Internacional
Após dois anos de pausa, Oktoberfest volta a Munique
Empolgação com retorno da principal festa da capital bávara é ofuscada pela forte alta de preços provocada pela guerra na Ucrânia. Cerveja está cerca de 15% mais cara em relação a 2019
Após dois anos de pausa devido à pandemia de covid-19, a Oktoberfest está de volta a Munique. Mas, embora os cervejeiros estejam mais do que felizes em ver o retorno da festa, uma das principais atrações turísticas da capital da Baviera, tanto eles quanto os visitantes sofrem a pressão da inflação de uma forma que dificilmente poderia se imaginar da última vez que o evento foi realizado, em 2019.
A festa da cerveja se inicia ao meio-dia deste sábado (17/09), quando o prefeito de Munique abre o primeiro barril e anuncia “O’zapft is” (o barril está aberto, em dialeto bávaro).
A caneca de cerveja de um litro custará este ano entre 12,60 e 13,80 euros (de R$ 66 a R$ 72,20), um aumento de cerca de 15% em relação a 2019, segundo o site oficial da Oktoberfest.
Isso é reflexo da inflação que atravessa a economia alemã. Os altos preços do gás natural devido às consequências da guerra da Rússia contra a Ucrânia catapultam os custos da energia tanto para as empresas como para os consumidores em geral, enquanto o aumento da demanda provocado pelo fim da pandemia tornam mais difícil o acesso a peças e matérias-primas.
Carestia afeta desde cevada a vidro para garrafas
A inflação atingiu 7,9% anual na Alemanha em agosto, e um recorde 9,1% nos 19 países que adotam o euro. Consequentemente, as cervejarias alemãs estão enfrentando custos crescentes em toda sua cadeia de produção, com preços crescentes que afetam desde ingredientes como cevada e lúpulo, até os materiais para fabricar tampas de cerveja e embalagens.
O processo de fabricação de cerveja é muitas vezes alimentado por gás natural, e os preços para malte de cevada mais do que duplicaram. As garrafas de vidro aumentaram 80%, já que os fabricantes de vidro pagam mais pela energia. As tampas de garrafas aumentaram 60%, e até a cola para rótulos está em falta.
“Os preços de tudo mudaram significativamente este ano”, constata Sebastian Utz, técnico-chefe da tradicional cervejaria Hofbräuhaus de Munique, cujas raízes vão até 1589. “Para fabricar cerveja você precisa de muita energia, e também para refrigeração. E ao mesmo tempo, precisamos de matérias-primas, como malte de cevada, lúpulo, cujos preços aumentaram.”
Também subiram os custos do papelão, aço inoxidável para barris, paletes de madeira, material de limpeza para lavar os tanques. “São preços que a indústria cervejeira alemã nunca viu antes”, diz Ulrich Biene, porta-voz da histórica cervejaria familiar Veltins, de Grevenstein, marcas que não é vendida na Oktoberfest.
Hotéis e gastronomia comemoram
De qualquer forma, a Oktoberfest é um impulso muito necessário aos hotéis e estabelecimentos gastronômicos de Munique. “É lindo”, festeja o prefeito Dieter Reiter. “Você pode ver que o entusiasmo voltou.” Ele minimiza as preocupações sobre um grande evento durante a pandemia, dizendo que a disseminação do coronavírus é “não mais o fator decisivo” e acrescentando: “Vamos ver como vai ser.”
Cerca de 487 estabelecimentos, incluindo cervejarias, restaurantes e expositores, participam da Oktoberfest. Serão 17 grandes tendas de festa e 21 tendas menores, com um total de 120 mil lugares, num terreno de 34 hectares. O horário de abertura será ainda mais extenso que no passado, com as primeiras tendas abrindo às 9h e fechando às 22h30.
Em 2022, a Oktoberfest o evento vai de 17 de setembro a 3 de outubro. Nos anos anteriores à covid-19, ela costumava atrair anualmente 6 milhões de visitantes a Munique, muitos deles vindos do exterior. Antes da pandemia, a festa bávara com 200 anos de história só havia sido cancelada em tempos de guerra.