AGRICULTURA & PECUÁRIA
Brasil pode superar a Índia em 2023 na produção de grãos
Dados oficiais da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que, nos últimos anos, o país se manteve como o quarto maior produtor mundial de grãos e o segundo maior exportador. Porém, quando o assunto é soja, o Brasil é o maior produtor e exportador, ocupando 50% do comércio mundial. Café e açúcar batem recordes de produção. E o grande desafio é aumentar a produção de trigo, milho, cevada e pescado.
O Brasil continua na quarta posição na produção mundial de grãos (arroz, cevada, milho, soja e trigo). Estudo recente realizado pela Embrapa, O Agro no Brasil e no Mundo, edição 2022, indica que o país alcançou uma produção de 250 milhões de toneladas em 2021. Estados Unidos e China são os grandes líderes, seguidos da Índia e Brasil. Porém, em 2023, a previsão é de o Brasil superar a Índia e se tornar o terceiro produtor mundial.
Os dados foram obtidos a partir da plataforma FAOSTAT, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para o período de 2000 a 2020, com estimativas para 2021. Os autores do estudo são o físico e analista em Ciência de Dados Adalberto Aragão e o pesquisador Elísio Contini, com apoio técnico da analista Giani Tavares, da Rede de Observatórios da Embrapa.
Quando o assunto é soja, de acordo com as projeções, o país segue na liderança, respondendo por mais de um terço da produção mundial. Foram 131 milhões de toneladas produzidas, em 2021. Ao mesmo tempo, é o maior exportador do grão, com 91 milhões de toneladas (50% do comércio mundial) e um faturamento de 31 bilhões de dólares. “Tanto a produção quanto as exportações de soja estão altamente concentradas em três países: Brasil, Estados Unidos e Argentina”, explica o pesquisador Elísio Contini.
Na produção de milho, o Brasil consolida-se como o terceiro grande produtor, com 105 milhões de toneladas em 2021, atrás apenas dos Estados Unidos e China. Nas exportações, o país somou 39 milhões de toneladas, com um faturamento de 5,9 bilhões de dólares, um pouco abaixo do ano de 2020, quando as exportações nacionais somaram 6 bilhões de dólares e 38 milhões de toneladas exportadas.
Importante alimento no mundo, principalmente para países com grandes populações na Ásia, o Brasil não obteve aumentos expressivos na produção de arroz, nas últimas duas décadas. E segue ocupando a 9ª posição mundial. Do montante produzido, quase a totalidade foi destinada ao consumo interno, somente 2% seguiram para exportação. Os grandes líderes mundiais em exportação de arroz são Índia e Tailândia, com 50% do mercado internacional.
Grão produzido primordialmente em regiões subtropicais e temperadas, com destaque para Rússia, França, Alemanha e Austrália, a produção de cevada no Brasil ainda é baixa e o país ocupa a 46ª posição mundial. O Brasil comprou 194 milhões de dólares, em 2021, e 2,4 bilhões de dólares, entre 2000 e 2021. “Há espaço para o aumento da produção como cultura de inverno no sul do país e como cultura irrigada no Centro-Oeste, diminuindo a grande dependência das importações da cevada utilizada na fabricação da cerveja brasileira”, ressalta Adalberto Aragão.
País segue comprando trigo no exterior, mas com estratégia de redução das importações para os próximos anos
Apesar de o Brasil ter aumentado sua produção de trigo nos últimos anos, sua posição relativa não se alterou, tendo sido o 23º maior produtor mundial e importante importador. A estratégia é diminuir a dependência externa deste produto básico, para os próximos anos. Os maiores produtores mundiais de trigo são historicamente China, Índia, Rússia e EUA, com 46,4%. Esse panorama de concentração manteve-se em 2021 com 49,2%.
País é o maior exportador de carne bovina, mas fatura menos que Austrália e Estados Unidos em dólares
Em 2021, o Brasil ocupou o posto de maior exportador de carne bovina, com 15,3%, ou seja, 2,5 milhões de toneladas, com tendência de leve aumento em sua participação.
Como grandes exportadores, seguiram Austrália (11%) e EUA (9,4%) com tendência de queda. Porém, em termos de valores, o país exportou 7,7 bilhões de dólares de carne bovina em 2021 e 120 bilhões nas duas últimas décadas. A despeito de ter sido o maior exportador em termos de volume, o Brasil ocupou apenas a terceira colocação em valor exportado em dólares.
Austrália e Estados Unidos lideraram esse quesito com mais de 13% cada. Para Elísio Contini, trata-se de países que têm agregado maior valor ao comércio da carne bovina. “Há um desafio relacionado à agregação de valor na exportação de carne bovina por parte do Brasil. É importante obter avanços na cadeia produtiva, em todos os elos, desde a pesquisa, aspectos sanitários até o processamento final”, esclarece Contini.
Maior rebanho bovino do mundo está no Brasil
O Brasil segue sendo o país com o maior rebanho bovino do mundo, representando 14,2% do total, com 218 milhões de cabeças, seguido pela Índia com 193 milhões de cabeças. Em relação à produção de carne bovina, o país foi o segundo maior produtor com 10 milhões de toneladas, equivalentes a 14,9% do total do mercado internacional. A posição relativa do Brasil, nos últimos 22 anos, não apresentou mudança significativa.
Os Estados Unidos continuaram como os maiores produtores de carne bovina com 17,8% do total em 2021. Mereceu destaque ainda a China com 8,8%. Os três principais produtores somaram 41,5% da produção mundial. Por outro lado, quando somadas juntas a produção de carne bovina, suína e de frango, o Brasil mantém a 3ª posição mundial. São 29 milhões de toneladas em 2021, com 9,4% do mercado mundial. Destaques para China com 21,8% e Estados Unidos com 14,9% em 2021. Os três principais produtores somaram 46,1% do total.
Frangos e suínos
Apesar de importante para o consumo interno e para as exportações, o Brasil possuía apenas o quinto maior rebanho de galináceos do mundo em 2021, com 4,4% do total, ou 1,5 bilhão de cabeças. Destaque para os três maiores rebanhos: EUA (26,9%), China (14,5%) e Indonésia (11,9%), totalizando 53,3% do total.
Em 2021, as exportações brasileiras de carne de aves corresponderam a 5,9 bilhões de dólares, ou seja, 17% do total mundial. Nos últimos 22 anos, o Brasil já exportou 140 bilhões de dólares do produto (20,2%). Outros países exportadores importantes foram EUA, Holanda, Tailândia e Polônia.
O Brasil possuía o terceiro maior rebanho suíno do mundo (2021), com 42 milhões de cabeças, ou seja, 4,5% do total. O destaque foi a China com 40,1% do rebanho mundial, seguida dos Estados Unidos (8,6%).
Em valores comercializados, o Brasil ocupou a oitava posição nas exportações de carne suína com 1,9 bilhão de dólares em 2021 e a décima posição com 34 bilhões nos últimos 22 anos. Em 2021, as exportações de Espanha, Estados Unidos e Alemanha geraram ganhos significativos, somando 44,3% do total.
Pescado ainda é o grande desafio brasileiro
Apesar da imensa costa marítima e da relativa abundância de águas internas, o Brasil foi o 21º maior produtor mundial de pescado com 1,4 milhão de toneladas de peso vivo, ou menos de 1% do total em 2021. No comércio mundial de pescado em 2021, a China também se consolidou como o maior país exportador: foram 4,5 milhões de toneladas (11%), seguida pela Noruega e pela Rússia, 6,3% e 5,9%, respectivamente.
Recorde na produção de açúcar e café em 2021
O Brasil foi o maior produtor mundial de açúcar, com mais de um terço da produção do planeta. No cenário mundial, o segundo maior produtor foi a Índia com 17,1% (2021) que, somada ao Brasil, ultrapassa a metade da produção mundial. O país se consolidou como o maior exportador mundial de açúcar, com 25 milhões de toneladas, equivalentes a 33,1% do total.
Na produção de café (em grãos), em 2021, o Brasil liderou com 32% do mercado internacional, ou 3,4 milhões de toneladas. Em segundo lugar esteve o Vietnã, com 16,8%, seguido pela Colômbia, com 10,5%. O Brasil foi responsável por mais de um quarto (27,9%) das exportações mundiais de café, comercializando 2,2 milhões de toneladas, melhorando a sua participação relativa dos últimos dois decênios neste mercado.
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