite. Nós temos um projeto que pega o CO2 gerado na fermentação, lava ele, pressuriza e joga no subsolo de forma sustentável e correta”, afirma o gerente industrial da Fueling Sustainability (FS), Fernando Martinelli.
Etanol em substituição à gasolina
Na cidade, o etanol também se mostra eficiente como uma alternativa para combater o efeito estufa. De acordo com o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, o uso do etanol como substituto da gasolina diminui mais de 73% as emissões de carbono.
No último relatório divulgado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), a frota flex circulante no Brasil em 2021 chegou a 72,7%. Já a frota movida exclusivamente a gasolina diminuiu a participação de 17% para 15% em um ano.
Ainda que haja muitos desafios a serem vencidos, o etanol se destaca como agente importante para a mobilidade sustentável.
Segundo o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, esse setor tem avançado a passos largos para soluções que possam contribuir efetivamente com toda a redução dos gases de efeito estufa dos compromissos internacionais que o Brasil tem.