Internacional
“ONU é vítima de desinformação”, avalia jornalista chinês
Correspondente do China Media Group na sede da ONU desde 2019, Dezhi Xu, falou à ONU News sobre informações falsas que circulam nas redes sociais sobre as Nações Unidas; ele sugere cautela ao avaliar se um conteúdo tem dados verdadeiros
O jornalista chinês Dezhi Xu, correspondente do China Media Group na sede da ONU desde 2019, avalia que a ONU é vítima da desinformação e o discurso de ódio no espaço digital.
Ele destaca que nas plataformas digitais chinesas, a disseminação de mentiras, inclusive sobre as Nações Unidas, é principalmente “impulsionada pela emoção”.
Informação falsa e o discurso de ódio são problemas destacados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em seu relatório “Nossa Agenda Comum”
Missões de paz são alvo de “fake news”
A informação falsa e o discurso de ódio são problemas destacados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em seu relatório “Nossa Agenda Comum”.
No texto, ele faz um apelo para que o “grave dano global” causado pela proliferação de ódio e mentiras online seja debatido. Segundo Guterres, até mesmo missões de paz da ONU e operações de ajuda humanitária são alvos destas informações.
No final de 2021, a China, a segunda maior economia do mundo, contava com mais de 1 bilhão de internautas, sendo uma das comunidades mais dinâmicas da Internet, mas também abrigando rumores e mentiras generalizados.
O correspondente Dezhi Xu afirmou à ONU News que observou ondas de desinformação contra a ONU chamaram sua atenção desde março.
Checagem de informações
Em 5 de abril, Xu questionou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, sobre uma notícia falsa que alegava que a Rússia, que ocupava a presidência rotativa do Conselho de Segurança, “começou a investigar o secretário-geral”.
Dujarric respondeu que a matéria inventada seria “um exemplo perfeito da desinformação desenfreada que todos vemos com muita frequência nas redes sociais”.
Também baseado na presidência da Rússia em abril, outro título foi conquistado depois que o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, se reuniu com o secretário-geral em Nova Iorque, afirmando que o país “pediu para pagar as contribuições ao orçamento regular da ONU em yuan chinês”.
Ele questionou o conteúdo por observar que não traziam nada sobre o orçamento das Nações Unidas e lembrou que, sem aprovação da Assembleia Geral, as contribuições devem ser pagas em dólares americanos. Por fim, a Rússia já havia pagado integralmente a contribuição anual.
Vendo uma onda após a outra de notícias falsas, Xu atribuiu as invenções primeiro às altas expectativas das pessoas em relação à ONU para enfrentar os principais desafios em todo o mundo.
Discurso de ódio e ameaças acontecem online e nas redes sociais
Redes sociais
O relatório do secretário-geral também aponta que as plataformas digitais devem ser atores integrais na defesa da “integridade da informação” e cita os grandes nomes do cenário das mídias sociais, como Facebook, Youtube e Instagram, como bem como alguns concorrentes notáveis da China.
Desde o lançamento do Sina Weibo em 2009, também conhecido como Twitter chinês, ‘We Media’ ou ‘Self Media’, um setor que se expande em diferentes plataformas digitais com provedores de conteúdo individuais se tornou um fenômeno.
Estima-se que cerca de 9,7 milhões de pessoas na China trabalhem nesta área, sendo a maioria freelancers.
De acordo com os dados oficiais mais recentes, o vídeo curto, um dos pilares de crescimento mais rápido em ‘We Media’, conquistou mais de 1 bilhão de espectadores na China até dezembro de 2022.
“É de onde vêm as notícias falsas que visam a ONU”, observou o jornalista Dezhi Xu.
Novas abordagens
Depois de muitos esforços em vão, Xu está adotando novas abordagens.
Ele tentou esclarecer mostrando fatos e números em suas contas de mídia social, como criar um vídeo explicativo de oito minutos sobre a Iniciativa do Mar Negro mediada pela ONU. Alguns primeiros sinais positivos começaram a aparecer.
Ele concorda com as recomendações da ONU, incluindo o fortalecimento dos esforços legislativos e a autorregulação das plataformas digitais.
O jornalista chinês também acredita que é necessário melhorar a literacia digital dos utilizadores.
Avaliando conteúdo online
Falando de sua própria experiência na Síria durante uma cobertura de três anos de guerra, Xu enfatizou a importância de ser cauteloso quando as mensagens sobre o mesmo assunto, mas vindas de diferentes fontes, não estavam alinhadas.
Ele afirma que avaliava as mensagens do governo, da oposição, dos curdos e do Daesh para encontrar informações sobrepostas, como se buscasse o “o máximo divisor comum”.
Ao apelar para o retorno ao bom senso, Xu destaca: “Sempre que um título de cair o queixo aparecer online, sugiro manter a calma e pensar com raciocínio, em vez de reagir”.
Para ele, somente assim é possível ver pontos enganosos e fazer a verificação cruzada de diversas fontes de informação.