Internacional
Ajuda humanitária no Sudão e Níger requer mais atenção global, diz ONU
Escritório para os Assuntos Humanitários quer ação combinando campos político, de desenvolvimento e fundos para assistência; chefe de Operações enfatiza medidas para ajudar nigerinos necessitados na sequência da tomada de poder por militares
O Escritório da ONU para os Assuntos Humanitários, Ocha, chama a atenção internacional para a piora na situação em países africanos com episódios recentes de insegurança: Sudão e Níger.
A diretora de Operações e Advocacia do Ocha, Edem Wosornu, falou à ONU News, em Nova Iorque, de casos de morte, aflição e falta de auxílio emergencial na área de Porto Sudão. A região, que antes se destacava por dar acesso ao Mar Vermelho, passou a refugiar pessoas sem ganhos e em situação vulnerável.
Realidade “muito difícil”
Wosornu falou de crianças e mães sudanesas morrendo, inclusive em pontos de trânsito. Em Adri, no outro lado da fronteira com o Chade, ela testemunhou uma mãe vendo filhos sucumbindo de sede à sua frente, após a dura jornada cruzando o posto de controle, depois de ter deixado sua aldeia em Darfur, no Sudão.
No geral, ela considera que a realidade sudanesa é “muito difícil” e requer mais do que fundos e ação humanitária. Em quase quatro meses do conflito, a ONU estima que acima de 3 milhões de pessoas são deslocadas internas, cerca de 880 mil fugiram do país e outros 6,2 milhões estão à beira de enfrentar fome.
Agências atuam com orçamentos limitados no país que tem metade da população, ou 24 milhões de pessoas, precisando de alimentos e outros tipos de auxílio. Apenas 2,5 milhões receberam ajuda, devido à falta de financiamento.
Retorno do poder às autoridades do país
Sobre a nova crise, após a tomada de poder por militares no Níger, ela alertou para falta de ação política e medidas de apoio ao desenvolvimento para vítimas da instabilidade. Em julho, uma junta militar afastou as autoridades eleitas.
A representante defende medidas urgentes como as do Sudão para conter a situação nigerina. A ONU atua por meio do enviado especial para a África Ocidental na busca de uma solução pacífica e restauração do poder ao presidente Mohamed Bazoum.
Os contatos de Leonardo Simão incluem conversações com vários líderes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, Cedeao, e em países como Gana e Mali.
Neste domingo, terminou o prazo da Cedeao para que a junta militar nigerina retornasse o poder ao presidente Bazoum. Os responsáveis pela ação foram alvos de sanções da entidade regional.