Saúde
Células da retina cultivadas podem ajudar a tratar a cegueira
O suporte 3D permite que as células cresçam nas mesmas condições que no corpo, aumentando drasticamente sua viabilidade
Células epiteliais pigmentares da retina
Uma técnica que usa a nanotecnologia para criar um andaime 3D para servir de suporte para o cultivo de células da retina pode ser a ferramenta que faltava para desenvolver novos tratamentos para uma causa comum de cegueira.
As chamadas células epiteliais pigmentares da retina (EPR) situam-se fora da parte neural da retina e, quando danificados, podem causar a deterioração da visão. É o que ocorre, por exemplo, na degeneração macular relacionada à idade.
Uma das opções terapêuticas mais promissoras para o tratamento eficaz de condições de visão como esta consiste na substituição das células EPR. Ainda estão sendo desenvolvidas maneiras eficientes de transplantar essas células para o olho, mas todas precisam de células saudáveis e viáveis por longos períodos, para que o implante dê certo.
É aí que entra o novo suporte criado pela equipe, que garantiu células EPR saudáveis e viáveis por até cinco meses (150 dias).
Quando o andaime, fabricado por eletrofiação, é tratado com um esteroide chamado acetonido de fluocinolona, que protege contra a inflamação, as células ficam mais resilientes e crescem melhor. Isto é essencial para o desenvolvimento e transplante desse tecido ocular no olho do paciente.
“No passado, os cientistas cultivavam células em uma superfície plana, o que não é biologicamente relevante. Usando essas novas técnicas, a linha celular demonstrou prosperar no ambiente 3D fornecido pelos andaimes. Este sistema apresenta grande potencial de desenvolvimento como substituto da membrana de Bruch [que serve de suporte para as EPRs no olho], fornecendo um suporte sintético, não tóxico e bioestável para o transplante de células epiteliais pigmentares da retina.
“Alterações patológicas nesta membrana foram identificadas como causa de doenças oculares, como degeneração macular relacionada à idade, tornando este um avanço emocionante que poderá potencialmente ajudar milhões de pessoas em todo o mundo,” disse a professora Barbara Pierscionek, da Universidade Anglia Ruskin (Reino Unido).