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Segurança Pública

Caso Marielle Franco: Veja a íntegra da delação premiada de Élcio Queiroz

Em uma reviravolta importante no caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-policial militar Élcio Queiroz realizou uma delação premiada na qual detalhou sua participação nos crimes. Élcio Queiroz, que havia sido preso em março de 2019 sob a acusação de dirigir o veículo usado no crime ocorrido em 14 de março de 2018, confessou seu envolvimento e trouxe informações relevantes para o esclarecimento do caso.

Em uma reviravolta importante no caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-policial militar Élcio Queiroz realizou uma delação premiada na qual detalhou sua participação nos crimes. Élcio Queiroz, que havia sido preso em março de 2019 sob a acusação de dirigir o veículo usado no crime ocorrido em 14 de março de 2018, confessou seu envolvimento e trouxe informações relevantes para o esclarecimento do caso.

Leia a íntegra da delação:

DELEGADO 1: Como começou sua relação com o RONNIE (Lessa) e como que ela se desenvolveu durante os anos?
ÉLCIO DE QUEIRÓZ: Eu conheço o RONNIE há mais de 30 anos, se não for isso, é próximo a isso; eu já conhecia a esposa dele, a ELAINE, desde criança, na pré-adolescência, 12 anos de idade. Tudo começou quando ele começou a namorar a ELAINE e teve um problema com o meu pai, um desentendimento e tal, mas no final acabaram ficando amigos e eu passei a ficar amigo dele; em suma, ele era da Polícia Militar e eu estava entrando pra Polícia Militar na época, mas nunca trabalhamos juntos na mesma unidade, chegamos a frequentar só mesmo uma vez quando ele era adido, deixou de ser adido e voltou pra Polícia Militar, e eu na época estava no grupamento aeromarítimo e fui transferido para o Batalhão de Choque; nos encontramos no choque, mas nunca trabalhamos na mesma equipe, só nos encontrávamos quando ele estava em operação, ele estava adido da polícia Civil, e eu com minha equipe da Polícia Militar, que as vezes dava algum apoio para o mesmo na minha área de atuação, quando fazia alguma operação naquele local.
DELEGADO 1: Perfeito. E a partir de…essa é sua parte mais profissional com o RONNIE.
Em relação a sua família, ele possui algum vínculo mais próximo? O senhor tem uma relação, tinha pelo menos, naquela oportunidade, uma relação de afeto com a família dele, etc?
ÉLCIO: Sim, o RONNIE é padrinho de consideração do meu filho Patrick; o Patrick gosta muito dele, ele faz as vontades do Patrick, então a nossa relação é nesse sentido, de família, eu sou amigo da família dele, ele é amigo da minha família.
DELEGADO 1: O Patrick chegou a viajar com ele?
ÉLCIO: Chegou a viajar com ele para os Estados Unidos.
DELEGADO 1: O senhor foi expulso da Polícia Militar quando?
ÉLCIO: Se não me engano, em 23/12/2015 no Diário Oficial; no Diário da Polícia Militar não tenho certeza se foi no dia seguinte.
DELEGADO 1: Foi por conta da “Guilhotina”, né?
ÉLCIO: Por conta da “Operação Guilhotina”.
DELEGADO 1: A partir desse período, qual era sua fonte de renda?
ÉLCIO: A partir daí, minha fonte de renda era fazer alguns serviços “freelancer” de segurança; trabalhei no laboratório “Pastlabor”, já trabalhei no “Blueman”- fábrica de roupa como segurança da empresa – já trabalhei como motorista de aplicativo, e no final, eu estava trabalhando agora como escolta de carga. Trabalhei na “Toplog” que fazia escolta das “Casas Bahia”, “Bomfree” e “Assaí” (inaudível)… nas Casas Bahia em Santa Cruz da Serra. Na época do crime eu já trabalhava em outra empresa de escolta, na outra transportadora, no caso, na “Jadlog”.
DELEGADO 1: Nesse período o senhor teve alguma dificuldade financeira?
ÉLCIO: Sim, tive dificuldade financeira logo no início, perdi minha renda que era certa, fiquei somente com esses bicos que eu fazia, e na época o RONNIE que me ajudou muito; vira e mexe ele me ajudava… com um dinheiro pra fazer uma compra, sempre que podia ele me ajudava quando a gente se encontrava em algum momento… algumas vezes ele me ajudava financeiramente.
DELEGADO 1: Por conta dessa relação pessoal que vocês construíram durante esses 30 anos?
ÉLCIO: Verdade, as vezes ele me emprestava e eu pagava parceladamente também, conforme ia fazendo os serviços, muitas vezes também ele abria mão de alguma coisa ou outra (não precisa me pagar essa daí), e assim sempre nossa amizade foi baseada nisso daí, independente do dinheiro, mas a gente tinha uma relação de como se fosse irmão;
DELEGADO 1: Ele tinha uma boa situação financeira, o RONNIE?
ÉLCIO: Tinha, tinha uma boa situação financeira.
DELEGADO 1: O senhor sabe qual que era a origem dos recursos dele?
ÉLCIO: Ele sempre falou a respeito dos quiosques que tem em uma favela de Manguinhos, mas eu nunca vi, ele sempre falou. Agora eu sei da situação dele, a respeito que ele tinha uma sociedade com uma pessoa em GATONET isso dava uma renda pra ele mensal; e máquinas caça-níqueis… que também tinha ciência que ele tinha uma renda em máquinas de caça-níqueis.
DELEGADO 1: Com quem era a sociedade no GATONET?
ÉLCIO: No GATONET era com MAXWELL *(o ex-bombeiro Suel, preso nesta segunda-feira, 24)*, na área de Rocha Miranda; e no caso do RONNIE era mais pra dentro da comunidade do “Jorge Turco” ali, e todo o asfalto, todas as ruas ali, algumas favelinhas; abaixo da comunidade é do MAXWELL; a maior parte é do MAXWELL, só uma parte que era do RONNIE.
DELEGADO 1: A partir disso, os senhores tinham uma relação de confiança lastreada nesses trinta anos juntos, e o senhor, não que virou dependente econômico dele, mas ele lhe emprestava muito dinheiro de forma reiterada?
ÉLCIO: Sim, sempre que podia, que eu estava com ele, sempre me ajudou, e as vezes eu mesmo o procurava, pedindo uma ajuda e ele sempre me ajudou.
DELEGADO 1: Então o senhor tinha uma relação um tanto quanto dependente do RONNIE?
ÉLCIO: Não digo dependente, mas eu tinha uma dívida de gratidão com ele, por tudo que ele fez por mim, sempre tive gratidão, que ele me ajudou no momento mais difícil da minha vida, foi ele uma das pessoas que me ajudou.
DELEGADO 1: Foi depois da exclusão da PM?
ÉLCIO: Foi depois da exclusão da PM, sim.
DELEGADO 1: Agora em relação ao fato em si, quando que o senhor recebeu ou constatou, ou deduziu… foi a primeira situação vinculada em si a execução da vereadora e do motorista dela?
ÉLCIO: Primeira situação foi relacionada ao carro; porque aí eu vou descrever a situação do veículo. A primeira vez que eu fiquei sabendo do veículo em si, foi quando eu fui na casa dele uma vez no meu carro, que eu tinha um Corsa velho, estava com problema de bateria; eu vi na varanda dele uma bateria, e nessa ocasião eu pedi emprestada a bateria do veículo pra retornar pra casa, que estava falhando; me emprestou a bateria e alguns dias depois ele cobrou essa bateria, eu tive que devolvê-la; eu consegui comprar uma nova, e ao chegar lá ele me informou que teria um carro que não era bom, não sei se clonado ou furtado ou roubado, não sei… um carro de procedência duvidosa, e essa bateria seria pra esse carro, porque eles já tinham tido um outro carro, e esse carro foi recuperado pela Polícia Militar por local mal estacionado, pneu vazio; a Polícia Militar passou e verificou que o carro não estava em boas condições e rebocou o veículo; então ele conseguiu outro carro e a primeira coisa que ele fez foi botar a bateria nesse carro aí, pra não passar sufoco.
DELEGADO 1: Isso foi aproximadamente quando?
ÉLCIO: Alguns meses, em torno de agosto de 2017, aproximadamente.
DELEGADO 1: Em relação a bateria e a esse eventual carro que o senhor imputa como sendo o carro de procedência duvidosa, o senhor inferiu isso que era um carro de procedência duvidosa pelas palavras dele ou o senhor conseguiu perceber, ele lhe falou?
ÉLCIO: Isso, pelas palavras, pelo jargão seria um carrinho ruim… um carrinho ruim é um carro de procedência duvidosa, um carro roubado, vulgarmente conhecido como “cabra”, essa foi a situação.
DELEGADO 1: Ele usava reiteradamente carros dessa natureza?
ÉLCIO: Ele não usava, como se diz, a palavra certa não é reiterada, mas eventualmente ele possuía um carro desse tipo.
DELEGADO 1: Não foi a primeira vez?
ÉLCIO: Não, não foi a primeira vez; mas não era uma coisa que todo dia tinha um carro diferente, não era nesse sentido, era que eventualmente ele tinha um carro ruim sim, nessas condições.
DELEGADO 1: Em relação a essa recuperação realizada pela Polícia Militar, o senhor falou que como o carro estava em uma situação degradante, a Polícia Militar estranhou e fez a retirada do veículo do local onde ele estava; primeiro, como se deu essa retirada, o senhor sabe por que se deu essa retirada? E o senhor sabe onde estava esse veículo?
ÉLCIO: Pelo que ele falou, a situação degradante do veículo chamou a atenção da Polícia Militar; a PM conferiu o veículo, acredito que não pela placa, acredito que a placa deu o mesmo veículo, porque seria um veículo clonado; foi no caso pelo chassi e justamente isso chamou atenção, o carro estava em más condições de uso, com pneu vazio, aí a Polícia Militar recuperou o carro.
DELEGADO 1: E o senhor não sabe em qual local que foi realizada essa recuperação?
ÉLCIO: Ele me falou que o carro ficava entre Barra da Tijuca e Rocha Miranda; aí depois disso aí, fiquei sabendo de um outro veículo, que foi no caso que ele iria usar essa bateria, seria pra usar em um outro veículo, que ele conseguiu um outro veículo e essa bateria seria usada nele.
DELEGADO 1: O senhor soube pra onde esse carro foi destinado, pra onde a Polícia Militar mandou o carro que foi rebocado?
ÉLCIO: Não sei dizer, não sei dizer nem o modelo, nem pra onde foi, nem para o local que foi.
PROMOTOR 1: Entre Barra e Rocha Miranda, você quer dizer que ou fica na Barra ou fica em Rocha Miranda?
ÉLCIO: Isso, justamente, ou ficava na Barra ou em Rocha Miranda; aí depois eu fiquei sabendo que esse novo veículo passou a ficar mais na Barra da Tijuca, e sempre sendo trocado de lugar, para não dar margem novamente para ser recuperado.
DELEGADO 1: Qual o novo veículo?
ÉLCIO: Qual o novo veículo? COBALT PRATA.
DELEGADO 1: Então a partir da recuperação desse veículo que o senhor não sabe identificar, pela Polícia Militar, o RONNIE pegou esse COLBALT PRATA pra servir de…como seu novo clone, seu novo duble, correto?
ÉLCIO: Correto.
DELEGADO 1: Então, essa recuperação pela Polícia Militar se deu aproximadamente em agosto ou julho de 2017, o senhor acredita?
ÉLCIO: ou setembro, não sei, é esse período do meio do ano.
DELEGADO 1: E a partir de setembro ele já estava com o COBALT em mãos, correto?
ÉLCIO: É. Por outras coisas eu sei que ele estaria com esse carro nessa época.
POLICIAL CIVIL 1: Quando você viu o carro pela primeira vez?
ÉLCIO: Eu vi a primeira vez quando estava eu estava indo para o quebra-mar à tarde… (inaudível); quando estava chegando pra procurar… não tinha lugar pra estacionar no quebra-mar, eu procurei antes que tem um quiosque ali na Avenida do “Pepê”, tava procurando uma vaga, aí eu vi, antes de estacionar, eu vi o SUEL sentado… o MAXWELL sentado nesse COBALT PRATA e o RONNIE em pé, conversando com ele; aí eu consegui uma vaga ali, aí fui até ele; aí o RONNIE já estava se despedindo dele; aí foi que o RONNIE comentou comigo que era um carrinho, era o tal carro que estava sendo usado em um trabalho.
DELEGADO 1: Nesse período ele falou trabalho com o senhor?
ÉLCIO: Trabalho, trabalho.
DELEGADO 1: Mas o senhor remeteu a que? O que o senhor deduziu disso aí, que eles iam usar esse carro pra que?
ÉLCIO: Pra uma campana, diversas coisas, coisa que fosse ilícita; na época eu não sabia do que se tratava.
DELEGADO 1: Então essa foi a primeira oportunidade que o senhor viu o veículo. O senhor viu o veículo em quais outras ocasiões, o senhor sabe destacar?
ÉLCIO: Numa outra, a segunda vez que eu vi o veículo foi quando eu já estava no quebra-mar e o RONNIE comentou com o SUEL pra ele não deixar o carro no mesmo lugar, pra não acontecer a mesma coisa, aí falou: “troca o carro de lugar”; aí que eu fiquei sabendo que o carro estaria ali na Praia dos Amores; aí de imediato o SUEL saiu e foi lá trocar o carro de lugar; mas eu não vi onde era, só sei que era ali porque ele falou que era ali, nisso o MAXWELL foi andando.
DELEGADO 1: Então o MAXWELL era o cara que tinha a incumbência de fazer a troca de local desses veículos?
ÉLCIO: Correto, até por que o RONNIE não pode dirigir por causa da perna dele, só se for automático; então a chave ficava com MAXWELL pra ele trocar o carro de lugar, ali na Barra da Tijuca, não sei se ele ia pra Rocha Miranda; mas ali naquele local eu sei que ele trocava ali do estacionamento de um lugar do estacionamento pro outro; tem dois lugares ali na Praia dos Amores, ali tirava de um local, como se fosse algum hóspede, alguém que frequentasse aquele local ali, pra não ficar o carro parado nas mesmas condições que aconteceu com o carro anterior.
DELEGADO 1: A partir disso, isso foi aproximadamente em setembro já, outubro de 2017?
ÉLCIO: É, depois disso aí não vi mais o carro, eu só fiquei sabendo depois desse carro, numa conversa que nós tivemos no ano novo, na virada de 2017/2018, e no dia do crime.
DELEGADO 1: Então, detalha como foi essa conversa no dia 31 pra mim, por favor.
ÉLCIO: No dia 31, nós passamos nossa família junto com a dele, na casa dele na Barra da Tijuca, no Condomínio Vivendas; já tínhamos bebido bastante, aí em tom de desabafo ele comentou comigo que estava chateado, que ele estava num trabalho já algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher; estava com esse trabalho ele, o SUEL e o MACALÉ; estavam nessa época aí, já um tempo “campanando” esse alvo e teve uma oportunidade de chegar até esse alvo um dia, na área do Estácio, e na hora que foi pra acontecer o fato, o crime, no caso seria uma execução… o piloto (inaudível) do carro era o MAXWELL, o atirador na frente seria o RONNIE, o outro no banco de trás seria o EDMILSON MACALÉ. O RONNIE achou que houve um refugo, o carro deu um problema, pediu pra emparelhar, era um táxi; essa pessoa, essa mulher estaria num táxi e tinha uma oportunidade, só que na hora que ele mandou emparelhar, o carro deu um problema; e o RONNIE desabafou comigo, dizendo que não acreditava que teve problema, que foi medo, refugou; o MAXWELL que refugou no momento que queria, e a função dele era dirigir, do RONNIE seria o atirador; e do MAXWELL seria contenção do local em si, ele teria que descer do carro e sustentar …MACALÉ.
DELEGADO 1: Espera aí, esclarece de novo, quem estava no motorista, quem estava no banco da frente, e quem estava no banco de trás?
ÉLCIO: Motorista seria MAXWELL, o SUEL; banco do carona RONNIE com a metralhadora dele, a MP5; e no banco de trás, na contenção, seria o EDMILSON MACALÉ, que faria a contenção com AK47; foi essa a situação que ele me passou; nesse dia do ano novo que ele desabafou, aí eu fiquei sabendo que era o mesmo carro.
DELEGADO 1: Então pelo menos esses três, desde esse último trimestre de 2017 já estavam fazendo o monitoramento do alvo?
ÉLCIO: Até o final do ano estavam fazendo monitoramento do alvo.
DELEGADO 1: O senhor sabe como que estavam fazendo monitoramento do alvo, se era pesquisa, quem fazia?
ÉLCIO: Não, não sei; eu sei que era em torno ali da Tijuca, em redondezas ali; isso aí ele chegou até a falar, mas não sei dizer pro senhor.
DELEGADO 1: Pulando um pouco aqui na cronologia, mas eu já retornarei; Ficou evidenciado sobretudo no inquérito da Polícia Civil, que no mês de fevereiro, em alguns dias do mês de fevereiro, recorda-se de cabeça pelo menos dia primeiro, dia sete, dia quatorze de fevereiro, tiveram algumas campanas na região da Tijuca, em tese em relação ao alvo; esses locais o senhor teve ciência também que teve campana? Quem participou dessa campana? Ou se esses lugares eram praticamente os mesmos daqueles da campana desse último trimestre de 2017?
ÉLCIO: Dia quatorze eu lembro. O que acontece, eu não sabia no dia do interrogatório na DH, eu não sabia… eu só liguei os fatos do local, da data, foi na audiência de instrução, que foi quando o inspetor da Polícia Civil, da Delegacia de Homicídios, ele falou das datas e mostrou o carro nas localidades, justamente ali próximo da Tijuca; ali alguns locais onde o RONNIE já tinha comentado que estaria lá fazendo esse levantamento desse alvo. Aí foi só na audiência de instrução que eu tive a certeza de que era aquele local.
DELEGADO 1: Retorno (inaudível) do prazo pra essa tentativa frustrada em razão do refugo, suposto refugo do MAXWELL, o senhor sabe se foi na região da Estácio ou tem alguma indicação de algum local especifico, se o alvo estava se destinando pra algum evento, pra algum local?
ÉLCIO: Não, não; ele só falou que nesse dia em si teve a facilidade porque ela estaria num táxi na área do Estácio ali, e seria o local mais propício pra cometer o crime; mas ele já tinha falado que era a área da Tijuca e redondezas, então chego à conclusão de que é ali próximo a Tijuca, tanto que no dia do crime ela passou também pelo mesmo bairro.
DELEGADO 1: Então vou passar para o dia da execução. Pode me narrar qual foi sua rotina no dia 14 de março de 2018, por favor?
PROMOTOR 2: Entre o ano novo e o dia da execução ocorreu alguma outra coisa relacionada a esse fato, a MARIELLE alguma conversa, alguma coisa, algum encontro com MAXWELL? Do ano novo até março, dois meses e meio?
ÉLCIO: Não, depois ele tinha alguns encontros com outra pessoa, vou falar posteriormente; encontros casuais; apareceu também celular, que eu achei estranho aquele celular aparecer pra ele; ele costumava andar com celular de última geração, era um celular feio, mas era um smartphone; e o RONNIE não fala em telefone, só digita; aí eu perguntei e ele falou que era de uma pessoa que tinha fornecido pra ele.
PROMOTOR 2: Só voltando um pouquinho na vigilância; além do LESSA e do MAXWELL, o senhor tem conhecimento de mais alguém que tenha participado?
ÉLCIO: Sim, da vigilância, o EDIMILSON MACALÉ esteve presente em todas; inclusive foi através do EDIMILSON que trouxe… vamos dizer, esse trabalho pra eles; essa missão pra eles foi através do MACALÉ, que chegou até o RONNIE.
DELEGADO 1: Uma última pergunta em relação a isso também; na verdade era… a gente pode chamar de vigilância, pelo que o senhor está narrando; quero que o senhor confirme ou não, uma vigilância ou uma janela de oportunidade?
ÉLCIO: Correto; uma vigilância buscando uma janela de oportunidade; e essa janela de oportunidade apareceu, por que eles sempre estavam preparados pra pronto emprego, e nessa oportunidade houve o refugo.
DELEGADO 2: Inclusive o senhor narrou que ele estava nitidamente chateado por perder uma janela de oportunidade.
ÉLCIO: Justamente por que perdeu uma oportunidade que das outras vezes não teve uma oportunidade assim, tão clara como dessa vez, que seria somente o carro e o carro deles.
DELEGADO 1: E essas pessoas que o senhor narrou, notadamente MAXWELL, MACALÉ, eles tinham ciência disso?
ÉLCIO: Do alvo no caso, do trabalho em si?
DELEGADO 1: Do alvo, do trabalho e da janela de oportunidade?
ÉLCIO: Tinha, tinha sim; eles estavam justamente na missão, tanto que um estava com a metralhadora MP5 sempre e o outro com a função… com a AK47, com a função de fazer sempre a contenção do local. Não teria um outro porquê se não fosse por isso.
DELEGADO 1: Antes de entrar na execução, pelo que eu depreendi aqui dos seus anexos, parece que o senhor não tem tantas informações assim sobre eventual planejamento; mas não vou me furtar de perguntar, tudo bem, doutora?
ADVOGADA: Gesto positivo com a cabeça.
DELEGADO 1: Em relação a arma do crime, o senhor sabe a origem? De onde ela veio?
ÉLCIO: Sim, o que eu sei é o que foi passado por ele; essa arma ele adquiriu, segundo ele, tudo eu estou passando segundo ele me passou; de que houve um incêndio no Batalhão de Operações Especiais, no paiol, e essa arma foi extraviada; essa e outras armas foram extraviadas nesse incêndio aí, e essa arma ficou com uma pessoa que eu não sei quem é; essa pessoa conseguiu fazer a manutenção dela e vendeu pra ele; então ele tinha essa arma aí, conseguiu essa arma, por que ele já trabalhou no Batalhão de Operações Especiais, e o que acontece, essa arma já usou em serviço, pela numeração é de uma pessoa, mesmo policial que está acostumado a trabalhar sempre com a mesma arma; é costume, pessoa eu quero afinar o número 75 já sabe que aquela arma não vai dar problema; então tinha um carinho por aquela arma, que ele usava sempre quando estava em operação no Batalhão de Operações Especiais; e ele reformou ela todinha, deixou ela cem por cento.
DELEGADO 1: Senhor sabe quando foi esse incêndio?
ÉLCIO: Não sei, mas tem muitos anos.
POLICIAL CIVIL 1: O senhor tem ideia de quando ele adquiriu a arma dessa pessoa?
ÉLCIO: Foi antes disso tudo aí, que eu contei esse fato todo aí, ele já tinha e ele falou assim feliz, que tinha conseguido a arma; a data em si não, mas foi antes desse levantamento aí; eu seria até… chutar a data fica difícil, não tenho como, pode ter sido um ano antes; não chega a cinco anos antes; é uma perspectiva, acho que não chega um ano, nem dois anos; um ano antes do…já tinha conseguido a arma.
DELEGADO 1: O senhor sabe quem foi que vendeu a arma? Senhor sabe se era policial ou não era?
ÉLCIO: Não sei. Possivelmente policial porque essa arma foi extraviada do Batalhão de Operações Especiais; então alguém que tinha acesso as armas somente quem era; na época eu nem sei se realmente houve esse incêndio, ele passou que houve, já ouvi boatos que houve incêndios, mas eu não sei quando é, quando foi, não sei nem se eu estava na Polícia Militar; mas ele me passou que foi essa situação.
DELEGADO 1: Munição, UZZ18 da Polícia Federal, o senhor sabe como tiveram acesso?
ÉLCIO: Não sei, ele nunca falou desse assunto da munição; da munição infelizmente não.
DELEGADO 1: Ele tinha algum amigo Policial Federal?
ÉLCIO: Amigo Policial Federal que eu saiba, ele deve ter sim até hoje, mas eu não me lembro de alguém relacionado; eu lembro da época que uma amizade com aqueles rapazes que foram presos, MAUÉS (inaudível), BARRUAN; nessa época eram amigos, mas tem muitos e muitos anos, não é coisa recente; ele tem muita amizade que eu não conheço.
DELEGADO 2: Voltando a questão do carro, teve algum episódio no qual o RONNIE demonstrou alguma preocupação em relação a umas imagens que poderiam ter captado?
ÉLCIO: Sim; depois do fato do crime ele ficou preocupado porque aonde ele parava, localidade que ele parava ali debaixo do viaduto, ali sentido Praia dos Amores tem dois lugares pra estacionar, e ali tem uma pousada, e essa pousada poderia ter captado a imagem dele; isso depois do crime, pois foi divulgado amplamente na televisão que o carro passou por ali; então, fazendo retrocesso das imagens, poderia chegar na imagem dele, do MACALÉ e do SUEL entrando no veículo ali debaixo na Praia dos Amores, nessas campanas que eles estavam fazendo. Tinha essa preocupação sim, e depois de um outro local depois do crime, ficou preocupado também do local onde foi que eu fiquei, que eu embarquei no veículo no dia do fato; ele também ficou preocupado com aquele local ali; das imagens daquele local; mas principalmente da Praia dos Amores em si, desse episódio em si, que teria a imagem retroativa dos três.
DELEGADO 1: Eu vou avançar então na execução; depois faço algumas outras perguntas sobre o planejamento. Me diz então como foi a cronologia dos fatos no dia 14 de março de 2018, por favor.
ÉLCIO: No dia 14 de março eu estava de serviço nas Casas Bahia em Santa Cruz da Serra, fazendo acompanhamento; não é nem escolta; acompanhamento, que era só uma pessoa com meu veículo particular, Renault Logan (inaudível); vinha de Santa Cruz da Serra com três caminhões; até depois o senhor tem todos os dados do motorista, localização, GPS e tudo, tem como confirmar; em suma eu vim descendo com os três caminhões; teria que fazer a área de Madureira e Rocha Miranda; acompanhei os caminhões até o Madureira Shopping, dois caminhões ficaram no Madureira Shopping, o outro foi fazendo porta a porta em Rocha Miranda, enquanto os dois ficaram estacionando lá dentro; a minha função era acompanhar porta a porta a entrega de eletrodomésticos; por volta do meio dia, pelo aplicativo “CONFIDE”, recebi mensagem do RONNIE LESSA perguntando onde eu estava, se estava em casa, enfim se eu estava de folga; por onde eu estava; eu falei que estava trabalhando, e ele perguntou que horas eu sairia; eu falei que estava com esse caminhão, mandei até a foto pelo aplicativo CONFIDE, pra mostrar que eu estava no viaduto de Rocha Miranda em frente o grêmio recreativo de Rocha Miranda; aí mandei pra ele pra realmente ver que eu estava ali, não estava em casa; tô aqui, tô trabalhando, e não sei que horas vou sair; aí ele falou se até umas dezessete horas… umas dezenove horas… eu estaria liberado; aí eu falei que tinha esse caminhão; tem um outro lá; aí acabou que os caminhões que eu teria que fazer acompanhamento de Madureira, do Shopping Madureira me dispensou; então acabou o serviço duas horas da tarde; aí eu perguntei: mas pra que é? Ele respondeu que era pra dirigir pra ele; aí eu falei, mas qual foi, pra que é? aí eu recebi uma imagem pelo aplicativo CONFIDE; quem conhece sabe que tem que deslocar o dedo, correr o dedo pela tela, então fica tipo uma tarja acompanhando a imagem; não dá pra ver a imagem total, ela vai conforme vai passando o dedo, ela vai correndo; aí depois automaticamente ela se destrói; como eu estava ali meio que parado, dirige não dirige, atento, eu só vi a imagem 400 de várias mulheres reunidas; depois eu soube que era um evento da Casa das Pretas.
DELEGADO 1: Naquele momento o senhor não teve acesso? ÉLCIO: Não, não…até porque se mostrasse e falasse do nome da pessoa eu não iria reconhecer, pois na época eu não conhecia a Senhora MARIELLE FRANCO.
DELEGADO 1: O Senhor falou que vocês se comunicaram pelo CONFIDE… dois fatos, duas perguntas na verdade: Por que pelo CONFIDE e se o senhor tratava de assuntos específicos com o RONNIE pelo CONFIDE, e outros assuntos triviais por outro aplicativo?
ÉLCIO: Eu tratava de assuntos triviais pelo WhatsApp normal, mas quando era alguma coisa assim muito reservada, aí eu tratava no CONFIDE.
DELEGADO 1: Reservado de qual natureza?
ÉLCIO: Podia até ser uma traição, digamos assim uma mulher; mas poderia ser alguma coisa relacionada a… não sei…alguma coisa que não fosse legal; uma coisa que se tratasse de uma ilegalidade, vamos dizer assim…
DELEGADO 1: Vocês exploravam então a criptografia do aplicativo? Como que o senhor sabia que o aplicativo era pra essa natureza de conversas reservadas?
ÉLCIO: Eu fiquei porque eu recebi um convite de um dos conhecidos nossos, não sei se foi dele não; não tenho certeza, eu acho que não foi dele, mas todos os nossos conhecidos já estavam usando isso aí, então era até as vezes, um meio de quando não atendia um, chamava também no CONFIDE, porque fazia outro tipo de toque; mas a gente já sabia que era uma mensagem criptografada, até porque se chegasse em casa e tivesse alguma coisa…a minha mulher ver ou alguma coisa… não veria nada porque se desfaz; mas se fosse alguma coisa também que não fosse legal, também seria por ali.
DELEGADO 1: O Senhor se recorda mais ou menos que horas que o senhor recebeu essa mensagem no CONFIDE?
ÉLCIO: Foi em torno de meio dia; que ele me chamou foi por volta da hora do almoço, assim…logo em seguida eu sai as duas horas, então quer dizer que não demorou muito; eu acabei logo ali, deve ter sido meio dia em diante; eu sai duas horas; eu falei que estava livre e dispensado…aí ele falou: vai pra casa e eu vou te chamar no momento que for; fui pra casa tomei banho, almocei e fiquei aguardando; tem um jogo lá do Flamengo e Emelec na Libertadores, eu fiquei ali; a minha esposa perguntou se eu ia sair… alguma coisa… eu falei que ia ver o jogo; não falei nada que iria me encontrar com o RONNIE, pra algum tipo de coisa nenhuma; a minha esposa não sabe de nada, eu falei e ela confiou. Então, na sequência ele me chamou e… umas quatro e pouco da tarde pelo CONFIDE; foi só o tempo…vocês tem até na investigação, no caso, o horário exato na entrada no condomínio; mas foi só até o tempo dele me chamar eu já estava pronto, peguei ali… eu moro do lado da linha amarela…peguei a linha amarela, passei ali pelo (inaudível) e já estava… não peguei horário de rush, cheguei na casa… peguei Ayrton Senna, Lúcio Costa e entrei na casa dele.
DELEGADO 1: Nessa passagem pela linha amarela, o senhor pagou o pedágio?
ÉLCIO: Paguei o pedágio, eu lembro que eu tinha…guardei até o comprovante, mas só que ele com o tempo some.
DELEGADO 1: O senhor foi com o Logan?
ÉLCIO: Fui com o Renault Logan Prata; aí eu passei e paguei, na época eu estava devendo o passe expresso; aí tentei até botar o pré-pago, mas não consegui; aí parei de pagar… aí eu paguei, passei e fui pra casa…cheguei lá por volta de cinco horas; quando eu cheguei no condomínio dele eu anunciei a chegada, porque eu não sou…tem algumas pessoas que até tem liberdade de entrar no condomínio dele, mas eu não era essa pessoa; eu estacionei o carro, ele informou – até na investigação tem ele recebendo a chamada, mandando…autorizando a minha entrada – quando eu cheguei na casa dele, o veículo dele, a Evoque já estava posicionada em frente… estaciona ali…estava em pé, de calça… estranho porque ele anda de bermuda pra tudo que é lugar; e ele falou, vamos embora, deixa seu carro ali…aí entrei já no carro dele, ele botou a bolsa e saímos.
DELEGADO 1: Ele estava com uma bolsa quando senhor encontrou na área, já em pé?
ÉLCIO: Ele estava com uma bolsa, tipo bolsa de viagem, em pé do lado de fora, mandando e apontando onde tinha que estacionar dentro da garagem dele; aí quando eu desci do carro, ele já tinha colocado a bolsa no carro e assumido a direção; eu entrei do lado, saímos.
DELEGADO 1: A arma estava dentro dessa bolsa?
ÉLCIO: Depois eu fiquei sabendo que estava ali; não falou nada ali, só pegou a bolsa… aí saí; chegou na portaria, morador não marca nem entrada nem saída, só no caso visitante; saímos, entramos logo depois…ali não sei se era o Vivendas, não sei… acho que cresce a numérica… cresce a numérica…então ele morava no 3100, e na Vivendas depois do 3200 tem uma entrada, que essa entrada vai até os fundos de um condomínio, que tem uma portaria que leva até uma balsa…essa balsa atravessa pra Avenida das Américas; então quando chega próximo a esse portal, tem uma entrada pra esquerda que é os fundos realmente do condomínio; então fica o condomínio e essa entradinha da balsa; estava parado ali o Renault…desculpa, o COLBALT PRATA; ai parou; ele me orientou; falou pra desligar o telefone; eu lembro que…eu não sei se ele desligou ou se deixou ligado; ele falou deixa o telefone aqui; ele falou…não sei, não lembro se ele falou desliga, mas ele falou deixa aqui.
DELEGADO 1: Deixa aqui aonde?
ÉLCIO: No console do carro dele; e como com toque essas coisas podem acionar o alarme, eu sei que isso acontece, eu por mim mesmo já botei no modo avião e desliguei; ele eu não sei o que ele fez; se ele só desligou ou botou no mudo; descemos do carro e nosso telefone ficou ali; me deu a chave e eu assumi a direção, ele botou a bolsa atrás.
DELEGADO 1: Ele sentou aonde?
ÉLCIO: Ele sentou no banco do carona, no banco do passageiro na frente; aí saímos; esse condomínio tem uma saída do outro lado, nós entramos a primeira a direita, quer dizer nós saímos na outra entrada, passamos por dentro tem um “shoppingzinho” ali, uma padaria e tal, saímos ali; acho que sai do lado até de um banco; se eu não me engano o banco é até a esquerda ali; fizemos um retorno e fomos em direção… ele falou vai em direção ao centro, vamos pegar o Alto da Boa Vista; no caminho fui perguntando qual é a situação, aí ele falou que era a vereadora, falou o nome, mas eu não sabia quem era; mas aí eu falei o que é a situação? Ele falou que era pessoal; mas tem dinheiro nisso aí, o que é? Aí ele falou não, é pessoal. Aí fomos seguindo, ele foi me orientando.
DELEGADO 1: Então me fala só em relação a esse caminho, como que foi?
ÉLCIO: Aí ele foi me orientando; passamos pelo quebra mar, passamos debaixo do viaduto, a Avenida das Américas estava um pouco engarrafada, aí pegamos aquela ponte-estrada do Itanhangá; seguimos o Alto da Boa Vista, subimos o Alto, passei até em um radar onde foi visto o carro; passei naquele radar; descemos; pegamos a Haddock Lobo, depois a Saens Pena, acho que foi esse aí o caminho, se eu não me engano; eu posso tá enganado, mas…em frente toda vida, chegando lá, já na parte do centro da cidade foi me orientando, que ali não conheço bem…foi me orientando que seria do lado do antigo ICE – eu me lembro do antigo ICE, porque eu cheguei a pegar o antigo ICE na época que eu trabalhava, mas não é mais no mesmo lugar – mas eu não sabia chegar na rua que ele falou.
DELEGADO 1: Mas isso ele estava vendo aplicativo/celular?
ÉLCIO: Não, ele já sabia do local, por que ele falou que já tinha feito o local pelo…não sei se foi google maps ou… é algum aplicativo nesse sentido.
DELEGADO 1: Mas ele já tinha feito levantamento do local? Qual local? Na Rua dos Inválidos?
ÉLCIO: Do local da Casa das Pretas; depois fiquei sabendo que era da Casa das Pretas; é ali, Rua dos Inválidos, do lado do ICE; passamos, não tinha vaga, ele achou que estava até meio atrasado, já estava escurecendo.
POLICIAL CIVIL 1: Mas, desculpa interromper…quando você fala ele tinha feito o local pelo aplicativo, ele fez seguindo o aplicativo ou ele fez de fato, ele foi até o local?
ÉLCIO: Ele passou, pelo que eu entendi; ele fez via internet, mas me causou estranheza que ele já sabia a posição de tudo ali do local.
DELEGADO 1: Por que?
ÉLCIO: Tipo…para aqui, aqui dá pra parar, ali tem uma câmera, tem uma câmera aqui atrás, o local é aqui e tal…como se a pessoa já tivesse ido no local; por que só pela internet é uma coisa e pra pessoa ir no local é totalmente diferente. Aí não tinha lugar e ele falou dá mais uma volta; aí ele achou até que já tinha extrapolado o horário, tinha passado já.
DELEGADO 1: Mas ele sabia então um horário pré-determinado?
ÉLCIO: Sabia por causa que ele tinha visto que era um local que teria a reunião naquele horário, no caso, acho que as 19 horas.
DELEGADO 1: Você sabe qual foi a origem dessa informação?
ÉLCIO: Eu acho que foi do Instagram.
DELEGADO 1: Do Instagram da vereadora?
ÉLCIO: É, por que ele me mandou essa…a mesma foto; eu não se se foi da vereadora ou da Casa das Pretas; mas que veio a imagem pra mim do local, então, uma coisa leva a outra, né… então acredito que ele fez por Instagram.
DELEGADO 1: Ele falou que vocês tinham que chegar lá até que horas, ele falou alguma coisa?
ÉLCIO: Falou… acho que até as 19 horas…dezenove não…é, sete horas…é dezenove horas… aí sete horas ele ficou preocupado; não viu nada, não viu movimento, acho que acabou, até o evento já era; ele (RONNIE): dá mais uma volta pra gente ver; aí dei mais uma volta; procura um lugar pra estacionar, que não tinha; com muito custo ali, paramos ali – onde tem as imagens amplamente divulgadas – nós estacionamos; nesse instante; ele para ali e fala o seguinte: agora você precisa me ajudar…aí eu não entendi muito bem…aí ele começou a arriar o banco; deixou totalmente na horizontal pra passar pra trás, na parte do banco de trás; nisso que ele vai pra parte de trás a perna dele…não tem como ele levar a perna, isso que eu tinha que ajudar; conduzir a perna dele; não tem aquela situação dele se arrastar da esquerda pra direita.
DELEGADO 1: O carro balançou por que ele saiu da frente pra trás?
ÉLCIO: Ele saiu da frente pra trás; aquilo que foi feito pela perícia não tem nada a ver; ele parou e ele é muito grande, então ele ficou naquele túnel ali com uma perna de um lado e a outra de outro, dentro do automóvel ali, e eu fui ajustando o banco; nesse momento que eu estou ajustando o banco, que eu olho para o retrovisor, ele já estava colocando o casaco, tipo que se equipando, vamos dizer assim, se preparando; botou o casaco; daqui a pouco ele tira a metralhadora; no caso a arma do crime; coloca o silenciador; e ele nesse momento, até uma coisa assim que eu não esperava, ele pegou um binóculo, e ficou com o binóculo; nisso o carro desligado e totalmente fechado; aí a gente começou a ver uma movimentação ali do lado, a movimentação parecia ser uma pequena…(inaudível) um tráfico de drogas; aí bateram no vidro e ele disse para ficarmos em silêncio; aí foi abafando, abafando…e ele olhando e olhando; ai teve uma hora que saiu uma senhora lá, e depois eu vi que era parecidíssima com a vítima, o tipo de cabelo e tal; aí ele falou eu acho que é ela…não é ela não; então quer dizer, ele sabia exatamente como que era a pessoa; o perfil, quer dizer, não é só o rosto, ele sabia identificar a pessoa; eu não sabia quem era, não sabia distinguir uma da outra, nunca tinha visto; aí nesse momento ele falou assim: “cara, tá abafado, então liga aí só o ar condicionado….liga aí se não tiver jeito”; porque eu falei que estava embaçado os vidros, vai chamar atenção; aí ele falou liga o carro; aí nesse momento que ele falou liga o carro, o COBALT, mesmo não acionando a lanterna no momento que liga, o painel acende e vem aquela luminosidade; aí quando ele percebeu a luminosidade ele mandou uma touca para tapar a claridade, uma touca ninja; aí coloquei, eu tapei… então, justamente aquela imagem que aparece na televisão, daquela iluminação assim, não é celular nenhum, foi o painel que refletiu a luz pra fora e eu tapei com a touca.
DELEGADO 1: Você tem as características desse casaco que ele vestiu?
ÉLCIO: Sim; era um casaco preto com detalhes vermelho e branco, de algum time estrangeiro, não sei, Inglaterra, algum time assim; parecia um casaco até com as cores do flamengo, mas não era, as mangas eram pretas só que tinha um detalhe vermelho e branco.
DELEGADO 1: O senhor já tinha visto ele com esse casaco?
ÉLCIO: Não, nunca tinha visto.
DELEGADO 1: Viu depois ou ele se desfez?
ÉLCIO: Ele se desfez; ele falou pra mim que se desfez do casaco depois do fato.
DELEGADO 1: Em qual momento você soube qual era o objetivo ali do RONNIE? Quando o senhor entrou dentro do carro, o senhor já sabia?
ÉLCIO: Eu sabia, mas ele não falou com essas palavras de executar e tal, só falou que era um trabalho; eu perguntei se era o dinheiro e tal, mas até então, eu não estava sabendo exatamente o que era, poderia ser sim uma execução, mas até então, ele não falou com essas palavras; mas no momento que passa pra trás, se equipa, coloca uma arma, bota silencioso…a MP5 são dois tipos de trava, já destravou, pá, pá, pá…todos os tipos de trava foram tirados; são três tipos de trava; eu já sabia que era execução; quando a senhora apareceu, ele falou assim, com essas palavras: “tô pensando em pegar aqui mesmo”…; pegar a gente já sabe que é matar; aí eu falei: tá louco, fazer isso aqui no meio…
DELEGADO 1: Aqui mesmo na Casa das Pretas?
ÉLCIO: Ali, no caso se ela aparecesse ali seria feito ali naquele local; eu falei, olha as câmeras; ele disse não… a gente não vai fazer nenhuma loucura. Aí apareceu… o motorista dela já estava em pé ali com o telefone na mão e tal, e nisso ele tá no banco de trás, já com o telefone verificando…como se diz, local pra se… conforme a gente saísse dali, pra gente ver se teria algum obstáculo na frente, alguma operação da Polícia Militar, nesse sentido; eu não vi o que ele digitou, não vi se ele botou no aplicativo “Waze” ou “Google Maps”; ele tinha falado “Google Maps”, mas eu tinha falado pra ele botar no “Waze”, que o “Waze” marca direitinho onde tem engarrafamento e onde que não tem.
DELEGADO 1: O senhor sabe dizer o qual parâmetro ele usou de pesquisa?
ÉLCIO: Não sei.
DELEGADO 1: Mas essa pesquisa foi feita na …
ÉLCIO: No celular, esse mesmo celular que eu vi…que ele apareceu no quebra-mar, diferenciado dos outros, que depois ele me falou de que era.
DELEGADO 1: E esse celular…e essa pesquisa foi realizada ali quando vocês estavam na Casa das Pretas?
ÉLCIO: Isso, isso, ali…dali na hora do momento que ela saiu, ele falou: “é ela”, aí ela deu a volta – aparece até na televisão que ela deu a volta – só que ela fala com uma pessoa; ela tá falando com uma pessoa, com uma senhora, só que tinha uma pessoa na porta, na porta da casa, desse sobrado; ela fala alguma coisa com a pessoa; e eu achei que essa senhora estava se despedindo dela, que ela iria embora, mas não, só que essa pessoa entrou no carro…e quando entrou no carro, aí eu falei: e agora, e essa senhora? Achei que ia abortar a missão, mas ele falou pra ficar tranquilo que não ia pegar nela não, ele me tranquilizou; aí nisso ela entrou e o carro saiu.
POLICIAL FEDERAL 1: Alguma atitude do RONNIE naquele momento deu a entender que ele sabia, conhecia o motorista ou o carro que ela ia embarcar, alguma coisa assim, ele sugeriu alguma coisa, vocês sabiam qual era o carro dela?
ÉLCIO: Não, ele sabia quem era porque as pessoas ali que frequentavam eram muito parecidas, essa senhora que apareceu era muito parecida com ela, e ele falou imediatamente que não era ela.
POLICIAL FEDERAL 1: A minha pergunta é, se ele sabia do veículo ou nem teve nenhuma atitude que sugerisse que ele sabia qual era o veículo?
ÉLCIO: Não, do veículo não sabia, ele não falou nada não; ele desconfiou porque o cara estava em pé ali na porta com o celular, ele achou que era aquele veículo ali; não posso afirmar, de repente pode até ter falado, não lembro, eu não vou falar uma coisa que eu realmente não lembro; desse fato dele ter falado “é esse carro aí”, isso aí eu não me lembro dele ter falado isso aí não. Dando continuidade, o veículo saiu e eu fui atrás, só que ele estava muito veloz, ele saiu logo…aí ele falou pra manter um pouco de distância e eu falei que estava tomando distância…não houve nenhum assim…no percurso, nada que parasse o veículo dela e nem o nosso, os sinais estavam…a rua estava tranquila; a Rua Mem de Sá ali…Frei Caneca, não sei…estava tudo tranquilo, sinais abertos e ele estava andando bem; teve um momento que um carro começou…apareceu até na televisão que era um Logan, mas eu tenho quase certeza que era um Vectra rebaixado com o vidro preto, muito preto, com as rodas pretas e a gente achou que era carro de polícia; e se acontecesse alguma coisa, poderia tomar tiro desse carro… então fomos indo, indo…só que ele foi tomando distância e quando chegou ali perto do Hospital da PM, tem uma viatura que fica ali no Morro do São Carlos, parada, e o sinal de pedestre… mas antes disso, eu pensei que estava se distanciando, vamos perder de vista, e ele falou pra ficar tranquilo, que se não pegar aqui, tem uma situação que ela para, que é um barzinho, eu não sei nem se ela bebia; sei que para nesse bar pra beber alguma coisa, inclusive já deu até medalha pra essa senhora, da ALERJ ou Assembleia Legislativa, ela recebeu uma moção no caso.
DELEGADO 1: A dona do bar?
ÉLCIO: A dona do bar, isso…não sei se a medalha era pela internet…Tiradentes…não sei…ele falou alguma coisa desse tipo; ele já sabia desse local também, que eu não sabia; ele falou pra ficar tranquilo que se não parar aqui, vai parar em outro lugar; então, quer dizer, não tinha jeito, ele ia fazer de um jeito ou de outro; aí quando eu ia parar no sinal, o carro já tinha passado, ele fala tinha uma passagem e esse Vectra parou e todo mundo parou; e ele viu que era sinal de pedestre e disse para avançar que era de pedestre; no momento que a gente avança e eu entro a primeira a direita naquele largo do Estácio, o carro estava parado transversalmente e aguardando um veículo passar por ele pra ele poder entrar naquela rua, pra atravessar ali o viaduto…aquele viaduto ali; o veículo estava parado esperando uma oportunidade pra poder entrar, e nesse momento ele falou: é agora e emparelha…emparelha no caso a minha janela com a…porque no caso ela estava…emparelha a minha janela com a de trás do lado direito…o mesmo que ele falou lá atrás retomando…vai ter que ser pelo lado direito do carona direito, eu me lembrei agora desse fato, traseiro direito.
DELEGADO 1: Por que vocês tiveram o visual dela entrando dentro do carro?
ÉLCIO: Isso, justamente. Ele já estava de touca esse tempo todo depois que a gente saiu; ele já estava com a touca ninja. Nesse momento que está parado, esperando pra entrar, eu emparelhei e botei meu vidro…a minha janela paralela ao carona do carro do ANDERSON; não vi, pois o vidro é escuro; ele já estava com o vidro aberto e eu só escutei a rajada; da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço; (inaudível) quem pensa que silencioso…mas faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho… mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou “vão bora”; eu nem vi se acertou quem, se não acertou.
PROMOTOR 2: Nesse momento dos disparos, o RONNIE já tinha colocado a balaclava pra esconder, porque você falou que ele deu a balaclava pra esconder e depois ele pegou a balaclava?
ÉLCIO: Ele tinha outra; ele tinha duas, a outra era pra mim, mas eu não cheguei nem a usar, eu deixei no painel.
PROMOTOR 2: No momento dos disparos, ele estava de touca e casaco?
ÉLCIO: Touca ninja e casaco preto sem luvas; até porque eu acho que a testemunha fala de uma camisa do flamengo, mas não era flamengo; tinha até as cores do flamengo, mas era de um time estrangeiro, que não era o flamengo.
PROMOTOR 2: Mas tinha detalhe vermelho?
ÉLCIO: Tinha detalhe vermelho; era todo preto com detalhe vermelho e branco; não sei se era uma faixa; o símbolo era vermelho também. Esse casaco ele falou até que depois se desfez.
DELEGADO 1: Ele tirou esse casaco que horas?
ÉLCIO: Depois que a gente chegou; no final já do trajeto.
DELEGADO 1: Tá, então você conta como foi o trajeto?
ÉLCIO: Aí nós saímos, eu só falei pra… eu fiquei preocupado com a situação…e a senhora? Ele disse pra eu ficar tranquilo, ir embora. Ai ele já, nesse momento, trocou o carregador e colocou um cheio; e falou que agora era pra fazer barulho, se alguém viesse roubar a gente – tem que fazer barulho – aí ele tirou o silenciador da metralhadora e falou que agora teria que ajudar de novo, aquela mesma manobra de arriar o banco e deixar na horizontal; e ele foi passando pra frente e rastejando ali, e voltou pro banco da frente e sentou.
DELEGADO 1: Assim que os disparos foram realizados, assim que a rajada foi realizada, qual foi o trajeto?
ÉLCIO: Ele falou pra ir pela 24 de maio…pega a 24 de maio…e eu falei pra ele que a 24 de maio é um funil, e tem várias operações da Polícia Militar, é corriqueiro ali; eu falei que era melhor ir pela Brasil, e ele disse “faz o teu caminho aí”; aí eu fui e peguei a Leopoldina; e nesse momento eu não lembro mais se ele já estava com o telefone ou não, não tenho certeza, não posso afirmar; mas até o momento dos disparos ele estava com o telefone; eu não sei em que momento… poderia tá? Sim; mas eu não sei em que momento ele se desfaz do telefone; guarda e fala que agora tá tranquilo, porque a rua estava tranquila; aí depois pegamos a Avenida Brasil.
DELEGADO 1: Primeiro, em relação ao telefone, ele só manuseava, ele não ligava pra ninguém durante (inaudível)…nem WhatsApp, etc? Ele só manuseava?
ÉLCIO: Não sei; ele manuseava.
DELEGADO 1: Mensagem o senhor não sabe se ele estava mandando?
ÉLCIO: Não sei; eu não sei qual aplicativo que ele estava usando.
DELEGADO 1: Eu quero que o senhor seja especifico em relação ao trajeto.
ÉLCIO: Correto; dali do local, seguimos em frente, na mesma posição que estava o carro, não entramos para o lado da Tijuca, fomos em sentido a Leopoldina, pegamos a primeira agulha ali, fizemos aquele contorno, passamos pela…
DELEGADO 1: Aquela primeira agulha ali seria da Sul América?
ÉLCIO: Sul América, que se perder ali, só indo pro centro da cidade e retornando; aí pela o caminho da Leopoldina ali, que tem até um retorno ali, um viaduto que pega a Estação da Leopoldina, vai em frente, como se fosse em direção a Ponte Rio-Niterói; só que não vai pra Ponte Rio-Niterói, desce a Avenida Brasil; na Avenida Brasil, fui pegando a pista do canto, eu entrei em uma agulha próxima ao viaduto de Benfica, antes tem uma agulha pra entrar pra pista do canto, pois justamente a pista do canto tem radar, tem um monte de coisa; peguei a pista do canto, passei pelo retorno do viaduto de Benfica, segui em frente; peguei linha amarela sentido Barra; no meio caminhou ele falou pra tocar pra casa da mãe dele – a mãe dele é no Meier – então, pela linha amarela desci ali antes do pedágio; Rua Pompilho de Albuquerque, esquerda Rua Borja Reis, em frente; passei pela entrada da minha casa, fui direto, Dias da Cruz; na Rua Dias da Cruz em frente ao Esporte Clube Mackenzie entramos na Rua do Rio, que é onde a mãe dele mora, esqueci o nome daquela rua; fomos até o final, passamos nos fundos da 26 DP e retornamos; passamos pela entrada da casa da mãe dele; na portaria da mãe dele, e fomos parar na Casa Branca, casa de festas, que não tem câmera, mas estava cheia; fiquei procurando vaga; a última na ponta da Casa Branca, já próximo a entrada do edifício, eu estacionei ali; ele ficou até com um pouco de preocupação, com medo do edifício ter alguma câmera ali, mas acho que o edifício não tinha câmera na portaria; aí descemos do carro e ele tocou lá e chamou…desceu o irmão dele, e ele começou a falar com o irmão se estava tudo bem e tal, não me lembro o que ele falou; e me lembro depois, que ele pediu para o irmão arrumar um táxi; ele pediu pra eu pegar uma bolsa no carro; aí eu peguei a bolsa no carro; ele já não estava mais de casaco; peguei a bolsa no carro…
DELEGADO 1: Ele já tinha tirado o casaco?
ÉLCIO: O casaco já tinha guardado já; aí entreguei a bolsa a ele; aí ele pegou e pediu pro irmão dele guardar; o irmão falou que iria guardar e aproveitar pra pedir um carro; o irmão disse que iria pedir um táxi da “TÁXI MEIER” do Meier (ele teria cadastro) – Cooperativa Taxi Meier;
DELEGADO 1: Essa rua ali pode ser a Magalhães Couto?
ÉLCIO: Ela é transversal a Magalhães Couto, ela é paralela a rua dele;
DELEGADO 1: A casa da mãe do LESSA?
ÉLCIO: A rua em frente ao Esporte Clube Mackenzie, nos fundos da Delegacia; entrei na Rua do Rio, fui até o final, fiz o retorno e peguei essa rua ali (que não sei o nome, retornando), tem a Casa Branca do lado direito; após os prédios; tem um conjunto habitacional grande ali, onde a mãe dele mora; passou ali a portaria da mãe dele e ali logo em seguida tem a Casa Branca; ali na última vaga já chegando num edifício entre a Casa Branca; aí nesse momento ele desceu do carro; ele interfonou e o irmão dele desceu; e aí pediu se o irmão poderia pedir um táxi pra gente, sentido Barra.
DELEGADO 1: Até ali você acha que demorou quanto tempo?
ÉLCIO: Muito rápido; não tinha trânsito nenhum.
DELEGADO 1: 15 minutos?
ÉLCIO: Pode ser isso ou um pouco mais, não chega a quarenta minutos. Uns trinta minutos, foi muito rápido. Até as pessoas perguntam como que você voltou com esse carro, porque a rua, por incrível que pareça, praticamente deserta; talvez acho que devido ao jogo. Aí o irmão dele subiu pra guardar a bolsa e automaticamente já desceu e falou que estava vindo um carro.
DELEGADO 1: Demorou pro irmão dele descer?
ÉLCIO: Não, rapidinho.
DELEGADO 1: O Senhor viu o irmão?
ÉLCIO: Eu vi.
DELEGADO 1: O senhor que pegou a bolsa no carro? Sabe dizer quais as características da bolsa?
ÉLCIO: Sim, eu peguei a bolsa, voltei no carro pra pegar a bolsa. Uma bolsa de viagem normal, preta; toda preta.
DELEGADO 1: De onde vocês pararam o carro na Casa Branca até a casa, vocês foram a pé?
ÉLCIO: Sim, fomos a pé. Acabou a Casa Branca e já é a casa da mãe dele; a primeira portaria é da mãe dele; é colado.
DELEGADO 1: O DENNIS demorou quanto tempo pra descer?
ÉLCIO: Nem cinco minutos. Só foi tocar o interfone, demorou um pouco; nisso ele falou pra eu ir buscar a bolsa…
DELEGADO 1: Ele tocou o interfone, ele não ligou do celular não?
ÉLCIO: Não, tocou interfone e o irmão dele desceu. Quando voltei com a bolsa, o irmão dele já estava lá. Aí começou a conversar com o irmão e pediu pra pedir um táxi pra ir pra Barra. Nisso o irmão disse que iria lá em cima pra pedir o táxi pela TAXI MEIER, que ele já teria cadastro.
DELEGADO 1: Como foi chamado esse táxi? Foi por aplicativo ou por ligação, como que foi?
ÉLCIO: Não sei…se ele ligou…ele falou que tinha que subir…não sei se ele ligou da casa dele ou do telefone dele.
DELEGADO 1: Mas ele subiu pra ligar? Pode ter sido de um telefone fixo então?
ÉLCIO: Ele subiu pra ligar; pode sim; pode ter sido por um telefone fixo ou telefone dele lá; porque ele subiu e em pouco tempo…a gente ficou conversando ali um pouco, uns dez ou quinze minutos chegou, veio um carro que era um TOYOTA ETIOS.
POLICIAL FEDERAL 1: ÉLCIO, você lembra de o carro ter identificação da cooperativa, você lembra desse detalhe?
ÉLCIO: Sim, e estava uniformizado também; a gente confirmou pra ver se era o nosso táxi mesmo.
POLICIAL FEDERAL 1: Qual o tipo de táxi, era aquele amarelo?
ÉLCIO: Amarelo e azul; o padrão.
DELEGADO 1: Vocês confirmaram como?
ÉLCIO: O irmão dele viu a placa e o modelo; o irmão dele que sabia as coordenadas do táxi. Do TÁXI MEIER nós pegamos ali por dentro, saímos da Dias da Cruz, da Dias da Cruz fomos pegar a linha amarela no sentido Engenho de Dentro, já na 2 de fevereiro, pegamos aquele retorno e pedágio.
DELEGADO 1: O táxi passou pelo pedágio?
ÉLCIO: Passou sim; não me lembro se passou pelo automático; eu fui conversando com o motorista… que o carro era bom, espaçoso; aí Airton Sena, fizemos aquele retorno na Lúcio Costa, retornou beirando a praia, chegou lá na frente fez o retorno, acho que o retorno foi até em frente o Condomínio que ele morava; acho que é o único retorno que tem ali; o RONNIE orientou pra ir para a direita e paramos atrás do carro dele.
DELEGADO 1: Da Evoque?
ÉLCIO: Da Evoque; o motorista é testemunha ocular que nós descemos ali; ele pagou o táxi, nós entramos na Evoque; o táxi foi embora; eu não me lembro se o táxi foi direto ou retornou.
DELEGADO 1: Você conseguiria eventualmente reconhecer o motorista?
ÉLCIO: Era meia idade, baixo.
DELEGADO 1: Cabelo branco, preto, loiro?
ÉLCIO: Cabelo preto.
POLICIAL FEDERAL 2: Meia idade seria o que, cinquenta anos?
ÉLCIO: Uns quarenta, entre quarenta e cinquenta anos; ele estava uniformizado.
DELEGADO 1: Mas ele era negro, branco?
ÉLCIO: Branco, não era careca.
PROMOTOR 2: Chegou a conversar com ele, tinha algum sotaque característico?
ÉLCIO: Não. A gente conversou porque eu falei sobre o espaço do veículo e tal assim… mas eu acho que não tem como ele errar essa corrida porque ele parou num local totalmente diferente de tudo…ali não tem lugar pra nada.
PROMOTOR 2: Barba, bigode…usava alguma coisa?
ÉLCIO: Não. Eu acho que ele estava com rosto limpo.
DELEGADO 1: Olho claro, pinta na cara, tatuagem?
ÉLCIO: Não, era a noite e eu estava no banco de trás; mas eu vi que tinha estatura baixa; e entramos ali, ativamos novamente o telefone e fizemos a mesma coisa: saímos ali pelo condomínio…
DELEGADO 1: O senhor acredita que isso tudo demorou quanto tempo mais ou menos, até ativar o celular de novo?
ÉLCIO: Eu acho que bate certinho com…com os horários das antenas.
DELEGADO 1: Bate certinho na sua opinião?
ÉLCIO: Bate certinho; quando volta a funcionar…logo depois que a gente liga, automaticamente a gente já vai pro Resenha; só pega o retorno ali da praia e já vai pro Resenha diretamente.
POLICIAL FEDERAL 1: Você não lembra de ter olhado que horas era, nada disso?
ÉLCIO: Não; adrenalina estava…não estava preocupado com isso; só estava tirando o telefone da situação e botei ele pra funcionar; não sei se entrou mensagem; acho que entrou mensagem da minha esposa; não me lembro, são muitos anos também; continuando pegamos a Avenida Lúcio Costa sentido Barra e entramos na Olegário Maciel; Olegário Maciel lotadíssima, não tinha onde parar, nós entramos…passou o Praticitá, Resenha…entramos na Rua do Resenha; na rua do Resenha as vagas todas ocupadas; só que o guardador já conhecia o RONNIE LESSA; o RONNIE LESSA sempre dava gorjeta pro cara… o cara disse pra parar na transversal, que a primeira vaga que tiver é sua…aí descemos…
DELEGADO 1: Deixa só te interromper um segundo; esse ETIOS era hatch ou sedan?
ÉLCIO: Sedan, com certeza.
DELEGADO 1: Chegaram no Resenha, pararam?
ÉLCIO: Chegamos no Resenha, paramos, descemos; o RONNIE já foi andando em direção a calçada, quase chegando na esquina que tem uns banheiros…quase pra esquina… tinha uma mesa montada, aquela mesa de pé alto; não tinha ninguém sentado em mesa comum como essa, e tinha whisky e um monte de coisa ali…e estava o MAXWELL e a atual esposa dele; tinha o ASSIS BOMBEIRO e um outro bombeiro, que eu acho que foi adido da Polícia Civil também; que depois eles começaram a falar da época da Polícia Civil e de operações e tal; mas a primeira coisa que fez, foi o MAXWELL vir na direção do RONNIE já dizendo que sabia que eram vocês; aí eu escutei aquilo e fiquei tipo… aí pá, pá e já começaram a conversar, e vamos chegar pra cá… aí o garçom chegou – aquele garçom que foi testemunha e tudo, o rapaz;
DELEGADO 1: DARLEI o nome dele?
ÉLCIO: Isso, o DARLEI, que serviu a gente, pegou copo essas coisas; aí ficava toda hora aparecendo a chamada (televisão) só que na chamada eu falei: o que aconteceu? perguntei pro DARLEI; aí o DARLEI falou que foi um homicídio que teve de uma vereadora, falou por alto; esta passando ali, mas não tinha som, porque estava tendo jogo; e aquela situação que de vez em quando chamava e tal, até que um momento…pergunta, pergunta…até que falou, morreram duas pessoas no local e tal…eu falei, que merda.
DELEGADO 1: Por que “que merda”? Naquele momento você soube que o ANDERSON tinha morrido?
ÉLCIO: Soube que o ANDERSON tinha morrido.
DELEGADO 1: Até então, na sua cabeça, só a MARIELLE tinha morrido?
ÉLCIO: Sim, porque veja bem, o vidro…eu acredito que não, não estilhaçou; não teve…o vidro estava fechado, eu nem vi o rosto dele; eu parei paralelo e não vi o rosto dele; eu vi um vidro; não sei se o meu vidro era muito escuro; pode ser que o disparo atravessou o vidro, mas eu não vi; aí comecei a conversar com ele… e ele falou pra eu ficar tranquilo; ele me tranquilizava, e no final das contas eu fiquei bêbado; e como a mulher do MAXWELL não gosta do RONNIE – ela não gosta de ninguém que encoste perto do marido dela – ela pegou o carro e sumiu, foi embora; aí ficou com a gente (MAXWELL) e ficou aquela conversa toda; depois foi o tempo passando…bebendo, bebendo… aí depois eles começaram a conversar em particular, aí ficaram lá conversando em particular…
DELEGADO 1: Quem? SUEL e RONNIE?
ÉLCIO: É…teve um momento até que o MAXWELL confirmou…confirmou no sentido de que…eu me liguei na situação, porque ele falou: “pô cara, fiz um tempão… estava um tempão nessa situação…e deu problema no carro”…tipo se desculpando; isso me lembrei que depois eu fiquei nessa…buscando…tipo se justificando, mas não tinha que se justificar pra mim; e depois ficou conversando com o RONNIE em particular, e eu bebi, bebi e vomitei umas três vezes…
PROMOTOR 2: Quando foi essa história de que o MAXWELL te disse que já estava um tempo, foi nesse dia mesmo?
ÉLCIO: Na hora que a gente desceu do carro e começou a conversar ali e depois de um tempinho passou nem cinco minutos…ele me falou…já estava nesse trabalho…não sei o termo que ele usou…ele falou que já estava um tempo vendo isso aí…não falou isso aí, ele falou que estava um tempo nesse carro vendo um trabalho; ele não falou especificamente, estava vendo a MARIELLE… não falou…falou estava um tempo com esse carro…poxa…andamos pra caramba nesse carro…mas não foi o carro que falhou… não fui eu que quis e tal…ele tipo se justificando…e ele estava no trabalho; só podia ser; não tem como falar…
DELEGADO 1: Por que então essa pergunta dele, que o senhor acha?
ÉLCIO: De que?
DELEGADO 1: Ou essa constatação “sabia que tinha sido vocês” quando ele encontrou?
ÉLCIO: Eu não sei.
DELEGADO 1: Por que ele já tinha acesso de tudo, correto?
ÉLCIO: Correto, mas eu acho que foi tipo assim… ele viu o carro, e viu o que aconteceu divulgado; disparo de metralhadora com um carro que era…que eles estavam usando…só pode ser quem? Não tem outro igual.
POLICIAL FEDERAL 1: Eu não tenho certeza se no momento, se naquele momento já se sabia qual era o carro; naquele momento sabia qual era o carro? A noite ali sabia?
ÉLCIO: Sabia sim; se não sabia, ele sabia.
POLICIAL FEDERAL 1: Sim, mas aí não teria como ele ter visto…não tinha sido divulgado.
ÉLCIO: Não, apareceu na televisão.
POLICIAL FEDERAL 1: Mas aquela divulgação de identificar qual era o veículo.
ÉLCIO: Não, isso daí ele não falou sobre o carro nada, ele falou sobre tipo o “modus operandi”; tá entendendo a situação…é…”eu sabia que vocês que fizeram isso”; ele não falou por causa do carro…eu que tô achando, isso aí é suposição minha; ele não falou exatamente com essas palavras.
DELEGADO 1: Porque o COBALT não apareceu naquele dia? Até porque foram recuperados CFTV depois.
ÉLCIO: Não… mas ele falou sabia…a primeira coisa que ele falou foi que sabia que tinha sido vocês; porque eu acho que é pelo “modus operandi”.
DELEGADO 1: Pelo alvo não seria?
ÉLCIO: Pode ser; mas ele não falou com essas palavras; agora o senhor me deu até uma…puxou um gancho que poderia ser sim isso aí; ele não falou o COBALT…”sabia que tinha sido vocês”; isso aí deixou bem claro.
DELEGADO 1: Por que vocês não sabiam o carro dela? Vocês não sabiam qual o carro que ela estava usando?
ÉLCIO: Eu não sabia; eu não sei se eles sabiam;
DELEGADO 1: O senhor não sabe se eles sabiam qual era o carro dela?
ÉLCIO: Não sei; nunca falou qual era o veículo.
DELEGADO 1: Porque o carro dela de fato apareceu.
ÉLCIO: Essa imagem eu vi; o AGILE eu vi na televisão, sem sombra de dúvidas; que o link estava até ao vivo; isso aí eu vi; agora teve esses detalhes aí…me lembrando…aí depois ele ficou conversando um tempo e foi esvaziando, esvaziando, ficou…uma prova de que nós ficamos só nós três no Resenha, é o segurança que fica ali… que permanece a noite ali tomando conta dos carros.
DELEGADO 1: O senhor conhece ele?
ÉLCIO: Eu vi ele; não sei o nome dele não…mas era bem grandão…o RONNIE sempre deixava uma gorjeta pra ele…o cara passava a noite ali…mas acho que ele olhava ali uns outros barzinhos; mas ele ficava em pé ali porque como a gente ficava até tarde, ele deixava sempre o banheiro feminino aberto pra gente poder usar;
PROMOTOR 2: Nós os três é: RONNIE, MAXWELL e o senhor no Resenha?
ÉLCIO: No Resenha, isso.
DELEGADO 1: Então o SUEL foi embora junto com vocês?
ÉLCIO: Eu não acredito que foi não, porque a esposa dele voltou depois; voltou depois e fez um escândalo danado e a rua estava vazia e ela falou pra ir embora; e ela falou: “que isso é hora de homem casado tá na rua; fez um escândalo danado na rua; aquilo ali o segurança não vai esquecer; fez um escândalo danado, voltou pro carro deles, que era um Mitsubishi sedan; eu acho que era esse carro que ela estava; fez um escândalo e ela entrou no carro e ficou ali esperando a gente acabar; ficamos calados só esperando os dois discutindo…e volta, volta…aí daí pra frente eu não me lembro se ele foi embora com ela no veículo; com a gente; eu acho que não foi não…porque toda vez que me pergunta se deixei alguém em algum lugar, se passaram em algum lugar, eu não me lembro de ter deixado ninguém.
DELEGADO 1: Mas aí você já estava completamente embriagado?
ÉLCIO: Embriagado; louco, estava louco; vomitei umas três vezes; querendo já sumir do mundo. Até ele falava: “qual foi ÉLCIO”? porque eu ia atrás do carro toda hora, na rua mesmo, vomitei pra caramba. Disso daí, depois fomos pra casa dele; com certeza pegamos ali a rua de dentro e saímos na praia; entramos no condomínio dele; desci do carro; fui pra pegar meu carro; ele estava no carro dele assim…ele nem desceu, eu que desci, ele ficou pra estacionar o carro dele no lugar do meu; aí depois ele pegou…fui ajeitar meu carro…ele pegou e falou -nunca me esqueço disso – “cara, tu tá duro?” Tô… mas qual foi, o que é? Ele falou: “vou te dar isso aqui cara, segura isso aqui…mas não é por causa disso não hein…não tem nada a ver com o crime não”; e me deu mil reais; sempre ele me dava um dinheiro; esse dinheiro ele me deu, mas falou que não tinha nada a ver com essa parada; ele falou que jurava, não botei um centavo nisso aí; eu falei não precisa não; aí aquele precisa, não precisa… ele me deu mil reais; mas deixou bem especifico que não foi relacionado a…pô, seria até…mil reais… Deus me livre e guarde…aí eu peguei meu carro e…liguei pra minha esposa, que eu estava indo pra casa, pra ela abrir meu portão, porque é muito perigoso ali aonde eu moro; pra ela ficar esperta quando eu chegasse, pra ver na câmera; lá em casa tem câmera; ela abriu portão pra mim e eu já entrei com o carro. Isso foi o dia, foi o dia do fato em si.
PROMOTOR 2: A história do DARLEI aparecer como testemunha no processo, você sabe como isso surgiu?
ÉLCIO: Eu já estava preso na federal.
PROMOTOR 2: O RONNIE não falou nada contigo nem com a família?
ÉLCIO: Não.
PROMOTOR 2: Nem durante a época que vocês já estavam ali sendo ventilados como os responsáveis pelo crime, o RONNIE não falou nada “vou procurar o DARLEI”, vou chamar o DARLEI?
ÉLCIO: Não, não sei se ele falou, porque a gente teve preso na Delegacia de Homicídios e ele teve acesso ao Dr. Fernando em particular; não sei se ele falou pra procurar o DARLEI e tal; eu não sei…agora pode ser que o DARLEI tenha visto a gente; que ele tá acostumado a ver a gente, e ter confundido um dia com o outro também; não sei se ele confundiu um dia com outro; se pediram a ele, e ele por divida de gratidão… porque o RONNIE vira e mexe ajudava o DARLEI -DARLEI mora na comunidade carente – RONNIE ajudava ele, dava sempre um dinheiro pra ele, gorjeta boa pra ele; o DARLEI gostava muito do RONNIE; as vezes ele…não é permitido garçom beber com o cliente; quando DARLEI saia do serviço… ele falou com o gerente, falou com o dono lá que ele conhecia; que o DARLEI podia sair do serviço e beber até com a gente se quisesse, já tinha até autorização do dono; então quer dizer, isso aí, essa situação eu realmente já estava na federal e não sabia da situação do DARLEI como testemunha.
PROMOTOR 2: O senhor falou que não teve dinheiro envolvido nada; o RONNIE falou que não tinha dinheiro…tem uma situação que pouco após o crime o senhor teria quitado vários boletos, pago o colégio da filha que estava atrasado, etc., levantado aquilo?
ÉLCIO: Sim, eu pedi esse dinheiro emprestado ao RONNIE; teve se eu não me engano, teve duas vezes que eu pedi cinco mil reais a ele, e eu paguei, eu paguei isso aí…teve uma que eu paguei e uma outra que eu não cheguei a pagar; teve uma situação que eu peguei dinheiro emprestado com ele…mas nós fomos até presos…não, acho que foi antes da prisão; tem uma situação…uma que eu paguei e outra que ele falou que não precisava pagar; mas acho que as duas vezes, se eu não engano, foi cinco mil reais; teve sim; mas nada de dinheiro absurdo; nunca teve nada relacionado a essa situação; nunca teve não; se teve algum dinheiro não foi pra mim; ele sempre bateu nessa tecla.
PROMOTOR 2: Um desses valores de cinco mil, o senhor não chegou a pagar?
ÉLCIO: Não, porque nem ele mesmo…eu falei segura um pouco aí…aí ele falou “não, pode ficar, quando der”, aí foi empurrando com a barriga…ele também não cobrou e ficou assim.
PROMOTOR 2: Depois do crime, o que o senhor…depois né…aconteceu o crime…saímos ali do dia 14… outras oportunidades que o senhor conversou com o RONNIE e ou com o MAXWELL, lembra disso, conversaram mais alguma coisa sobre o crime depois?
ÉLCIO: A gente conversou porque a gente teve que desfazer do veículo.
PROMOTOR 2: Como foi então? O que aconteceu depois do dia 14? O que aconteceu dia 15?
ÉLCIO: No dia 15, acho que foi dia 15, tenho quase certeza que foi no dia seguinte, ele foi até minha casa, o RONNIE com o MAXWELL; ele me avisou antes que estava chegando por mensagem.
DELEGADO 1: De manhã, tarde ou de noite…que horas?
ÉLCIO: Não foi tarde não, mas também não foi cedo demais também não;
POLICIAL FEDERAL 1: Foi no carro dele?
ÉLCIO: Foi, veio na Evoque dele; foi na minha casa; aí me buscou; aí nós fomos até a rua da mãe dele lá…aí ele falou que tínhamos que trocar a placa desse carro aí, pra levar depois pra outro lugar e tal; mandou mensagem “tô chegando”, ele sempre fazia isso pelo CONFIDE e aí desligava o telefone; justamente pra antena dele não ligar a minha residência; esse “tô chegando”, podia chegar daqui quinze minutos, cinco minutos, uma hora…ele fazia sempre isso…as vezes ele aparecia também e ficava esperando alguém entrar na minha casa e ai “chama seu pai lá”; ele sempre fez isso; ele sempre se precaveu em negócio de antena, em situações de antena; aí nós fomos até a rua de novo, lá do carro lá.
DELEGADO 1: Na Casa Branca?
ÉLCIO: Na Casa Branca; em frente lá…tem um ponto de Kombi; estava lotado de Kombi ali…várias pessoas ali… Kombi mesmo; de transporte alternativo…a gente ficou até assim…vamos levar o carro pra onde…ficou aquela dúvida; vamos levar…tem que trocar essa placa, e já estavam com a placa; aí tem que trocar essa placa, vamos pra onde?…vamos pro posto…não, mas o posto um monte de gente vai ver; que tem um posto de gasolina que é muito amigo nosso…ali na…ali onde tem um posto de saúde do Engenho de Dentro…na Rua Gurupati; tem um posto de gasolina ali, tem um estacionamento ali, mas a gente não foi ali; a gente conversa daqui, conversa dali…e falei vamos pra minha casa; mas só que a minha casa tem câmera; aí ele não, ajeita lá, a sua garagem é fechada, então vamos pra lá; fomos pra minha casa; mas depois teve a situação do HD, mas aí foi posterior; aí chegamos e entramos, a minha esposa não estava em casa, não tinha ninguém em casa; botei o carro dentro da garagem; a minha garagem é fechada, ou seja… os senhores foram lá e os senhores viram a garagem da minha casa, que tem um telhadinho fechado; deu certinho o carro ali; aí a casa da minha mãe na frente, que tá alugada agora e estava em obra na época; aí eu fui e peguei uma chave de fenda; o RONNIE veio e desceu do carro; a Evoque ficou lá e entregou a placa pra gente; aí eu já tirei a placa de trás, e o SUEL já foi tirando a placa da frente; mas fizemos uma varredura no carro ali, pra tirar umas cápsulas; tinha umas cápsulas ainda dentro do veículo; aí fizemos uma varredura ali e tiramos; aí ele perguntou se estava em obra; como que a gente vai quebrar essa placa lá dentro… aí eu falei que eu acho que lá na minha mãe, como tá em obra tem tesoura de cortar chapa… tem um monte de ferramenta…então tinha; ele entrou; fomos na sala da casa da minha mãe; ficamos lá e eles cortando pedacinho por pedacinho da placa.
DELEGADO 1: Qual tamanho dos pedaços?
ÉLCIO: Uns pedaços assim (mostra com as mãos o tamanho); tudo cortadinho; botou num saco plástico e tal…aí saímos…nisso…aí voltamos, aí o…eu fui pra entrar no carro e abrir a garagem…
POLICIAL CIVIL 1: Quem providenciou a placa que foi trocada?
ÉLCIO: SUEL; ele que tinha esse contato de conseguir placa; esse contato era dele; ele conseguiu; aí nessa situação nós fomos pra…aí picotou a placa…saímos ali, nesse instante eu tô fechando o portão e eu entrei até como motorista…o LESSA já estava no carona com as placas dentro de um saco, e o SUEL já dirigindo o COBALT…é isso mesmo, ele estava dirigindo o COBALT; quando ele saiu, passou um vizinho e falou que o pneu estava vazio.
DELEGADO 1: Mas esse vizinho de onde, da casa da sua mãe?
ÉLCIO: Da minha rua, da rua da casa da minha mãe ali.
DELEGADO 1: Quem é esse cara, esse vizinho?
ÉLCIO: É um rapaz lá… o JORGINHO, o “DOINHA”, “DOI”; é JORGE o nome dele.
POLICIAL CIVIL 1: A casa da sua mãe é do lado?
ÉLCIO: A casa da minha mãe é na frente, eu moro nos fundos.
DELEGADO 1: Ele mora ali na rua mesmo?
ÉLCIO: Mora na rua, nasceu ali;
DELEGADO 1: Sua família sabe declinar aonde ele mora?
ÉLCIO: Sabe.
DELEGADO 1: Não morreu esse cara?
ÉLCIO: Não; que eu saiba não, não sei, tanta gente morreu…
POLICIAL FEDERAL 1: Você acredita que ele lembraria disso aí?
ÉLCIO: Eu acho que ele lembraria, porque eu entrei pilotando o carro do RONNIE; a Evoque do RONNIE; e ele estava de bicicleta…”o pneu tá vazio aí”…ele pode até achar que de repente, pode ser meu carro; meu carro também era prata; ele pode confundir, pode não reconhecer…carro parecido…mas ele especificamente…ele falou “olha aí, tá com o pneu vazio”.
PROMOTOR 2: Quem estava dirigindo o COBALT, era o SUEL?
ÉLCIO: SUEL; aí nós saímos e ele veio acompanhando; nós fomos em direção ao Engenho de Dentro pra pegar pra Rocha Miranda; só que nós antes passamos no Posto Esso, agora é BR, da Rua Adolfo Bergamini; aí o SUEL foi ali e encheu o pneu do veículo.
DELEGADO 1: Você sabe qual foi o trajeto que vocês fizeram com esse novo carro, com essa nova placa?
ÉLCIO: Sei, eu vou dizer agora; saindo da casa da minha mãe, pegamos a Adolfo Bergamini, pegamos pro Engenho de Dentro, tem o supermercado Guanabara, entramos a esquerda na Rua…eu não sei…a primeira rua que tem a direita;
DELEGADO 2: Lembra mais ou menos o horário que isso aconteceu?
ÉLCIO: Eu acho que foi antes do almoço; porque estava meio ressacado, não tenho certeza; seria leviano da minha parte eu afirmar…
DELEGADO 2: Foi durante o dia ainda?
ÉLCIO: Foi, não era parte da tarde ainda…
DELEGADO 1: Umas onze da manhã, será?
ÉLCIO: É, pode ser meio dia, porque…aí eu vou narrar os fatos; porque ainda teve mais uma série de coisas que aconteceu e ainda era dia; passou a tarde depois; aí pegamos para o Engenho de Dentro; entramos na rua Curupati, nesse posto de gasolina; tem um posto de saúde de um lado e posto de gasolina do outro; entramos na rua Curupati e fomos; subimos e aí na primeira a esquerda, aos fundos do condomínio…na lateral do condomínio da mãe dele, que é a Rua Magalhães Couto; ali tem umas vagas e paramos em uma das vagas de frente para uma câmera; isso também deixou ele preocupado; mas já estava de placa trocada; um detalhe… nós quando trocamos a placa dentro de casa, o SUEL sacou um adesivo da “APPLE” – aquela maça que vem no iphone – e colocou no vidro traseiro, pra dar uma diferenciada no veículo; achei muito estranho que a placa estava até pronta; nisso nós estacionamos; descemos a rua Curupati sentido Magalhães Couto, se eu não me engano; os senhores podem confirmar, por favor; entrei logo na vaga ali.
PROMOTOR 2: O nome da rua é Magalhães Couto?
ÉLCIO: É; Curupati, e a primeira rua que desce é Magalhães Couto, beirando o condomínio da mãe…é Magalhães Couto…tem as vagas ali das pessoas que moram ali; e tinha uma vaga ali, uma sombra ali, e paramos; tinha até uma câmera de frente na lateral do edifício do condomínio; fizemos a volta, entramos no carro e partimos em direção…agora eu não me lembro se eu peguei a rua Adriano ou se voltei por ali…eu não me lembro com exatidão, mas no final fomos até o muro da estação sentido Rocha Miranda;
POLICIAL FEDERAL 1: Vocês foram com a Evoque e o COBALT para a Magalhães Couto?
ÉLCIO: Isso; deixamos o COBALT no local;
POLICIAL FEDERAL 1: De volta perto da casa da mãe?
ÉLCIO: Mas só que na rua transversal; aí MAXWELL entrou na Evoque e fomos no sentido Rocha Miranda; nesse sentido Rocha Miranda fomos beirando a estação Engenho de Dentro, Quintino; foi aí que nesse meio do caminho, que fomos beirando o muro, que o RONNIE foi despachando a placa;
POLICIAL FEDERAL 1: Vocês jogavam de dentro do carro?
ÉLCIO: Ele jogava; ele estava no banco do carona; MAXWELL atrás e eu dirigindo;
POLICIAL FEDERAL 1: Jogava por cima do muro?
ÉLCIO: É, jogava por cima do muro, batia, caia uma fora…mas aí até…vamos dizer… Madureira…quase ali…depois eu não sei mais o caminho;
DELEGADO 1: Qual foi o ponto inicial disso aí?
ÉLCIO: Foi depois ali do Engenho de Dentro, quando começa pegar pra Quintino, e já começa beirar à estação;
PROMOTOR 2: Estação de Engenho de Dentro?
DELEGADO 1: Engenhão ali, perto do Engenhão?
ÉLCIO: Não para o lado de cá…do outro lado da estação; passamos pela faculdade Gama Filho; e nisso vai beirando a estação; foi jogando placa, foi desfazendo, até o momento que acabou a placa;
POLICIAL FEDERAL 1: Você lembra quando acabou, se vocês ainda estavam na linha do trem, se jogou quase tudo logo no começo?
ÉLCIO: Não, não; uma aqui, outra duas esquinas depois…e uma coisa quase praticamente impossível de achar; até porque a linha do trem tem muito cascalho; e a tranquilidade dele era por causa disso; quatro, seis anos, como que vai achar isso;
POLICIAL FEDERAL 1: Uma caia fora, mas a maioria estava lá dentro?
ÉLCIO: Uma; mas aí é um pedacinho desse tamanho…a maioria caia dentro; teve uma hora que eu até desviei assim… quase acertei o meio fio (“opa, vai encostar a roda”) que era pra botar bem próximo, pra jogar; aí nisso, chegamos até Rocha Miranda;
POLICIAL FEDERAL 1: Placa e cápsula, certo?
ÉLCIO: Isso; placa e cápsula; mas eu não lembro quantas cápsulas;
DELEGADO 1: Ele picotou as cápsulas ou jogou o estojo completo?
ÉLCIO: Não, jogou o estojo completo; uma das preocupações do RONNIE, das cápsulas, foi da digital; que ele estava sem luvas; ele estava muito preocupado com isso aí; por causa que chegaram a pegar uma parcial…e eu perguntei pra ele…se quando ele municiou, estava de luvas…e ele falou que não; deu uma explicação técnica, que com calor não tem como checar…
DELEGADO 1: Foi ele que municiou a arma?
ÉLCIO: Foi ele que municiou a arma, sem luvas também; então, possivelmente teria as digitais dele nessa situação; então aí fomos em direção a Rocha Miranda…fomos em direção a casa da mãe do SUEL; pra ele descer ali e fazer o contato com o ORELHA, que já tinha ligado pra ele e iria falar pessoalmente do que se tratava;
DELEGADO 1: O Senhor sabe o nome do ORELHA?
ÉLCIO: Não sei se é EDMILSON…não me lembro…mas não é difícil de achar; no meu telefone tem o nome ORELHA na agenda; apesar de que depois que eu fui preso, deixando bem claro para os senhores, sem mentira nenhuma, eu falei pra minha esposa dizer pro ORELHA trocar de telefone; estou deixando as claras isso aqui;
DELEGADO 2: Sua esposa sabe quem é o ORELHA?
ÉLCIO: Sabe. Nós ficamos amigos; erámos amigos de frequentar a família; frequentar casa; o ORELHA tinha uma agência de automóveis, de recuperar automóveis…então, consequentemente tinha contato com essas pessoas que tem peças de carro; ele já teve ferro velho; hoje em dia ele é sorveteiro, vende sorvete; ele tem uma franquia da ‘Top Furioso”; não é difícil achar ele;
PROMOTOR 2: Hoje uma sorveteria?
ÉLCIO: Uma franquia; “Top Furioso”; não sei se tem como o senhor achar essa franquia…em Santa Cruz da Serra, perto da casa dele; Caxias.
PROMOTOR 2: É em Santa Cruz da Serra, é isso?
ÉLCIO: É, Caxias; Santa Cruz da Serra que faz parte de Caxias; acho que ele tem até mais de uma; trabalha ele e a esposa dele;
PROMOTOR 2: Qual é a participação do ORELHA nessa história?
ÉLCIO: Ele que foi dar destino ao carro; nós deixamos o MAXWELL ali e fomos embora;
PROMOTOR 2: Vocês deixaram o MAXWELL em Rocha Miranda, no dia 15?
ÉLCIO: Na casa da mãe dele.
DELEGADO 1: A casa da mãe dele é onde?
ÉLCIO: Em Rocha Miranda na Avenida principal; Nesse momento, o DPF GUILHERMO mostra uma foto do ORELHA pelo telefone e ÉLCIO o reconhece prontamente (ÉLCIO mostra a foto na câmera para ser gravada);
ÉLCIO: Eu deixei o SUEL ali, porque o SUEL iria falar com ele, no caso né…pra ele providenciar o desmanche; que ele teria o contato.
PROMOTOR 2: Nesse dia ele ficou na casa da mãe?
ÉLCIO: Na mãe, porque eu acho que o carro dele estava ali; o RONNIE não tenho certeza se ele veio da Barra ou da casa da mãe dele;
PROMOTOR 2: O MAXWELL ficou de no dia 15 procurar o ORELHA?
ÉLCIO: Não; nesse mesmo dia a gente deixou ele ali, e ele já iria (no dia 15); porque é perto da casa da mãe dele; não sei se ele ia pegar o carro que estaria ali…dali ia dar o jeito dele e ir embora pra casa; não sei se a esposa dele iria buscar, uma coisa assim; eu sei que teria alguém que iria buscar ele; ou ele estava com o veículo dele ali; mas ele iria conversar com o ORELHA lá na…era uma transversal que era a oficina dele; dele e do PAULO CARECA…PAULO que é envolvidíssimo no morro lá da Pedreira;
PROMOTOR 2: Ele tinha uma oficina ali em Marechal Hermes…em Rocha Miranda?
ÉLCIO: Rocha Miranda, em uma das esquinas ali; aí nós fomos embora; aí o RONNIE deixou bem claro pra explicar pra ele que isso aí tem que sumir… (inaudível) fumaça… não pode aparecer, não pode vender peça… não pode fazer desmanche pra vender peças; preocupação era essa porque tem digital, podia achar uma cápsula, um DNA, alguma coisa; se possível até tacar fogo; e principalmente tirar a numeração; aí fomos embora e ele foi pra lá; aí eu não lembro mais o que aconteceu nesse dia; aí teve o outro dia…
DELEGADO 1: Dezesseis no caso?
ÉLCIO: Dezesseis; que aí fomos mais cedo…
DELEGADO 1: Fomos quem?
ÉLCIO: Eu e o RONNIE; acho que o SUEL não estava nesse dia; quem dirigiu esse carro fui eu; da Magalhães Couto de manhã.
PROMOTOR 2: Qual carro?
ÉLCIO: Fomos até no horário de rush; ele falou: “vou te pegar no horário de rush de manhã”; o COBALT.
POLICIAL FEDERAL 1: Foi bem pela manhã: seis, sete?
ÉLCIO: Entre sete e oito horas da manhã; senhores podem pegar no meu telefone, que eu usei o aplicativo Waze;
DELEGADO 1: O carro não ficou na casa da mãe do SUEL, no dia 15?
ÉLCIO: Não.
DELEGADO 1: O carro voltou com vocês?
ÉLCIO: A missão dele ali era entrar em contato com o ORELHA pra resolver essa situação do carro para o dia seguinte;
DELEGADO 1: Então no dia 15 vocês deixaram o SUEL?
ÉLCIO: Isso; depois eu não me lembro mais o que aconteceu; eu acho que eu voltei pra casa, ele me deixou em casa.
DELEGADO 1: Vocês foram com a Evoque deixar o SUEL?
ÉLCIO: Ele ficou na casa da mãe dele; ele deu o jeito dele de ir embora pra casa; não sei se a esposa veio buscar ele…não sei; a mãe dela mora ali perto de Bangu; eu não sei se ia buscar ele; alguma coisa nesse sentido; não sei o que ele fez, mas ele ia ali, eu não sei se a pé ou iria pegar o carro; ia até próximo a oficina pra fazer contato pessoal; não ia falar por telefone com o ORELHA; iria falar pessoalmente e explicar os detalhes; no outro dia de manhã, no horário de rush – pra justamente não ter operação, essas coisas – eu fui dirigindo, peguei o carro…
PROMOTOR 2: Espera aí… no outro dia de manhã o RONNIE pegou você na sua casa?
ÉLCIO: Isso; ele foi com a Evoque, me pegou na minha casa, entrei no carro e fomos em sentido de novo a Rocha Miranda; o mesmo caminho; beirando a linha do trem e tal; eu fui usando o aplicativo “Waze” o tempo todo;
DELEGADO 2: Dessa vez você foi com o carro?
ÉLCIO: Eu fui pilotando o carro sozinho e o RONNIE atrás, comboiando; eu fui com o aplicativo o tempo todo ligado, se buscar no meu telefone vai ver que eu usei o ‘Waze” e vai até dar a rota do carro; eu não sei nem se tem como, mas se tiver… a rota do carro…
DELEGADO 1: Pelo seu?
ÉLCIO: Pelo meu aparelho, minha linha, com meu nome; eu não sei se o meu aparelho estava no meu nome ou no nome da minha esposa;
DELEGADO 1: E você lembra qual foi o parâmetro que você usou lá no “Waze”, pra ir pra esse local?
ÉLCIO: Devo ter colocado Rocha Miranda, alguma coisa nesse sentido; ou só coloquei, só abri o ‘Waze” e ele vai dando…já vai dando o que tem no caminho; e fui.
POLICIAL FEDERAL 2: E pararam onde, em Osvaldo Cruz pela manhã?
ÉLCIO: Osvaldo Cruz? Não. Nós fomos direto pra uma rua transversal ali, a rua… acho que Avenida dos Italianos; uma pracinha que tem ali, eu estacionei o carro ali pra buscar o ORELHA; não paramos em lugar nenhum não; eu fui direto pra esse local pra deixar o carro, porque a gente estava preocupado de ser parado, abordado, vamos dizer assim; aí o RONNIE foi até atrás pra gente;
POLICIAL FEDERAL 1: Pelo que eu entendi você usou o waze não para se guiar, foi pra ver se aparecia alguma coisa;
ÉLCIO: Me guiar e ver se tinha operação; principalmente ver se tinha operação no caminho; não tinha operação policial nenhuma; justamente horário de rush não se faz operação; eu já trabalhei em trânsito e sei disso; aí eu fui pra essa rua transversal… não sei se é Avenida dos Italianos… não é a rua… não é a rua de Madureira não… é Rua dos Italianos mesmo; se eu ver no “Waze”, eu tenho como mostrar para os senhores; e tem uma pracinha, e eu parei nessa pracinha e botei o carro ali; aí fizemos contato com o ORELHA; não sei se fui eu que fiz.
PROMOTOR 2: O trajeto nesse dia foi esse mesmo, ali beirando a linha do trem?
ÉLCIO: Isso, isso mesmo; beirando a linha do trem; acho que foi o mesmo trajeto que fiz no dia anterior; aí o ORELHA não estava ali e falou onde estava, através de mensagem; não me lembro se foi comigo ou com o RONNIE; mas ele fez contato com um ou com o outro; acho que foi comigo ou o MAXWELL; falou que ele estava na outra esquina; alguma coisa nesse sentido, que foi feito contato entre a gente; e ali, ele estava esperando a gente, em pé; que ele estava em uma padaria, na outra esquina; nós pegamos ele e entrou no carro; entrou no carro e na mesma hora o RONNIE começou a conversar com ele, tentando justificar “pô cara, isso aí é pra fazer um favor pra mim, porque esse carro tá saindo muito na mídia e não tem nada a ver comigo, é um carro parecido”; aí ele disse que não queria saber de nada, estava apavorado; não precisa me contar nada não, tá tranquilo; o SUEL já falou comigo; e o RONNIE tentando se justificar com ele, que o carro não tem nada a ver com aquele fato não; tá saindo toda hora um carro parecido; ele não, não; já estava quase abrindo a porta e se jogando; ele tem pavor do RONNIE; ele sempre trabalhou na área de Rocha Miranda e via como era a atuação dele com a equipe de serviço; que eles eram bem atuantes; então, já deixamos ele ali e já fomos embora; aí eu não me lembro mais depois se fui pra casa, ou aonde eu fui;
DELEGADO 1: Vocês conhecem alguém em Osvaldo Cruz?
ÉLCIO: Quem era de Osvaldo Cruz era o MACALÉ, que era ali de Osvaldo Cruz; mas eu ter de Osvaldo Cruz, não estou lembrando;
DELEGADO 1: Desse dia o senhor não se lembra?
ÉLCIO: Não, não me lembro.
POLICIAL FEDERAL 1: ÉLCIO, isso aí acabou mais ou menos que horas, ainda pela manhã?
ÉLCIO: Não já era…tipo depois a tarde… não, era ainda pela manhã;
POLICIAL FEDERAL 1: Chegou nos italianos, encontrou o ORELHA?
ÉLCIO: Isso, foi rapidinho;
POLICIAL FEDERAL 1: Isso foi de manhã ainda?
ÉLCIO: É, depois disso eu não me recordo mais, já faz muito tempo; o que eu fiz nesse dia, se eu fiquei com ele, se fui pra Barra, se fui pra casa; teve um dia que eu parei pra almoçar no batalhão, mas foi outra situação que não tem nada a ver; aí encontrei com o SUEL;
POLICIAL FEDERAL 2: Pode ter passado por Marechal Hermes ou não?
ÉLCIO: Passado por Marechal Hermes? Posso sim; caminho pra ir ou pra voltar, né;
POLICIAL FEDERAL 2: Você consegue dar uma refinada na hora?
ÉLCIO: Oito, nove horas no máximo;
PROMOTOR 2: O carro ficou na tal praça, foi isso?
ÉLCIO: Ficou.
PROMOTOR 2: No fim das contas, você estacionou na praça, o ORELHA chegou?
ÉLCIO: Não, o ORELHA estava na outra esquina, nós buscamos ele, levamos até a praça, e o RONNIE tentando justificar a situação; aí ele disse que não precisava falar nada; não precisa me contar nada;
PROMOTOR 2: Ele levou o carro, ele entrou no carro?
ÉLCIO: Aí eu não vi entrar; nós fizemos a volta e entreguei.
PROMOTOR 2: Só entregaram a chave pra ele?
ÉLCIO: É; ele já ia levar; não sei se ele ia levar na mesma hora ou se ia levar depois, ou se mandou alguém buscar; mas com certeza ali não teve mais situação com o veículo; essa é a situação do dia posterior.
PROMOTOR 2: Você tem ideia do por que esse veículo, essa placa aparece depois na Transolímpica? Lembra dessa história?
ÉLCIO: É isso que eu não entendi até hoje; a gente conversou sobre isso; aquilo ali não tem nada a ver, porque no dia seguinte já estava com outra placa; ou alguém usou a placa tentando clonar de outro carro, pra usar pra si mesmo, foi coincidência do destino; mas não tinha nada que ver com a gente conversou sobre isso; tanto que ele falou que inclusive tinha outro carro, justificativa dele; ele usa muito essa justificativa, o RONNIE “porque tem outro carro, ninguém levantou esse outro carro, estão colocando a culpa em mim nesse carro aqui e tal, tem nada a ver não”; seria até loucura usar aquele carro com a mesma placa depois; isso aí não tem por que; essa situação eu fiquei sabendo sim;
DELEGADO 1: Qual foi o destino dessa arma?
ÉLCIO: Eu perguntei pra ele o que ele fez com a arma, no início ele ficou com ela ainda, mas quando o negócio começou a tomar muito vulto mesmo, aí ele…eu falei o que você fez com essa arma? Ele falou “eu serrei ela todinha”; eu não acredito, mas ele falou que serrou ela todinha; pegou a embarcação lá na Barra da Tijuca, foi numa parte mais funda que tem lá, porque a maioria é quinze metros, foi numa parte que tinha trinta metros e jogou ali; mas depois de preso, como ele tinha muito carinho por essa arma e tal… ele ficou feliz por ter conseguido pegar; aquela história toda do Batalhão de Operações Especiais, que ele usou essa arma quando ele era novinho; ele comentou comigo que pegaram algumas armas, aqueles fuzis na casa que seria da mãe dele, que ela alugou, ele falou pra mim que ele estava preocupado não era nem com aquilo, ele estava preocupado com algumas coisinhas que estavam com o PEDRO BAZZANELLA;
DELEGADO 1: Ele estava preocupado com quem?
ÉLCIO: Com o PEDRO BAZZANELLA; aí eu acredito que possa ser essa arma ou outras armas, não sei;
PROMOTOR 2: O RONNIE disse que estava preocupado com coisas que estavam com o PEDRO BAZZANELLA, depois da prisão de vocês?
ÉLCIO: Depois da gente preso, ele falou isso no presidio federal, no pátio de sol; falou que estava preocupado, que teve aquela situação toda, que acha arma, ele foi depor e falou que tinha seis fuzis, mas não tinha, e aquela situação toda; ele foi depor, ele conversando comigo logo depois dessa situação, ele falou que não estava preocupado com aquilo, mas que estava preocupado com umas coisinhas que estavam com o PEDRO;
DELEGADO 1: Essa é a única participação do BAZZANELLA nesse dia da execução, no pós e etc?
ÉLCIO: Eu não sei nem se tem; isso aí é uma suposição minha, que tem alguma coisa guardada com ele, arma; mas o tanto que o PEDRO falou uma vez que “cara, mataram a vereadora MARIELLE” com uma MP5 e tu tem uma MP5″; ele disse (RONNIE) “não, na mesma hora, a minha é 22”; mas ele esquece que quando ele bebeu, ele deve ter falado;
DELEGADO 1: O senhor presenciou esse diálogo?
ÉLCIO: Eu presenciei; o BAZZANELLA é muito afoito pra falar, nervoso, ele fala muito;
DELEGADO 1: Posteriormente vocês (tem até um relatório da Polícia Civil), que na ocasião de um depoimento na DH, vocês se reuniram antes e depois: o senhor, PEDRO BAZZANELLA, RONNIE, e se não me engano, o MAURICINHO?
ÉLCIO: Não, isso aí foi depois, mas tudo bem; o MAURICINHO chegou eu não estava; eu perguntei para o RONNIE onde ele estava, porque ele foi na minha casa e eu falei que no dia eu estava de serviço; e ele falou como vai provar que estava de serviço; ele foi na minha casa e eu falei que tem aqui onde provar; que aí eu mostrei minha caderneta de trabalho e falei que eu estava trabalhando no dia; ele falou que isso aí era a nossa salvação, vai provar que não estava lá; aí eu que me prontifiquei a ir na DH no primeiro expediente.
DELEGADO 1: Mas qual era o interesse do BAZZANELLA participar disso aí?
ÉLCIO: Não, ele que foi chamado;
DELEGADO 1: Mas, chamado para a DH, não chamado para o Resenha?
ÉLCIO: Pra DH; mas aí ele ligou para o RONNIE; ele ligou pro RONNIE que estava indo na DH; e o RONNIE sempre estava ali no Resenha; ele foi pra lá e aí chegou lá e eu encontrei com ele;
DELEGADO 1: Ali não foi combinada nenhuma versão?
ÉLCIO: Não, versão não, nós combinamos de encontrar ali; eu falei que estava indo pra DH também, estou indo pra lá; eu ainda falei assim, deixa eu primeiro que o meu é só um aditamento, e você ainda vai prestar depoimento; da última vez que a gente foi, eu fiquei três horas e o RONNIE ficou cinco; o SUEL foi até tarde da noite; então, não estou dizendo que seja um santo, mas ele está de inocente nesta história; não estou livrando a cara de ninguém, mas não sabia disso não; a gente combinou ali; já passou a situação de que era sobre o Caso MARIELLE, que a gente tinha sido chamado, explicamos tudo pra ele; ele disse que no dia estava pescando; até acontecer um fato estranho, porque o menino que estava com ele no dia da pescaria, que ele prova, era o BOLA, o BOLOTA; o BOLOTA de tão apavorado que estava, falou que não estava com ele não… ele quase enforcou o BOLOTA; que o BOLOTA estava com ele no dia, pescando com ele e ficou com medo;
POLICIAL FEDERAL 1: Em que situação o BOLOTA falou que não estava com ele?
ÉLCIO: Na DH;
POLICIAL FEDERAL 2: E depois ele volta e faz outro depoimento?
ÉLCIO: Não, o BAZZANELLA não; o BOLOTA; mas eu não sei do depoimento, quem me falou foi o RONNIE, que o BOLOTA estava com tanto medo que falou que não estava com o BAZZANELLA; agora vê, não tinha necessidade de mentir; foi isso aí que ele falou comigo, mas eu não li o depoimento do BOLOTA, não sei se ele falou isso; se estava ou se não estava; isso eu não sei; eu sei o que o RONNIE passou pra mim; então quer dizer, o BAZZANELLA nessa situação toda aí…o PEDRO, nada…
POLICIAL FEDERAL 2: Você disse que ele tinha umas coisinhas com o PEDRO, que você acha que podia ser a arma? E antes, ele não podia ter guardado a arma antes?
ÉLCIO: Então, por causa desse comentário que ele fez…desse comentário que ele fez, eu vi que ele estava de inocente… ele falou assim: “Pô mataram a MARIELLE com uma MP5, tu tem uma MP5” … porque o RONNIE já tinha comentado; como ele comentou comigo…ele comentou também com ele…só que ele esqueceu…ele estava bêbado; aí falou que não, que a dele era uma 22;
DELEGADO 1: Assim como o RONNIE compartimentou algumas coisas em relação ao crime com o senhor, ele não te falou tudo que aconteceu?
ÉLCIO: Não.
DELEGADO 1: Ele não pode ter compartimentado essa parte também? Porque o senhor está fazendo uma dedução do que o RONNIE falou quando estava bêbado para o BAZZANELLA. O senhor presenciou ele falando bêbado?
ÉLCIO: Não presenciei, eu acredito que ele tenha falado e não lembra, isso que eu estou falando.
DELEGADO 1: Assim como ele pode ter entregado a arma para o BAZZANELLA, e os dois estavam compartimentando com o senhor essa informação?
ÉLCIO: Não, pra mim eu não sei dessa situação.
DELEGADO 1: Eles estavam compartimentando do senhor; eles estavam escondendo do senhor essa informação?
ÉLCIO: Aí eu não sei…
DELEGADO 1: A pergunta objetiva é: o senhor presenciou o RONNIE falando de MP5 com o BAZZANELLA?
ÉLCIO: Não.
DELEGADO 1: Mesmo que embriagado?
ÉLCIO: Do fato que ele tinha uma não; eu presenciei o BAZZANELLA falando “pô cara tu tem uma MP5″…
DELEGADO 1: O BAZZANELLA falando?
ÉLCIO: Falando: “mataram a vereadora com a arma, e você tem uma MP5 nove”; quer dizer, ele afirmou, e aí ele tentou sair dessa situação e falou que tinha uma 22 (RONNIE); mas ele não deve ter lembrado que falou; isso é dedução minha;
DELEGADO 1: Em relação a arma ainda e esse destino, o senhor conhece o GATO DO MATO?
ÉLCIO: Conheço, JOÃO PAULO;
DELEGADO 1: E a esposa dele, qual o nome dela?
ÉLCIO: A esposa dele eu não conheço.
DELEGADO 1: O RONNIE conhece ela?
ÉLCIO: O RONNIE conhece ela.
DELEGADO 1: O RONNIE chegou a comentar com o senhor se provavelmente essa arma tinha ido para o GATO DO MATO, ou ele te deu essa versão aí, o senhor escutou essa versão do GATO DO MATO? Eventualmente a arma teria sido destinada para o GATO DO MATO?
ÉLCIO: Não, ele não falou nada de GATO DO MATO e de arma pra mim não; não falou, mas pode ter sido qualquer coisa; que as coisas que ele conversava com o GATO DO MATO é deles; eles já foram sócios em compra canudo… compra de bolsa pra revender;
DELEGADO 1: Então eles tinham uma relação próxima, de confiança?
ÉLCIO: Sim, próxima, de confiança, com certeza; eu acho que até as vezes, em eventuais coisas que o FERNANDINHO não poderia participar, aparecer pra recolher dinheiro da máquina… que a pessoa ia pra pagar e… dava na mão do GATO DO MATO pra repassar pra esposa…essas coisas de confiança tinha sim… mas o fato de arma, nunca tocou nesse assunto não; mas também não duvido, não posso botar a mão no fogo;
DELEGADO 1: No dia 16 o senhor passou o dia inteiro com o RONNIE ou só aquela parte da manhã?
ÉLCIO: Isso é que não estou lembrando; não lembro.
DELEGADO 1: O senhor se lembra se a arma do crime ou a bolsa estava lá dentro do carro, ou era só o carro que vocês estavam?
ÉLCIO: Não, a bolsa já tinha sido entregue para o irmão;
POLICIAL FEDERAL 2: A última vez que você viu a bolsa foi entregando pro irmão?
ÉLCIO: Foi entregando pro irmão, é; aí depois eu até perguntei do casaco, sobre a roupa e ele falou que desfez de tudo; sumiu com tudo, rasgou, tacou fogo; desfez da roupa toda; isso aí ele falou pra mim; a bolsa não sei também;
DELEGADO 1: Em relação ao silenciador, o senhor sabe como que o RONNIE arrumou?
ÉLCIO: O silenciador, o que acontece, ele montava isso aí; ele mesmo montava;
DELEGADO 1: Ele montava?
ÉLCIO: É, comprava o tubo, botava os elos;
DELEGADO 1: Ele tinha experiencia pra manejar arma, ele era armeiro profissional?
ÉLCIO: Ah, isso aí ele era perito;
DELEGADO 1: Perito no assunto?
ÉLCIO: Perito no assunto eu não vou dizer, mas ele entende bastante, muito mesmo; mais até que muita gente que é perito; ele sabe e ele gosta;
POLICIAL FEDERAL 1: Você tá supondo ou você tem conhecimento dele já ter montado outros silenciadores, alguma coisa assim?
ÉLCIO: Eu já vi.
POLICIAL FEDERAL 1: Ele montar um silenciador?
ÉLCIO: Eu já vi.
POLICIAL FEDERAL 1: Vamos dizer assim, ele feito?
ÉLCIO: Ele já me pediu até pra levar em um torneiro ali próximo de Engenho de Dentro, pra fazer um furo nos anéis; quanto mais anéis, mais silencioso fica; então, tanta quantidade de anéis… mas também inclui a quantidade de jaules da munição, mas ele pediu que…eu falei que tinha um torneiro na minha rua… mas só que levou uma vez um cano pra botar uma rosca e o cara fez tudo torto e perdeu o cano; era uma 22, aí eu fui lá no Engenho de Dentro, ele falou se eu podia levar essa situação lá; levei lá pro cara, fui buscar e paguei; ele deu um dinheiro pra mim;
POLICIAL FEDERAL 1: E esse silenciador da época, você lembra pra que tipo de armamento que era?
ÉLCIO: Era 9 milímetros; eu não sei qual arma; um eu vi no dia, mas depois…
POLICIAL FEDERAL 1: Reconheceu se era o mesmo ou não?
ÉLCIO: Parecidíssimo; e era pra nove também, é por causa da furação; ele falou que era pra nove; ele falou que tinha que ser um torneiro, senão esbarrava…
POLICIAL FEDERAL 1: Quando você foi fazer esse serviço?
ÉLCIO: Bem depois do fato; depois do fato apareceu outro silenciador, isso que eu estou falando;
POLICIAL FEDERAL 1: Por isso que você acha que, de repente, ele não descartou a arma, é isso?
ÉLCIO: É uma possibilidade; aquele silenciador pode ter dado algum problema, não sei, aí ele descartou e fez outro; isso aí eu vi ele montando; quando eu cheguei na casa dele que eu entreguei os anéis, ele estava lá com o tubo e tu tu tu…botou e raspou e pronto; estava com outro silencioso; isso aí pra ele era fácil;
POLICIAL FEDERAL 1: ÉLCIO, é notório, já está nos autos a reunião, o encontro que vocês tiveram no Resenha, antes do primeiro depoimento, com MAXWELL, RONNIE e você; diz pra gente, você sabe dizer quais pontos vocês alinharam, qual foi a maior preocupação de vocês em alinhar esse depoimento? Na hora de prestar o depoimento, o que se pode falar, tomar cuidado com isso e com aquilo; se puder detalhar o máximo possível o teor dessa conversa pra gente?
ÉLCIO: A gente conversou e a única coisa que a gente chegou a um consenso de imediato, que foi logo nesse dia, que teve vazamento de informação (que depois eu vou chegar); teve operação em Rio das Pedras e chegou intimação pra mim; nisso que chegou intimação pra mim, eu mandei mensagem pra ele e pra ele também chegou; e antes disso nós encontramos no quebra-mar, fomos pegar uma carona com o Marcelo que mora lá até a Delegacia; mas aí eu vou dizer que não sei onde eu estava e o RONNIE também; o SUEL tinha um álibi de que ele estava com a esposa dele, nos lugares e tal…falou que estava tranquilo, eu vou dizer que estava com a minha esposa, eu tenho como provar e tal… aí nós falamos isso e depois, o primeiro pensamento foi esse; eu vou falar do médico da minha esposa; mas aí depois ele teve contato com o Policial VINÍCIUS que falou que seria bom, primeiro, bom que vocês não foram com advogado; a gente combinou que não iria com advogado, que advogado chamaria muita atenção; no caso seria o FERNANDINHO; aí o FERNANDINHO perguntou como que estava, se iria hoje; e eu disse que estava na Delegacia; ele sempre estava fazendo contato comigo e perguntando como que estavam as coisas; ele já estava ciente do problema, mas não sabia do fato; não sei se o RONNIE contou pra ele; mas a princípio ele não sabia de nada não; o RONNIE falou pra mim que nunca contou;
POLICIAL FEDERAL 1: Sabia que existia uma investigação, mas não sabia se vocês estavam?
ÉLCIO: É, isso aí; aí resumindo; nós entramos nesse consenso e depois ele conversou com o VINÍCIUS; o VINÍCIUS falou é bom pelo menos vocês, alguém lembrou de onde estava, isso é importante, de alguém lembrar; ninguém lembra aí fica uma coisa difícil; e vocês não indo com advogado; já fica uma coisa melhor, que vocês não estão devendo nada; então a gente ficou mais tranquilo nessa situação; aí depois eu apresentei a cadernetinha pro RONNIE, e ele ficou mais tranquilo e falou: “tu vai lá?” e eu respondi eu vou lá na delegacia; aí eu fui sozinho na Delegacia pra mostrar pro comissário; no primeiro expediente, eu não lembro qual foi a primeira vez que eu apareci; eu sei que apareci eu acho que foi na segunda-feira; depoimento não me lembro, vocês podem me dizer se foi na quinta ou sexta-feira; eu fui na segunda eu acho, aí na segunda ele me deu uma canseira, aí eu fiquei lá esperando, esperando com a minha esposa; aí depois apareceu MARQUINHOS; aí eu chamei ele no particular, falei posso falar contigo em particular? Pode; aí eu falei: olha cara, estou com meu caderno aqui, eu trabalhei no dia, estava anotado no dia; tô te mostrando onde é que eu estava; aí tirei cópia e fui no cartório reconhecer firma;
POLICIAL FEDERAL 1: Foi depois desse primeiro depoimento que o
VINÍCIUS sugeriu que era bom lembrar de alguma coisa e tal?
ÉLCIO: É; foi depois desse primeiro depoimento que eu fui lá; ai a minha esposa falou assim…a minha esposa até na inocência falou assim “cara você não trabalhou no dia, poxa tem o teu caderninho”; ela que me lembrou do caderninho; ela viu minha preocupação e falou; minha esposa não sabia de nada; não abri nada pra minha esposa; claro que ela pode ter deduzido depois, agora ela vai estar sabendo, claro; mas na época ela querendo me ajudar ela falou do caderninho; ela falou do caderninho que eu anoto a escolta, tudo direitinho; aí eu chamei o RONNIE, ele foi lá em casa e eu falei: aqui o caderninho;
POLICIAL FEDERAL 1: Mais um detalhe assim, nessas tratativas de como vocês iam falar lá na DH, a gente constatou que assim que o LESSA foi intimado, que chegou a intimação pra ele, houve uma preocupação de tirar uma foto do controle de acesso do condomínio no dia em questão, uma foto de uma página que tinha lá o registro da sua entrada, correto? Vocês trataram desse fato?
ÉLCIO: Correto, isso aí ele falou pra mim depois que ele foi lá “no coisa” e tirou que era pra comprovar que eu e ele estávamos juntos no dia;
POLICIAL FEDERAL 1: O objetivo de ir buscar aquela foto era pra mostrar… ele já estava preocupado em formar um álibi?
ÉLCIO: Isso, mas ele nem se ligou daquele problema da casa; mas ele falou que não achou de cara, mas depois ele viu que estava na casa de um vizinho; mas ele nem se ligou de quem era; quem era o vizinho, a migração (inaudível, não tenho certeza se a palavra correta é migração); ele achou que era um vizinho qualquer, entendeu;
POLICIAL FEDERAL 1: Esse foi o motivo dele ter ido buscar aquela foto lá?
ÉLCIO: Isso, isso aí;
POLICIAL FEDERAL 2: ÉLCIO, o BAZZANELLA tinha um Civic?
ÉLCIO: Tinha;
POLICIAL FEDERAL 2: Em fevereiro você e ele estiveram na casa do…cerca de um mês antes, na casa do LESSA, lembra disso?
ÉLCIO: Sim, estive.
POLICIAL FEDERAL 2: Vocês chegaram juntos?
ÉLCIO: Chegamos juntos; eu cheguei do centro da cidade? Deu antena, porque teve uma situação que o policial, amigo dele de muito tempo que trabalhava com ele, pediu dez mil emprestado a ele, aí ele trabalhava no QG; aí o RONNIE perguntou pra mim: “pô cara, quer ganhar um trocadinho? Pega esse dinheiro pra mim que o rapaz vai me pagar”… acho que foi dez mil reais sim, se não me engano ou mais; deu mil reais pra gente dividir; pra mim e pro “coisa”, pra pegar esse dinheiro que o rapaz devia ele; pediu emprestado mesmo, fomos juntos no carro do BAZZANELLA;
POLICIAL FEDERAL 2: Vocês entram no condomínio cada um no seu carro?
ÉLCIO: Não me lembro dessa situação, porque essa situação eu lembro que eu fui no centro da cidade, e depois fui na casa dele entregar o dinheiro, junto com o BAZZANELLA;
DELEGADO 1: Cerca de vinte dias antes do crime, você e BAZZANELLA estiveram na casa do RONNIE?
ÉLCIO: Caramba, agora não me lembro; não tem como lembrar;
POLICIAL FEDERAL 2: Meio dia?
ÉLCIO: Mas eu vim na minha casa? Eu não sei, eu não lembro…eu não estou lembrado;
DELEGADO 1: Você tinha o costume de ir pra casa do RONNIE?
ÉLCIO: Tinha, as vezes;
DELEGADO 1: O BAZZANELLA também?
ÉLCIO: Não, o BAZZANELLA muito não;
DELEGADO 1: Você teve poucas vezes com o RONNIE e o
BAZZANELLA na casa do RONNIE?
ÉLCIO: Tive poucas vezes; no ano novo ele estava; no ano novo antes de eu ser preso, ele estava lá na casa;
POLICIAL FEDERAL 2: O de Angra?
ÉLCIO: No outro… no outro já meses antes de eu ser preso;
DELEGADO 1: 2018/2019?
ÉLCIO: É… antes de ser preso;
DELEGADO 1: No de 2017 ele não estava?
ÉLCIO: Não me lembro; me lembro que ficou sozinho… e nesse aí ele ficou até tarde, me lembro; aí tinha até um ex policial lá civil, que comentou também que… que foi numa reunião que tem num encontro de policiais ali na Ayrton Senna…dos cascudos…aí ele se reuniu ali e falou: “que estava um comentário danado que é você que está nessa parada aí… que você que está na situação do caso da MARIELLE; falaram até pra eu me afastar de você;” aí teve esse comentário; agora esse dia ai do PEDRO eu não tô recordando; só se foi um fato que me leve a outro, mas não me recordo;
PROMOTOR 2: O tal telefone que o RONNIE recebeu, que ele estaria usando lá no dia do crime e tal, ele falou o que ele fez com ele?
ÉLCIO: Ele falou que destruiu ele, quebrou ele todinho; da mesma forma que ele também pediu pra… nós conversamos; eu falei que a minha casa tinha câmera e tal; e eu me desfiz do HD da minha casa; deve estar até hoje sem HD na minha casa; minha casa tem câmera, teria a filmagem de eu saindo de carro; então eu me desfiz, joguei, ranquei ele e joguei no rio ali na Rua Borja Reis, ali tem um rio que passa ali;
POLICIAL FEDERAL 2: O PEDRO tem moto, ÉLCIO? Ou dirige moto?
ÉLCIO: Não, tem não; mas deve saber andar; nunca vi de moto não;
PROMOTOR 2: Lá no presídio federal com o RONNIE só o que vocês conversaram foi a história da arma e (inaudível)?
ÉLCIO: Foi muita coisa Doutor; se o senhor me perguntar algo especifico eu posso dizer se eu falei ou não e o que eu falei;
PROMOTOR 2: A história do pagamento, o senhor questionou ele se ele tinha recebido?
ÉLCIO: É… não questionei ele não; ele fala sempre que se soubesse que ia dar merda (desculpe o termo), que ele não teria me chamado, que ele não teria feito; que jurava que não levou um centavo nisso dali; isso aí ele jurou de pé junto o tempo todo, entendeu;
DELEGADO 1: O senhor hoje, olhando pra trás, o senhor acredita nessa versão de que ele não recebeu nada?
ÉLCIO: Não;
DELEGADO 1: Por quê?
ÉLCIO: Por que depois do fato, vi um acréscimo muito grande… como se diz…no patrimônio; tinha a Evoque; comprou uma DODGE RAM blindada; uma lancha, uma nova; que a dele tinha virado no quebra-mar, que ele refez e quase deu perda total, mandou reformar, vendeu e pegou uma zero; e depois disso viajou com o meu filho; depois teve a situação do terreno dele de Angra dos Reis, que fui até com ele lá ver no dia do Carnaval que a gente passou juntos, antes de ser preso; a esposa dele uma vez reclamou comigo, falou assim: “poxa ele tá querendo fazer a contenção do rio, pra botar aquelas pedras e tudo, pra fazer um muro, fazer a casa pro caseiro”; já tinha desfeito a parte da floresta, não sei quantos caminhões saiu ali. ele estava indo em Angra direto querendo fazer a casa dele ali, do jeito dele; uma casa e mais umas outras casinhas lá; e a esposa reclamando que ele estava vivendo de aluguel, pagando na verdade duas casas, que ele morava; dois condomínios; que ele estava gastando, dando dinheiro pros outros e tal; podendo estar na nossa casa, não faz nossa casa; aí falei com ele: “pô cara, ao invés de fazer sua casa, você tá gastando dinheiro com casa de praia, podendo fazer sua casa, o seu pessoal tá chateado”; aí ele falou: “cara, eu tenho dinheiro pra fazer essa casa e fazer a da Barra, dinheiro eu tenho para as duas”;
DELEGADO 1: Nisso aí você já começou a suspeitar que ele tinha levado dinheiro?
ÉLCIO: Aí eu falei, como é que ele tem… agora se vendeu arma… isso aí…
DELEGADO 1: E a sua situação na época era de penúria?
ÉLCIO: Era; situação que eu vivia normal; pega um dinheiro aqui; e algumas coisas que eu fiz com ele;
DELEGADO 1: Não teve acréscimo patrimonial?
ÉLCIO: Não, acréscimo patrimonial nenhum; algumas coisas antes do… a gente estava até sendo investigado e não sabia, foi de alguns fuzis…isso eu estou falando pro senhor, porque isso aí vão chegar… os fuzis que eu apresentei… que eu falei pro senhor do policial… pra ele vender pra outra pessoa; que na verdade era cinco mil reais que eu levaria, isso seria a terça parte de cinco mil de cada um; então na verdade, ele tava…se era dele… que depois eu vi que não era “airsoft” nenhum , era praticamente igual, era tudo M16;
DELEGADO 1: Isso aí o senhor está falando da situação dos fuzis que foram apreendidos?
ÉLCIO: É; aí ele falou pra mim que era a ponta vermelha do “airsoft”; olha só, eu estou preso no presidio federal, não tenho acesso a nada; então eu estou acreditando no que ele está falando; ele falou que apresentou nota fiscal em juízo, que o FERNANDINHO apresentou nota fiscal; depois eu perguntei que nota fiscal é essa, e aí ele falou que comprou pelo Mercado Livre…não, aquele que vem da China; e veio mandando pra mim; isso aí passou pelo crivo da Polícia Federal e tal, não sei o que, pra montar uma lojinha pro meu filho; mas depois que eu vi a foto aí, eu cheguei a conclusão que era igual; então pode ser a venda das armas, pode; pode ser, mas depois eu fiquei sabendo do outro dinheiro que tinha dentro daquela casa; não tinha nem ideia, nunca falou aquilo comigo; é muita coisa junto, se juntar não tem como comprovar, porque a matemática exata…então, mesmo que ele venda alguma coisa…
DELEGADO 2: Mas essa exteriorização de riqueza, você só percebeu depois do fato?
ÉLCIO: Eu já comecei a ficar na dúvida, mas não tinha… não bateu ainda assim… mas depois eu comecei a ver que ele estava mentindo; uma das coisas que eu vi que ele estava mentindo, como eu falei pro Doutor, eu vi o auto de apreensão dele, ele falou que foi preso indo pra Angra dos Reis, mas se a gente estava marcado pra ir no dia da minha folga, ele vai um dia antes… aí foi que ele falou que dentro do carro dele estava as coisas que ia fazer da casa, a planta baixa, um dinheiro que estavam esperando por ele, realmente eu tinha ido com ele lá, conversei (inaudível); um dinheiro… mas tinha marcado pra um dia antes; aí ele falou que sumiram com tudo; sumiram com tudo e cadê? Por que ele não apresentou; por que ele não botou o engenheiro de testemunha dele, tal; eu acredito que ele ia fugir e; tipo assim, o ÉLCIO preso, pelo menos tira o foco de mim, alguém tem que ser preso; essas coisas a gente vai… querendo ou não a documentação vai chegando, e a gente vai lendo; não tenho acesso a tudo; porque falar… eu tô no presídio federal… eu tô lacrado, não sei de nada que acontece; o que ele conta pra mim eu vou acreditando; fui depor agora e falei isso, falei aquilo; beleza… mas depois quando a gente vai tendo acesso; a gente vê que algumas coisas são mentira;
DELEGADO 1: Élcio, eu quero voltar um pouquinho nessa questão de combinação de depoimentos; tem um depoimento na DH, que depois os senhores se encontraram na casa do MARCELO JUNQUEIRA; o senhor conhece o JUNQUEIRA? O que vocês trataram, o senhor se recorda?
ÉLCIO: Sim (conheço). Não, eu fiquei esperando o depoimento do RONNIE, voltei várias vezes… mas o RONNIE não subiu pra casa do JUNQUEIRA não; só quem ficou na casa do JUNQUEIRA fui eu;
DELEGADO 1: O que o senhor tratou com o JUNQUEIRA nesse dia? O JUNQUEIRA tinha ciência da situação?
ÉLCIO: Não, estava totalmente por fora; o JUNQUEIRA não precisa; o JUNQUEIRA é filho de empresário, segundo eu sei, ele recebia quarenta mil reais do pai dele; ele nem era empresa; o irmão dele recebe cento e cinquenta mil por mês; e ele recebe quarenta com tudo pago, pra nem ir; porque infelizmente ele era viciado em cocaína, então ele arrumava problema; agora, tratar de alguma coisa… ele ficou totalmente alheio, ele não sabia de nada; então ele arrumava problema; pelo contrário, tinha medo até dele usar alguma coisa e falar; a gente não falou nada; quem ficou fui eu na casa, eu e o JUNQUEIRA só; depois a gente voltou; voltamos e depois nos reunimos no Resenha; o SUEL veio até a pé, porque a gente passava de vez em quando lá, eu e o JUNQUEIRA com o carro dele, e o SUEL estava sentado lá no banco de espera, aí tal… de repente o RONNIE apareceu lá, acho que ele pegou um táxi; foi um táxi que ele pegou, não tenho certeza, não me lembro; mas foi pro Resenha; aí depois o SUEL veio andando pro Resenha, não foi na casa do JUNQUEIRA, foi pro Resenha; MARCELO JUNQUEIRA, foi genro do CÉSAR ANDRADE, isso eu sei que ele foi; aí se falar alguma coisa de ANDRADE, FAMÍLIA ANDRADE, ele foi genro do falecido Cezinha; ele é casado com a filha do Cezinha e tem os meninos lá; mas acho que quem toma conta das coisas é o NESTOR… o Policial que é o chefe da segurança que toma…chegou uma época a assumir… é NESTOR, é conhecido como NESTOR;
POLICIAL FEDERAL 2: Mas não era esse o mesmo NESTOR que você falou antes não?
ÉLCIO: Não. O NESTOR que eu falo é o do MACALÉ; não sei nem se é NESTOR, é um coroa, era patrão do… o RONNIE falou várias vezes o nome dele, mas agora eu esqueci; então o que eu sei da vida do MARCELO é isso; e o MARCELO não tem acesso… eu conheço a sogra do MARCELO, que foi casada com o Cezinha; a MONICA conheço ela, e eles não querem o MARCELO, que o MARCELO é viciado, ele andava com segurança, faliu um cassino no Paraguai, estourou o dinheiro do sogro, ele só fazia besteira; então como ele é… ele era né… começou andar com a gente e parou, porque ninguém usa drogas e a gente ficava meio que revoltado quando ele usava; ele usava meio que escondido, daqui a pouco ele já não conversava mais e sumia; mas acho que ele tem situação; e só não assume nada na contravenção por causa que ele é viciado, essa que é a ligação que ele tem com a família ANDRADE;
DELEGADO 1: O senhor sabe quem reside na estrada do Mapuá?
ÉLCIO: Mapuá é onde?
DELEGADO 1: Vale Estrada do Terro Santo, Taquara, tem um condomínio ali.
ÉLCIO: Não foi onde o RONNIE morou? Eu não conheço Jacarepaguá.
DELEGADO 1: Na Taquara?
ÉLCIO: Não sei; tem o RONNIE, morou ali em Jacarepaguá, em dois endereços distintos, isso eu sei; e tem outro que tem um sítio ali que até o MOISÉS que toma conta com o irmão, que tem umas piscinas que vem água de lá, que eles iam fazer um loteamento ali;
DELEGADO 1: Quem ia fazer o loteamento?
ÉLCIO: O MOISÉS.
DELEGADO 1: Mas o RONNIE ia participar?
ÉLCIO: Ia participar.
DELEGADO 1: Ele e quem?
ÉLCIO: Ele e FERNANDINHO, e inclusive até eu ia ganhar um pedaço ali.
DELEGADO 1: SUEL, também?
ÉLCIO: SUEL com certeza; porque ele estava com medo de perder, que aquilo veio da mãe do Doutor PIROCA, e esse terreno ele estava com medo de perder, que tinha uns policiais dali de Rio das Pedras que queriam tomar esse terreno dele; então eles não são ninguém, eles queriam uns policiais ali pra peitar, e o nome do LESSA como é conhecido… daí o LESSA é dono disso aí, e daí os caras aliviaram; eu não sei se agora preso, se… já devem até ter tomado aquilo ali; que era o único lugar dali que dava pra ver ainda a praia, consegue ver a praia, tem piscina natural; é um terreno enorme.
DELEGADO 1: O senhor lembra onde o senhor estava no dia treze para o dia quatorze, ou na noite do dia treze? No dia anterior ao crime?
ÉLCIO: Não lembro; mas com certeza com eles eu não estava, porque eu já não falava com eles, com o RONNIE tinha um bom tempo, tinha uns dias já que eu não tinha contato com ele; isso aí eu tenho certeza, porque eu não falava alguns dias.
DELEGADO 1: O senhor sabe qual o relacionamento do SUEL com o HULKINHO?
ÉLCIO: Sei; o HULKINHO é o faz tudo do SUEL; se tiver algum problema, um dia pra pagar antena, ele tem o cobrador certo dele lá…
DELEGADO 1: Ele faz a correria do SUEL em Rocha Miranda?
ÉLCIO: Em Rocha Miranda e também Gardênia, porque o HULKINHO que era o que ficava tomando conta pra que esse terreno não fosse invadido; esse terreno já é de muitos anos dele e do SUEL e do GARGANONE, um pedaço disso daí; tinham esse trato aí; aí estava aquele impasse com o dono do shopping, que estava montando o shopping, que queria um pedaço; esse senhor aí até muito bem influente, ele ficou até com medo; é melhor a gente abrir mão, porque ele tinha uma influência muito forte; esse dono do shopping, ele ficou com medo, ficou receoso; aí até que o senhor ficou amigo dele; ia lá na casa dele…ele dizia… mas o HULKINHO ficava tomando conta disso aí, já mandou parar máquina lá; máquina começou a fazer limpeza do terreno, mandou parar; ele tem todo conhecimento ali dentro do Gardênia Azul; ali é o HULKINHO; foi prometido pra ele também que ali seria um loteamento, Condomínio Nova Canaã, que são vendidos os lotes; a GATONET seria do HULKINHO; o HULKINHO não queria participação em lotes, não queria nada disso não, ele só queria que deixasse ele botar o GATONET, porque ele via que lá, que era o ROBOCOP, o dono da GATONET era rico, então ele não podia pegar do ROBOCOP, vamos dizer assim; então ele falou, vai montar o condomínio, que aquilo ali é fato que as pessoas do nordeste e do norte iriam comprar aquilo ali, com certeza; cada lote por cem mil, fizeram um acordo com a Delegacia de Meio Ambiente, pra não perturbar a obra… e ele seria o responsável pela GATONET;
POLICIAL FEDERAL 2: Você sabe onde fica a sede da GATONET do MAXWELL?
ÉLCIO: Não sei; a sede eu não sei; quando eu fazia entrega, fazia muito a área de Rocha Miranda, via o falecido que fazia cobrança dele, que foi até executado; o JORGINHO que fazia cobrança dele, e mataram ele;
POLICIAL FEDERAL 2: E quem matou ele?
ÉLCIO: Não sei; minha esposa falou na visita o que houve com JORGINHO: “pai da Yasmin” (inaudível)… aí falou assim… que ele mexeu nas coisas dos outros; ele era braço direito do MAXWELL, de fazer as cobranças no morro; porque ele é cria de comunidade, então ele entrava no morro e falava com os bandidos; coisa que o MAXWELL não podia fazer; aí foi executado, esquartejado e tacaram fogo no rapaz lá; não sei o motivo, até porque eu falei isso aí e nem entrei em detalhes; mas a sede eu não sei; mas tem uma favelinha na beira rio ali, na transversal, pode ser que seja ali dentro; ele tem muita preocupação com aquela favelinha ali; a GATONET dele é ali dentro todinha ali, entendeu? então pode ser dentro da favela;
POLICIAL FEDERAL 2: Essa beira rio que você está falando é…?
ÉLCIO: É transversal a Rua do (inaudível); entrando na rua do (inaudível), pra sair lá na frente pra pegar a Avenida Brasil lá na frente; vai pegar a Coelho Neto, antes tem uma favelinha a direita, em frente o rio; entrada ali e a saída do outro lado; ali naquela comunidade; pode ser que seja ali, eu não tenho certeza; mas eu via sempre os funcionários dele trabalhando ali, sempre ostensivamente na rua, de carro, com escada em cima;
PROMOTOR 2: Quanto ao SUEL, depois crime (eu não sei se isso já constou)… o SUEL bancava alguma coisa relacionada a RONNIE e a você depois do crime? Você sabe dizer alguma coisa? Eu digo dinheiro, sei lá, advogado?
ÉLCIO: Isso, o SUEL mandou (até pela esposa do ORELHA lá) pra ajudar no colégio dos meus filhos; acho que foi quinhentos reais, mil reais; mandou umas duas ou três vezes; depois não mandou mais; mandou porque ele quis; eu não tinha contrato com ele, não tenho nada; quem tinha era o RONNIE; só que o RONNIE falava que como tinha esse dinheiro que vem pra ele todo mês, faz o seguinte… uma parte iria pagar as mensalidades do advogado (que era dois e quinhentos e dois e quinhentos), e o outro você fica pra você pra te ajudar; mas no final o SUEL parou de pagar e falou que não ia dar mais nada;
PROMOTOR 2: Como que é, o RONNIE tem uma sociedade com o SUEL?
ÉLCIO: É, o RONNIE tem sociedade com o SUEL nessas antenas da GATONET; só que da parte da comunidade de Jorge Turco ali; é asfalto do SUEL, todo asfalto ali que não é comunidade, é do SUEL; essa parte seria do RONNIE, que ele entrou depois que o cara tentou tomar dele e tal… então o RONNIE entrou de sociedade; tipo uma dívida de gratidão; aí ele começou a dar e depois ele parou de dar; ele falou que não ia dar mais nada;
PROMOTOR 2: Não queria pagar o advogado?
ÉLCIO: Não, não dar o dinheiro, que era dez mil reais por mês;
PROMOTOR 2: Pra quem? Ah, o SUEL dava dez mil para o RONNIE, depois da prisão?
ÉLCIO: Já antes da prisão já tinha esse combinado deles, só que esse dinheiro passou a ser metade pro advogado e metade me daria pra me ajudar, que eu estava passando necessidade; seria esse dinheiro que eu falo que ele me ajuda depois da prisão; só que depois de um tempo ele falou que não iria dar mais nada; aí o RONNIE até falou que lá as vezes paga e as vezes não paga… é assim mesmo, mas no final a gente ficou sabendo que o SUEL falou que era dele e que não iria dar mais nada pra ninguém; o RONNIE tá rico, vou dar nada pra ninguém; isso aí é meu; e tipo assim, ele acha que o RONNIE vai ficar preso pra sempre e não precisa de dar nada e acabou; aí vinha o dinheiro da máquina, continuava me ajudando, mas já abaixou… pra me ajudar;
PROMOTOR 2: Esses cinco mil que o senhor recebia, eram dez mil, cinco pro advogado e cinco pra ajudar o senhor… o senhor recebeu por quanto tempo?
ÉLCIO: Foi meses; depois abaixou porque ele deve ter falado com a família dele pra mandar… e ele falou fica tranquilo que se não mandar disso, tem outra coisa pra vir; eu sabia que era… mas já não veio o mesmo valor… já abaixou…ai minha esposa falava que aquele valou não é… aí veio caindo, caindo… chegou a dois mil… mil e quinhentos e depois acabou… tem quase um ano que não paga nem advogado, nem paga ninguém; até parou de pagar advogado porque não estava tendo movimentação no processo; tinha combinado com o advogado quando voltasse a ter movimentação pagaria os dois mil e quinhentos… mas minha família ficou sem levar nada, a minha esposa também vai cobrar quem? Ela não sabe quem é…
PROMOTOR 2: Esse dinheiro não chega tem mais de um ano, é isso?
ÉLCIO: Não é esse valor todo; ele foi diminuindo… de cinco foi pra dois e meio, pra dois, mil e quinhentos e mais nada;
PROMOTOR 2: Mais de um ano?
ÉLCIO: Mais de um ano.
DELEGADO 1: Você sabe se a atividade do MAXWELL permanece lá?
ÉLCIO: Claro; tenho certeza disso. E ele fala… a minha esposa até fala que tá. CRIS tá rica, tá rica; quer dizer que o negócio tá funcionando… ele botou pra ele, porque RONNIE tá preso né…
POLICIAL FEDERAL 1: Só pra esclarecer, quem é CRIS?
ÉLCIO: CRIS é o SUEL;
POLICIAL FEDERAL 1: CRIS é o SUEL, ele usa esse codinome, é isso?
ÉLCIO: É, porque ele falava o nome da mulher; ex-mulher que era CRISTIANE; agora é ALINE;
POLICIAL FEDERAL 1: Quando você conversava com a sua esposa… CRIS era o dinheiro do SUEL?
ÉLCIO: Falava CRIS era o dinheiro; era o dinheiro que viria, e ela falava que nada; que sumiu; eu falava que a CRIS está no SPA… a CRIS está presa? Era o SUEL, se o SUEL estava preso;
POLICIAL FEDERAL 1: Entendi; era uma espécie de uma conversa codificada?
ÉLCIO: É, pra não prejudicar a minha esposa; eu estava preocupado com minha esposa, dela falar alguma coisa… o SUEL está preso…você fala que é A e eles interpretam que é B (inaudível)… eu não vou prejudicar minha esposa… eu já estou preso, mas eu não quero a minha esposa presa; a minha esposa não sabe de nada;
POLICIAL FEDERAL 1: MARCIO MANTOVANO, como que ele entra nessa história toda aí, você sabe? MARCIO GORDO?
ÉLCIO: MARCIO GORDO, MARCIO MANTOVANO pelo que eu vi… eu já estava preso… eu fiquei sabendo que ele foi lá pra tirar as armas lá da casa lá… só que fiquei sabendo agora por último que além da arma, tinha um dinheiro lá… uma quantia em dinheiro também;
PROMOTOR 2: A casa, que casa… a casa de Jacarepaguá?
ÉLCIO: A casa de Jacarepaguá.
POLICIAL FEDERAL 1: O apartamento?
ÉLCIO: O apartamento, porque a casa a minha família chegou a moram um tempo lá… vocês sabem que a minha família morou na casa? Foi praticamente despejada.
POLICIAL FEDERAL 1: MARCIO MONTOVANO que foi retirar as armas e pegou o dinheiro daquele apartamento?
ÉLCIO: Daquele apartamento; ele falou pra esposa dele um dia na Delegacia de Homicídios, eu não escutei porque ele falou com ela em particular, falou várias coisas com ela… (RONNIE falou);
POLICIAL FEDERAL 1: o RONNIE falou com a esposa dele?
ÉLCIO: É, falou com a esposa dele que teria oitocentos mil reais lá;
POLICIAL FEDERAL 1: Como que o MARCIO MONTOVANO cai de paraquedas nisso aí? Ele era muito ligado ao LESSA? Qual era o tipo de relação que existia?
ÉLCIO: De carro, das agências de carro; eu acho que ele comprou o blindado, o outro blindado também, depois desfez… o MARCIO era muito ligado a negócio de carro… e era amigo dele e do sogro dele; agora contexto de ter alguma sociedade ou alguma coisa eu não sei não, eu desconheço; ele tinha muita amizade… amizade mesmo de um gostar do outro por causa do sogro dele, o velhinho lá que é o sogro dele, louco; o RONNIE gostava muito dele, e o SUEL também comprava carro dele; o SUEL também comprava carro do MÁRCIO, aquele negócio… mas era transação de carro que eu si; pode ser que tenha alguma coisa, mas eu não sei; a situação que eu fiquei sabendo… que o MARCIO junto com o cunhado VINICIUS sumiram com quatrocentos mil reais;
PROMOTOR 2: Desses oitocentos mil que tinham lá, eles teriam sumido com quatrocentos mil reais? Quem falou isso? O RONNIE que falou?
ÉLCIO: A minha esposa que falou aqui; falou que a filha do RONNIE contou pra ela que tinha oitocentos mil reais em latas de munição, e meu pai mandou tirar, só que só apareceu quatrocentos… e esses quatrocentos eles acham que foi o MARCIO e o VINÍCIUS, porque o MARCIO foi um dia e deixou alguma coisa pra trás… isso foi o que me passaram, eu não tenho certeza se ele voltou depois…deixou alguma coisa e tipo esqueci alguma coisa lá… que era justamente pra buscar o dinheiro;
PROMOTOR 2: Lá no presidio federal quando você encontrava com o RONNIE e tal, vocês nunca conversaram sobre essa história… essa que a gente chama de “Operação Submersus”, que é essa ida ao apartamento, retirada das armas jogadas no fundo mar… o RONNIE nunca comentou nada disso com você?
ÉLCIO: Comentou que seriam as armas e os fuzis que estariam lá mesmo, e que essas pessoas que foram que…
DELEGADO 1: A gente aprofunda essa história da “Submersus” daqui a pouco, em outro anexo. Às 17:27 horas, eu declaro encerrada a oitiva.

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