Saúde
Síndrome de Behçet: Veja os sintomas dessa doença quase desconhecida
A doença de Behçet é pouco conhecida e pode gerar consequências graves no organismo
Doença de Behçet
A síndrome de Behçet, ou doença de Behçet, é uma doença rara, inflamatória crônica e autoimune, que surge inicialmente com aftas e úlceras recorrentes na boca e partes genitais, causando muito incômodo.
A doença foi descrita pela primeira vez pelo dermatologista turco Hulusi Behçet, em 1937, mas a ciência ainda sabe pouco sobre ela.
E, por ser largamente desconhecida, mesmo dos profissionais de saúde, muitas vezes a pessoa não dá atenção aos sintomas, que podem se agravar e atingir artérias, articulações, sistema neurológico e os olhos.
“Dor e inflamação nas articulações, lesões de pele que podem ser semelhantes a acne e também envolvimento dos olhos, inflamação dos vasos sanguíneos da retina. Alguns pacientes podem apresentar trombose, podem apresentar aneurismas, podem ter inflamação no intestino e até mesmo inflamação no sistema nervoso.
“Boa parte desses envolvimentos acontece por conta de inflamação dos vasos sanguíneos, que é o que nós chamamos de vasculite. A doença de Behçet tem a peculiaridade de poder inflamar desde vasos sanguíneos muito pequenos até vasos sanguíneos médios e grandes,” explica o reumatologista Rafael Alves Cordeiro, da Faculdade de Medicina da USP.
Sintomas da doença de Behçet
As queixas de doença de Behçet geralmente começam muitos anos antes do diagnóstico, comumente envolvendo aftas muito dolorosas. Como as aftas podem aparecer em outras doenças, como AIDS, lúpus e doença de Crohn, é importante a investigação. A doença vai ficando cada vez mais fraca com o passar das décadas.
O aparecimento de úlceras acomete cerca de 80% dos pacientes. Já as manifestações oculares atingem cerca de 50% dos quadros. O diagnóstico de doença de Behçet é clínico, baseado nas manifestações apresentadas pelo paciente, ou seja, não há exame de laboratório que determine o diagnóstico.
A causa da doença é desconhecida e afeta diretamente o sistema imunológico, daí sua caracterização como doença autoimune. Na maioria das vezes, o reumatologista necessita do auxílio do oftalmologista para saber se há inflamação no olho e qual estrutura está comprometida.
Evolução da doença
Homens jovens, entre 20 e 40 anos, apresentam uma evolução pior da doença do que as mulheres, que têm um quadro mais leve. Já em crianças os casos são raros.
A doença de Behçet é bastante comum em países que fazem parte da antiga Rota da Seda, que se estende da Ásia ao Mediterrâneo, afetando principalmente gregos, turcos, árabes e israelenses, além de coreanos, chineses e japoneses. Mas atualmente, todos os continentes têm casos da doença, inclusive o Brasil.
Não há cura, mas existe tratamento.
“Nós não falamos exatamente em cura para a doença de Behçet. O que nós sabemos é que a doença tende a ficar mais leve com o passar das décadas e muitos pacientes podem ficar assintomáticos conforme envelhecem. O tratamento tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida e também de impedir o acúmulo de danos que a doença pode provocar. Em casos mais graves, nós temos como usar medicações imunossupressoras, que são medicações que bloqueiam inflamações provocadas pelo sistema imunológico, com o objetivo não só de controlar a doença, mas também de diminuir as recaídas que a doença pode provocar,” explicou o Dr. Rafael.