AGRICULTURA & PECUÁRIA
Abandonado pela mãe, nelore vira animal de estimação e faz sucesso na cidade
Dois anos atrás, o boi Xerife chegou à casa da família Cardoso, no interior paulista, como quem não queria nada e ganhou espaço especial no coração de todos
Toda hora alguém para na frente da casa da família Cardoso, na área urbana de José Bonifácio (SP), para ver a nova celebridade local: o boi Xerife. O nelore de dois anos e aproximadamente 430 quilos se tornou um animal de estimação após ser abandonado pela mãe.
Essa história inusitada começa em setembro de 2018. O pecuarista Rafael Cardoso havia comprado alguns animais vindos do Tocantins para revendê-los, como faz de costume. Porém, quando a carreta chegou à cidade, a mãe de Xerife deu à luz. Por ser um animal muito jovem e sem leite, a fêmea rejeitou a cria e o produtor teve que se virar.
“Procurei ver alguém que tivesse vacas de leite para criá-lo. Até achei um sítio, a 30 quilômetros da cidade. Coloquei o Xerife na caminhonete, no banco da frente, e foi quando tomei a decisão de que ficaria com ele. Ele era muito bonito, e eu fiquei com bastante dó”, relembra Rafael.
O pecuarista ligou para os pais e pediu para deixar o animal na casa, no meio da cidade, por alguns dias. “Agora, no dia 20 de setembro, fez dois anos”, diz, segurando o riso. “Eles achavam que seria por 15 dias, mas depois foram pegando amor. Uma vez eu viajei e ele acabou ficando doente, e todo mundo ficou preocupado e cuidou dele. Já tentei levá-lo embora e meus pais não deixam mais”, completa.
Por não ter recebido o colostro e nem ter sido alimentado pela mãe, a saúde de Xerife passou por poucas e boas no começo. “Estava sem imunidade, ele quase morreu. Criamos na mamadeira por quatro, cinco meses. Depois, ele passou a comer ração”, conta.
O produtor diz que, apesar de nelores serem animais mais arredios quando criados em campo, Xerife é bastante dócil por ter sido criado desde o primeiro dia longe de outros animais. E a convivência com os cães da casa também moldou o comportamento do bicho. “Quando eles latem, ele berra. Corre junto dos cachorros para ficar olhando a porta”.
Com muito amor e cuidado, o nelore venceu as dificuldades e cresceu. Cresceu tanto, aliás, que a família precisou adaptar uma área de 20 metros de largura por 50 de comprimento da casa, onde antes havia um orquidário, para comportar o animal. “Ele comeu tudo [as flores], então hoje não tem mais nada. Colocamos uma cerca entre esse campinho e a varanda, para ele não ficar entrando dentro da casa”, diz Rafael.
Xerife e o pitbull sansão.
Rafael afirma que, se os pais permitirem, o plano é levar Xerife para alguma propriedade com poucos animais em alguns anos. “Mas é um animal do qual nunca vamos nos desfazer. Ele vai morrer de velho”, frisa.