Internacional
Escassez generalizada de alimentos ameaça milhões de pessoas na RD Congo
Confrontos armados e violência interrompem atividades agrícolas, aumentando a insegurança alimentar; Programa Mundial de Alimentos levou assistência a mais de 1,2 milhão de pessoas em julho, mas enfrenta falta de financiamento; apenas 22% dos recursos necessários foram garantidos
A instabilidade política e os conflitos na República Democrática do Congo, RD Congo, debilitaram os sistemas de produção e distribuição alimentar. A afirmação é do diretor nacional do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Peter Musoko.
Falando a jornalistas de Kinshasa, capital da RD Congo, ele enfatizou que 1,5 milhão de pessoas enfrentam “níveis emergenciais de insegurança alimentar nas províncias de Ituri, Kivu do Norte e do Sul”, localizadas no leste do país.
Enorme crise alimentar
Musoko afirmou que “agricultores nessa região estão enfrentando constantes ameaças de violência”, o que está levando o país a uma “enorme crise alimentar”.
Os principais motivos são o deslocamento de pessoas, a destruição da infraestrutura e a interrupção das atividades agrícolas. Segundo ele, a combinação desses fatores está levando “à escassez generalizada de alimentos” e ao aumento da vulnerabilidade à fome.
Cerca de 6,3 milhões de pessoas estão deslocadas internamente no país. Desse total, aproximadamente 6 milhões vivem nas três províncias orientais.
De acordo com Musoko, o conflito no leste da RD Congo é uma crise que causa impactos na insegurança alimentar, na desnutrição, na saúde, na educação, no acesso à água potável e ao abrigo.
Francine e seus três filhos foram forçados a deixar sua aldeia devido ao conflito implacável no leste da RD Congo. Eles agora recebem apoio do PMA em um campo para deslocados em Kivu do Norte.
Falta de financiamento
A desnutrição afeta 4,4 milhões de pessoas, enquanto a falta de acesso a serviços essenciais piorou a proteção de civis e potencializou a violência de gênero.
O diretor nacional do PMA lamenta que, apesar de ter ajudado cerca de 1,2 milhão de pessoas em julho, a agência recebeu financiamento limitado.
Cerca de 78% dos recursos necessários para os próximos seis meses ainda não foram recebidos. Na prática, o PMA precisa de US$ 728 milhões, mas a lacuna de financiamento para atuar na região leste é de US$ 567 milhões.
Musoko afirmou que “o custo da falta de ação tem consequências incalculáveis para as pessoas.” Ele disse que a RD Congo precisa de atenção e apoio imediatos “para evitar uma catástrofe humanitária.”
O diretor nacional do PMA pediu a “atenção imediata” de governos, doadores e parceiros humanitários para este momento de necessidade em território.