ENTRETENIMENTO
A crítica ao outro funciona melhor quando você mostra preocupação com ele
Um dos maiores problemas é que, quando queremos persuadir alguém, geralmente não usamos a razão, mas a emoção.
Crítica com persuasão
Em nossa busca por um mundo mais ético e igualitário, as pessoas têm-se manifestado de modo crítico em relação a grupos que não têm atuado com vistas ao bem comum, pedindo para que eles mudem seus hábitos nocivos.
Assim, temos alertado os disseminadores de ódio, ativistas exigem justiça para as vítimas em suas campanhas, funcionários chamam a atenção para práticas injustas no trabalho, jornalistas alertam sobre os riscos na sociedade e líderes empresariais falam sobre temas políticos.
Mas parece que essas críticas não têm alcançado o efeito esperado. Na verdade, o efeito frequentemente é o oposto, com o grupo criticado tornando-se ainda mais raivoso e reforçando suas práticas.
Por isso, Lauren Howe e colegas da Universidade de Zurique (Suíça) queriam entender esse mecanismo de crítica e tentar descobrir meios de apontar os erros de modo mais eficaz, gerando mudanças reais nos grupos que estão sendo vistos como patrocinadores de comportamentos danosos.
E parece que a empatia também tem seu papel aqui: Mesmo quando apontamos os erros dos outros, precisamos levar o posicionamento desses outros em conta.
Um dos maiores problemas é que, quando queremos persuadir alguém, geralmente não usamos a razão, mas a emoção.
“Sabemos que você também tem problemas”
Uma série de experimentos, envolvendo mais de 1.400 participantes, mostrou que os grupos criticados são mais propensos a levar a crítica a sério quando o mensageiro não apenas critica o comportamento do grupo com o qual ele se identifica, mas também mostra preocupação com os problemas que os próprios membros do grupo criticado enfrentam.
Caso essa empatia não seja demonstrada, o que se viu foi que os membros criticados sentem que os críticos veem seu grupo como imoral, sem se importar com as preocupações originais que os levaram a ter aquela posição, mesmo concordando que essa posição possa de fato não ser a melhor.
Em outras palavras, a crítica por um comportamento antiético é mais persuasiva quando vem acompanhada de preocupação e valorização do grupo criticado.
“Nós descobrimos em nossa pesquisa que, quando as mensagens incluem preocupação dupla, expressando preocupação com o grupo que é criticado, mas ainda acusando o grupo de causar danos, isso reduz essa inferência problemática e, portanto, mensagens de preocupação dupla são mais eficazes para encorajar os membros de um grupo a concordar com as críticas ao seu próprio grupo,” disse Howe.
Em resumo, o que a pesquisa mostra é que a crítica funciona melhor quando é feita com cuidado: “Quando os mensageiros apontam danos ou transgressões, eles podem considerar: Que desafios o grupo que eles estão acusando de danos enfrenta?” sugere Howe. Os mensageiros podem querer reconhecer esses problemas, se apropriado, para sinalizar ao seu público que eles não são descartados como imorais.