AGRICULTURA & PECUÁRIA
Café tem maior alta desde início de junho nas bolsas e preço avança no Brasil
Preocupação é que a safra brasileira de 2022 pode ter ficado abaixo das estimativas anteriores
O mercado físico de café foi marcado pela elevação dos preços nesta quarta-feira (24), acompanhando a forte valorização do arábica na Bolsa de Nova York e do robusta na Bolsa de Londres.
As negociações foram ativas no dia, com maior movimentação, mas ainda sem volumes expressivos envolvidos, segundo a Safras & Mercado.
A avaliação é de que o produtor está esperando que os preços subam mais, e o comprador ficou assustado. Assim, de acordo com a consultoria, o mercado foi mais ativo na comparação com outros dias, mas sem grandes volumes movimentados.
Veja como se ficaram os preços do café em relação ao dia anterior
- Sul de Minas: o café arábica bebida boa com 15% de catação ficou em R$ 1.330 (compra) a R$ 1.350 (venda), ante R$ 1.310/R$ 1.340
- Cerrado mineiro: arábica bebida dura com 15% de catação teve preço de R$ 1.340/R$ 1.360 a saca, contra R$ 1.295/R$ 1.320 a saca
- Zona da Mata de Minas Gerais: arábica “rio” tipo 7, com 20% de catação, R$ 1.090/R$ 1.100 contra R$ 1.050/R$ 1.080
- Vitória (ES): conilon tipo 7, ficou em R$ 745/R$ 755, a saca, no comparativo com R$ 740/R$ 745
Café em Nova York
A Bolsa de Mercadorias de Nova York (Ice Futures US) encerrou as operações de café arábica desta quarta feira com preços acentuadamente mais altos.
Os valores bateram nos níveis mais altos desde 2 de junho, e o mercado testou na subida a linha importante técnica e graficamente de US$ 2,40 a libra-peso.
Os ganhos estiveram ligados a fundamentos, aspectos técnicos e também financeiros. Nos fundamentos, cresce no mercado a indicação de que a safra de 2022 do Brasil pode ter ficado abaixo das estimativas anteriores, diz a Safras & Mercado.
A produção foi muito prejudicada pelo clima seco e geadas em 2021 e era para ser de ciclo alto produtivo dentro da bienalidade cafeeira.
A questão agora é que o rendimento pode ficar ainda aquém do que se imaginava.
E para a safra 2023 os temores são crescentes, porque as regiões enfrentam no geral falta de umidade prolongadamente.
Para piorar, há relatos de que até houve recentes precipitações, mas essas podem ter gerado a abertura de floradas precoces, que devem ser abortadas pela falta de continuidade na umidade, prejudicando já a safra futura de 2023.
Segundo o consultor de Safras & Mercado Gil Barabach, os ganhos no petróleo, que volta a trabalhar acima da linha de US$ 100 o barril para o tipo brent, ajuda a puxar o índice de commodities CRB e serve de gatilho de alta para o café.
A queda do dólar frente ao real também favorece a alta do arábica nova-iorquino. Além desses fatores financeiros, o mercado também reflete o aperto na oferta do disponível.
A queda na produção de suave da Colômbia e de robusta no Vietnã, neste fim de ciclo comercial, e os indicativos de que a safra brasileira de arábica pode ficar abaixo do esperado inicialmente, servem de suporte fundamental, comenta.
O café ao romper importantes resistências ganhou força técnica de alta. O reporte de floradas precoces, embora vistosas, trouxe mais pessimismo que otimismo, uma vez que os mapas não indicam chuvas ao longo das próximas semanas. E isso eleva o risco de abortamento. Assim, a primeira impressão em relação à próxima safra brasileira não é tão positiva como o mercado esperava, adverte Barabach.
Cotações futuras do café
Os contratos com entrega em setembro/2022 fecharam o dia a 242,95 centavos de dólar por libra-peso, valorização de 12,3 centavos, ou de 5,3%. A posição dezembro/2022 fechou a 239 centavos, alta de 10,75 centavos, ou de 4,7%. Na máxima do dia, o contrato bateu em 240 centavos, mas não conseguiu superar esse nível.