CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Celular e hipertensão: uma combinação perigosa que você precisa conhecer
Pesquisa chinesa revela correlação entre o tempo das ligações semanais e o aumento dos riscos à pressão arterial. Análise demorou 12 anos
Um estudo recente publicado na revista científica European Heart Journal – Digital Health traz um alerta importante para quem utiliza muito o celular. Ele aborda as consequências que esse hábito gera para a saúde.
De acordo com a pesquisa, nem é preciso passar muito tempo ao telefone para já ocasionar algo. Se você fala ao celular por pelo menos 30 minutos por semana, pode ser que tenha 12% a mais de risco de hipertensão.
O estudo foi desenvolvido pelo professor Xianhui da Southern Medical University, na China. Ele ainda precisa de mais pesquisas para confirmar os resultados, mas a recomendação está dada: tente reduzir o tempo das ligações.
“Parece prudente reduzir ao mínimo as chamadas de telefone celular para preservar a saúde do coração“, orienta o professor em comunicado divulgado à imprensa.
Motivo
Apesar de as ligações estarem cada vez mais obsoletas, diante do avanço de aplicativos de conversa e outas opções de comunicação, o alerta não deixa de ser importante.
A explicação para a associação entre o uso de celular e a hipertensão seria, principalmente, a emissão de baixos níveis de radiofrequência pelos aparelhos.
A exposição a esse tipo de raio tem sido associada ao aumento da pressão arterial em diversas análises científicas.
Até então, os estudos chegaram a resultados inconsistentes, mas os chineses à frente da pesquisa atual acreditam que isso tenha ocorrido porque eles incluíram outros usos, além das ligações, como mensagens de texto, jogos e outros.
Análise demorou 12 anos
A pesquisa chinesa analisou dados do UK Biobank. Ao todo, foram 212.046 adultos, com idade entre 37 e 73 anos, e que estavam sem hipertensão no início do estudo.
As informações sobre o tempo de ligações e uso do celular foram coletadas por meio de questionários. No início do levantamento, buscou-se identificar aspectos, como anos de uso, horas por semana e uso do viva-voz.
Aqueles que utilizavam o celular para falar com alguém via ligação pelo menos uma vez por semana foram definidos como usuários de telefone celular e foram acompanhados por um período de 12 anos.
Os resultados indicaram as seguintes questões: 7% dos participantes desenvolveram hipertensão, ou seja, utilizar o celular apenas para fazer ligações pode acarretar esse tipo de consequência para a pressão arterial.
Aumenta conforme o uso
A tendência tende a piorar, conforme o tempo de uso. Os resultados foram semelhantes para mulheres e homens. O que ficou comprovado foi que falar ao celular por meia hora, durante a semana, aumenta em 12% as chances de hipertensão, em relação às pessoas que utilizam o aparelho por um tempo menor.
Aqueles que falam de 30 a 59 minutos por semana tiveram um aumento de risco associado de 8%. De 1h a 3h, aumentou para 13%; de 4h a 6h, risco de 16%; e, acima de 6h, a taxa foi de 25%.
Todos esses casos foram comparados à situação de usuários que gastaram menos de 5 minutos por semana fazendo ou recebendo chamadas pelo celular.
A hipertensão
A descoberta preocupa pois está relacionada a um dos problemas cardiovasculares mais comuns no mundo, hoje. A hipertensão acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (14 por 9).
A condição é capaz de danificar artérias, diminuindo o fluxo de sangue e oxigênio, o que pode acarretar ataques cardíacos e até acidente vascular cerebral (AVC).
Em 90% dos casos, a doença é herdada dos país, mas existem outros fatores de risco, além do uso de celular, como tabagismo, obesidade, colesterol alto, sedentarismo, estresse, elevado consumo de sal e consumo de bebidas alcóolicas.