Internacional
Sequestros de crianças e mulheres atingem taxas alarmantes no Haiti
Segundo o Unicef, quase 300 casos foram relatados este ano, perto do total registrado em todo o 2022 e três vezes mais que em 2021; representante do Fundo da ONU para Infância destaca que necessidades são maiores que as da crise em 2010, após terremoto atingir o país
A violência no Haiti continua a ameaçar o bem-estar de crianças e mulheres. Os últimos relatórios recebidos pelo Fundo da ONU para Infância, Unicef, revelam um aumento alarmante nos sequestros.
São quase 300 casos confirmados nos primeiros seis meses de 2023, próximo a igualar ao número total documentado em todo o ano anterior e quase três vezes mais do que em 2021.
Crianças no Haiti comem uma refeição fornecida como parte do programa de alimentação escolar do PMA.
Crianças e mulheres
Segundo o Unicef, na maioria dos casos, crianças e mulheres são levadas à força por grupos armados e usadas para ganhos financeiros ou táticos. As vítimas que conseguem voltar para casa lutam com profundas cicatrizes físicas e psicológicas, possivelmente por muitos anos.
O porta-voz do Unicef para crises humanitárias, Ricardo Pires, destacou que à ONU News a situação no país.
“O Unicef está extremamente preocupado com a situação de mulheres e crianças no Haiti. O sequestro é apenas um dos perigos que eles enfrentam todos os dias. A situação é catastrófica, com mais pessoas precisando de ajuda humanitária urgente hoje do que no pico da crise de 2010, após o terremoto que devastou o país. Atualmente, são mais de 5 milhões de pessoas precisando de ajuda humanitária urgente no Haiti, sendo 3 milhões delas crianças.”
Segundo Pires, mais de 2 milhões de haitianos vivem em áreas controladas por grupos armados, a maioria em torno da capital Porto Príncipe. Ele ainda ressalta que a insegurança alimentar e o ressurgimento de cólera também são questões de preocupação.
Histórias chocantes e inaceitáveis
Ricardo Pires também destaca que mulheres e crianças haitianas vivem com medo. Ele explica que os sequestros são o sintoma de um “problema muito mais grave” e que necessita urgentemente de atenção da comunidade internacional.
De acordo com o diretor regional do Unicef para a América Latina e o Caribe, Gary Conille, relatos que chegam do terreno são chocantes e inaceitáveis.
Ele reforça que mulheres e crianças não são “moedas de troca” e não devem ser expostos a uma violência tão inimaginável.
Para o representante do Unicef, a tendência crescente de sequestros é extremamente preocupante, ameaçando tanto o povo do Haiti quanto aqueles que chegam ao país para ajudar.
Haiti encara dificuldades de acesso à água limpa e segura que acompanhada por surtos de cólera
Agravamento da situação no Haiti
O Unicef alerta que a situação geral no Haiti é catastrófica. Atualmente, cerca de 5,2 milhões de pessoas, ou quase metade de toda a população, necessitam de assistência humanitária, incluindo quase 3 milhões de crianças.
Além de crianças e mulheres, relatórios indicam que os sistemas de saúde locais estão à beira do colapso e as escolas estão sob ataque, mantendo os civis sob constante terror.
De acordo com Ricardo Pires, o Unicef segue implementando projetos de nutrição, saúde, educação e saneamento básico, mesmo com as dificuldades.
O aumento da violência, saques, bloqueios de estradas e a presença generalizada de grupos armados obstruem severamente os esforços humanitários, dificultando a entrega da tão necessária ajuda às comunidades afetadas.
Com o passar dos meses, a situação adiciona uma camada crescente de medo e complexidade a um ambiente já desafiador para aqueles que prestam ajuda.
Liberação imediata
O Unicef ainda pede urgentemente a libertação imediata e o retorno seguro de todos aqueles que foram sequestrados no Haiti.
À medida que a violência, o Unicef reafirma seu compromisso de fornecer ajuda e apoio essenciais às crianças haitianas que foram afetadas.
Além de sua resposta inicial à crise, a agência da ONU atua no apoio às crianças e vítimas que sobrevivem a esses sequestros. Trabalhando ao lado de parceiros, oferece assistência, garantindo acesso a cuidados médicos, apoio psicossocial e espaços seguros onde as crianças podem iniciar o processo de cura e recuperação.