Internacional
Biden no Brasil: já elogiou Dilma, apoiou Temer e visitou favela no Rio
Joe Biden, declarado eleito presidente dos Estados Unidos pelas principais empresas de comunicação norte-americanas, fez duas visitas oficiais ao Brasil enquanto vice-presidente da gestão Barack Obama. O democrata esteve no país em maio de 2013 e em junho de 2014.
Na 1ª passagem, ficou 4 dias no Brasil, entre Brasília e Rio de Janeiro. Ele chegou a visitar uma favela carioca, o Morro da Dona Marta, onde esteve por cerca de 45 minutos.
Em discurso no Pier Mauá, na capital fluminense, elogiou a então presidente Dilma Rousseff por políticas de redução da desigualdade. Segundo ele, o governo brasileiro mostrou que “política econômica e desenvolvimento social podem andar juntos”.
“Queremos aproveitar esta grande oportunidade. O Brasil se tornou a 7ª maior economia e ficou notável nos últimos 20 anos. Vocês derrotaram a inflação, tiraram 40 milhões da milhões da miséria”, afirmou Biden.
“O Brasil mostrou que não é preciso que uma nação escolha a democracia ou desenvolvimento. Os brasileiros mostraram que política econômica e desenvolvimento social podem andar juntos”, disse.
A relação entre os governos brasileiro e norte-americano, no entanto, piorou em setembro de 2013, após acusações de que os Estados Unidos espionaram dados de autoridades brasileiras, incluindo Dilma.
As acusações, feitas por Edward Snowden em junho de 2013 e publicadas por Glenn Greenwald através dos jornais The Guardian e The Washington Post, trouxeram à tona o sistema de vigilância executado pelos Estados Unidos através da NSA (National Security Agency) em outros países.
Em reação, a então presidente adiou a visita de Estado que faria aos norte-americanos em outubro daquele ano. A 2ª visita de Biden, em junho de 2014, serviu para mediar o conflito.
Joe Biden e Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em junho de 2014Divulgação/Presidência da República
Em reunião no Palácio do Planalto, Biden deu explicações sobre a suposta espionagem e conversou com Dilma sobre a necessidade de esforço comum em prol de uma internet segura, algo que, segundo ele, o Brasil vinha liderando.
“Claro que discutimos o programa de vigilância dos Estados Unidos revelados no ano passado. Sei que o assunto é bastante importante às pessoas aqui. Bem francamente, bastante importante às pessoas dos Estados Unidos também. E a presidente Rousseff e eu tivemos a chance de ter uma conversa franca”, afirmou, após o encontro.
Na visita, Biden ainda assistiu à partida de estreia dos Estados Unidos na Copa do Mundo, contra a seleção de Gana, e visitou o então vice-presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. Os 2 se conheceram em 2012, durante a posse do presidente do México, Enrique Peña Nieto.
Os vice-presidentes Joe Biden e Michel Temer saem de reunião no Palácio do Jaburu, em Brasília, em junho de 2014Flickr/Michel Temer
Biden e Temer voltaram a se encontrar em setembro de 2016, poucas semanas após o brasileiro assumir a presidência de forma definitiva, em 31 de agosto daquele ano, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O encontro ocorreu em Nova York, nos Estados Unidos, a convite do norte-americano.
O presidente eleito dos Estados Unidos chegou a se manifestar sobre o processo de impeachment que levou Temer à Presidência. Ainda no cargo de vice de Obama, durante palestra em Washington, disse que o povo brasileiro estava “seguindo sua Constituição”.
O então presidente Michel Temer durante encontro com o então vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em setembro de 2016, em Nova YorkBeto Barata/PR
Como candidato do Partido Democrata para enfrentar Donald Trump nas eleições de 2020, Biden passou a fazer críticas ao governo brasileiro, principalmente sobre a gestão ambiental.
Durante o 1º debate para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, o ex-vice-presidente citou o Brasil e o aumento das queimadas na Amazônia.
Biden disse que, caso eleito, faria uma coalizão internacional para transferir US$ 20 bilhões ao governo do presidente Jair Bolsonaro para a preservação do bioma.
“As florestas tropicais do Brasil estão sendo destruídas. Mais carbono é absorvido naquela floresta do que é emitido pelos Estados Unidos. Vou garantir que vários países se juntem e digam [ao Brasil]: ‘Aqui estão US$ 20 bilhões. Parem de destruir a floresta’”, afirmou.
Bolsonaro rebateu, por meio do Twitter, a proposta do democrata. Segundo o presidente, as declarações de Biden mostram que “a cobiça de alguns países sobre a Amazônia é uma realidade” e também sinalizam que ele quer “abrir mão de uma convivência cordial e profícua”.